27.5.12

para marcar na agenda...

... porque pode mudar sua vida.


no Rio de Janeiro (27 e 28/06):



em São Paulo (30/06 e 01/07):

26.5.12

o inexcedível


A luz em Gal Costa em Da Maior Importância e as mãos de Caetano Veloso tocando todos os lugares certos.

Tudo doendo dentro e fora de Gal Costa (viver é um desastre que sucede a alguns).

Recanto Escuro e a por onde passeia a beleza absoluta.

O corpo de Gal Costa em Divino Maravilhoso e o tremor das sensações mais recônditas - e tão solares.

A voz de Gal Costa em Autotune Autoerótico. A voz de Gal Costa em Autotune Autoerótico.  A voz de Gal Costa em Autotune Autoerótico.

A canção Neguinho.

A guitarra de Pedro Baby em Vapor Barato e até onde chega o estupor.

Gal Costa sendo o Tim Maia que Tiago Abravanel nenhum jamais poderá ser em Um Dia de Domingo.

Mansidão.

A força estranha de tantas coisas tamanhas.

O inexcedível de Gal Costa no show Recanto. E hoje. E o tempo histórico colidindo com o imensurável tempo sentimental. O mundo de dentro da gente maior do que o mundo de fora da gente.

E a certeza plena de que a humanidade pode se dividir entre os que percebem o que Recanto (esse disco, esse show, isso tudo) faz por nós. E os que não percebem.





15.5.12

a play a day


HOJE:


After the Fall, de Arthur Miller.




a play a day


ONTEM:


Bug, de Tracy Letts





a play a day


ANTEONTEM:


Incendies, de Wajdi Mouawad.




4.5.12

notas teatrais (muito) atrasadas


Existe, no teatro, essa mágica elementar que é a presença.

Que é simples como o fenômeno físico e prosaico de haver um ator na sua frente. E ele abrir a boca e falar.

Mas que, em sua magnitude, quase desnecessário dizer, só se realiza raramente. 





Daniel Radcliffe em How To Succeed In Business Without Really Trying, na Broadway, era uma robusta presença - a despeito de sua diminuta estatura. Depia-se de Harry Potter e, quem diria, mostrava que nasceu para o teatro musical. Em uma engrenagem azeitada para o entretenimento funcionar com um preciso relógio, era ele o motor que puxava o show. O canto e a dança resplandeciam, funcionais e graciosos, mas era no tempo e num abarcador carisma que o garoto comandava o palco.

Não sozinho, é claro, porque John Larroquette, que lá garantiu seu Tony de ator coadjuvante, era um voraz disparador de 'one-liners'. 

Justo dizer, o texto e as canções são daquele tipo que justificam mesmo a existência do teatro musical, naquilo que possui de mais inconsequentemente divertido, catártico e contagiante - talvez até mordaz e esperto. 

Sem pudores, um programão.




É também na presença que Stockard Channing reluz, na intrigante, sólida, mas sentimentalmente auto-indulgente Other Desert Cities, uma peça na melhor tradição nova yorquina das 'revelações e conflitos na sala de estar'.

Destaque de um elenco forte e incrivelmente 'colaborativo', na medida em que uma atuação claramente impulsiona os bons momentos das demais, Channing é a pedra preciosa que transforma cada uma de suas intervenções em erupções deliciosas de humor, amargura e inteligência.






Já no Tchekhov que a Classic Stage Company punha de pé em seu diminuto e aconchegante palco, Dianne Wiest e John Turturro, redefiniam, a seu modo, O Jardim das Cerejeiras.



Sem perder o rigor e a nobreza que, sendo parte do que de melhor em teatro já foi escrito, a peça possui, o despojamento da montagem de Andrei Belgrader alcançava a simples e árdua tarefa da absoluta aproximação.



E não se trata só de suprimir pompa, ou tons elevados de teatralidade. Trata-se (tratava-se) de dizer as palavras com a qualidade e a simplicidade que elas tem - e, assim, incitar gigantescos e inesgotáveis significados.


Os atores orquestrados em atuações de um realismo pleno e, diga-se, 'minimalista', existiam com a mesma naturalidade com que provavelmente conversavam no camarim ou sairiam para jantar após a sessão.

E, o mais importante, sem desperdiçar o texto tchekhoviano. Pelo contrário, dando a ele o passo de algo tão essencial quanto trágico - a vida desenrolando-se.

Neste tocante, Dianne Wiest,  fazendo sua primeira entrada e última saída, ao enxergar sua velha casa, e John Turturro, dançando movimentos de patética e indisfarçavel felicidade ao arrematar o leilão, são imagens eternas.

Que se não chegam a redefinir por completo as personagens, as inflam com o mais tocante e exasperante sopro de vida. Pela forma como são, mas muito por como estão - por suas assombrosas presenças, enfim.



Sobre isso tudo, um exemplo (e explicação não textual) vertiginoso pode ser visto abaixo, a partir dos 06:36, em Andrea (sempre ela):


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Na Madama Butterfly que Anthony Minghella, pouco antes de morrer, encenou para o Metropolitan Opera, estavam todas as delicadezas perdidas do mundo (e da ópera).



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War Horse, que causa sensação nas plateias, sofre como teatro tanto quanto brilha em 'puppetry'. 

É um melodrama bem difícil - e não no bom sentido.



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Cymbeline, elogiadíssima montagem off-Broadway que se hospedava no peculiar Barrow Theater, é bacaninha, enérgica, admirável em dar conta de um texto shakespeariano tido como 'confuso' e quase 'inencenável'.

Mas é também o 'produto de qualidade' sintomático de uma crítica que não parece ver coisas realmente muito inventivas, temporada após temporada.

(Operando em chave bem semelhante, o nosso O Púlcaro Búlgaro, por exemplo, dá um pau.)

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Follies era o triunfo de Jan Maxwell (não à toa ela está, agora, indicada ao Tony) e de um inacreditável elenco de 'senhoras' coadjuvantes. 

E  do score espantoso de Sondheim.

(E alguém pode dizer a Bernadette Peters que já passa na hora de ela parar de choramingar enquanto fala.)


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Seminar possuía o prazer de ver Alan Rickman e Lily Rabe (eis, de novo, duas respeitáveis presenças) duelando ferozmente - ela que continua sendo uma impressionante encarnação mais jovem de Laura Linney.

Mas nenhum comentário pode ser melhor do que esse, do NY Times, que basicamente resume tudo:

Full of efficiently mapped reversals and revelations, the play feels as if it were written according to some literary equivalent of a mileage-saving GPS device.

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E assim foi dezembro.