29.7.07

coleira




Cão Sem Dono é um filme desnorteante. Porque escancara um naturalismo raro. Muito raro. Porque não corta. Porque possui uma coerência e uma expansão narrativa certeiras. Porque encontra em Júlio Andrade um protagonista a altura de sua simplicidade. Porque encena diálogos de uma verdade encantadora e sufocante. Porque aponta a capacidade e a disposição de Beto Brant em arriscar-se e demonstra saudável a abertura para a parceria com Renato Ciasca.

Porque é capaz de utilizar recursos de desprendimento - despir-se, enfim. E faz isso sem perder o equilíbrio, o senso estético ou a racionalidade. Porque encontra em Marcos Contreras e Janaina Kasmer os melhores coadjuvantes e uma das melhores cenas de nosso cinema recente. Porque une ética e estética em um projeto afinado. Porque acredita em si mesmo até o final. Porque é um belíssimo filme.

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