31.1.09

arroz

quem não esteve agora há pouco na apresentação que Damien Rice fez naquela casa de espetáculos de Moema com nome de banco perdeu um enorme, um tremendo show. um verdadeiro acontecimento.

e tanto melhor porque expectativa nenhuma faria supor a efusividade que, sozinho com seu violão, Damien seria capaz de expor e provocar. que seu one-man-show seria tão impecável, sua voz tão ampla e que suas belas, arrebatadoras e delicadas canções seriam tão incendiárias ao vivo quanto já pareciam em disco, mas com o acréscimo insubstituível da tal união dos corpos.

que se parece (e é) um velho clichê dizer que o homem vale por uma orquestra inteira, quem suporia que o irlandês franzino que entrou no palco mudo e inundou de música o salão de uma histérica platéia ganha a priori, seria ele também um contador de histórias e um piadista de carisma explosivo. e, evidentemente, um músico capaz de entortar o mais alheio dos humores.

sem dizer que nada podia preparar a platéia para lances como mandar apagar todas as luzes da casa para apresentar determinada música, cantar no microfone do violão em outra, convidar quem quisesse subir ao palco (e, acredite, subiu MUITA gente) para cantar com ele e, no que talvez tenha sido o mais surpreendentemente simples recurso da noite, mandar desligar todos os microfones, vir à boca de cena e fazer os espectadores calarmos sem querer querendo para ouvir atentos um de seus maiores sucessos, a irresistível Cannonball.

depois do desarmado e sincero “it’s been amazing, thank you very much” (e não há como negar que tinha sido mesmo) o bis era quase desnecessário. mas trouxe Max de Castro ao palco para Desafinado, deu ao público a inevitável The Blower’s Daughter e fez Damien criar uma grande e espontaneamente roteirizada cena de bebedeira (mais uma vez chamando gente ao palco) para terminar tudo com Cheers Darlin'.

quem foi essa noite à casa de espetáculos com nome de banco saiu de lá feliz. e sentindo muito por quem não pôde estar presente.





Damien Rice e seu coral no palco do Citibank Hall




PS:
e acredite se quiser, mas a usual e horripilante disposição da platéia em mesas estava eficazmente substituída por filas simples e louváveis de cadeiras.

27.1.09

the sopranos

a notícia é velha, mas ainda vale o comentário.

se alguém aí duvida que a Máfia (essa com letra maiúscula, no sentido mais amplo e institucional do termo) ainda existe e atua, é só lembrar de Harvey Weinstein.

porque não é brincadeira o homem ter tirado Batman da disputa do Oscar e conseguido colocar The Reader - que ninguém precisa exatamente ter visto para saber que não é um filme bom.

(e a inclusão ou não, aqui, de Batman não é discutida em termos de merecimento, mas de favoritismo).

preguiça de Heath Ledger ser favorito em ator coadjuvante, porque desde Brokeback Mountain ele faz caretas muito bem, fingindo profundidade. mas orgulho de ver Robert Downey Jr. ali, por um papel tão agressivamente bom em um filme tão irresponsavelmente divertido quanto Trovão Tropical.

agora, será que ninguém percebe que a verdadeira alma de O Curioso Caso de Benjamin Botão, aquilo que dá sustentação, eixo e equilíbrio ao filme, que irradia força e verdade para sua trama ampla e dispersa, que é capaz da emoção (ainda que consideravelmente piegas mas nem por isso menos emocionante), é CATE BLANCHETT??



mas ficamos felizes que pelo menos Taraji P. Henson tenha garantido seu lugar.

15.1.09

dias de Paris - 3

daí o 3º dia de Paris é o final.

faço check-out para encontrar Thereza já sentada na escada de meu hotel, aguardando-me. damos uma olhada na compra de uns últimos dvds e vamos almoçar em St Germain.

de lá, já andamos de volta ao hotel, atravessando o rio uma última vez e achando que essa cidade... enfim, é essa cidade!

cada um para seu lado: Thereza para Londres, eu para (tentar) voltar a SP.

vôos cancelados, horas e horas de atrasos e filas. a viagem de volta foi tão infernal que não merece relato.

e daí acabou.

bora falar de cinema, de novo?

(afinal, esse blog ainda não teve a dignidade de fazer sua lista de melhores do ano...)


pela atenção, obrigado.

14.1.09

dias de Paris - 2

o acordar não é propriamente cedo. na hora do almoço, encontro Thereza para comermos defronte à Commedie Française (pensando em Um Lugar Na Platéia). em seguida, caminhamos pela St Honoré para comer doces em templos do chocolate gastronômico (não à toa nem injustificadamente, o subtítulo que a confeitaria levava era “poesia e chocolate”).

depois da loja trendy, o sol incide na Place Vendôme de forma precisa e de arrombar a retina de quem vê.

mas fica ainda melhor no Jardin de Tuleries, de novo ele, coberto por neve e com lagos congelados (sobre o qual andamos). o sol fica laranja e o Jardim rosa (e o céu qualquer coisa entre os dois).

Paris é injusto, diz Thereza. um momento a se reter.

oriundos da poesia sem tempo, encontramos o trânsito da Concorde, sob os últimos raios do sol quase vermelho. vamos ao cinema, porque Two Lovers nos aguarda, afinal - e não nos decepciona nem um milímetro, nos surpreendendo e dando assunto para outras longas caminhadas.

só nós não entendêramos que hoje, sábado, Pina não se apresentava, o que nos fez encontrar o Theatre de Ville desoladamente vazio.

ao lado, o Café Sarah Bernhardt nos acolhe para o jantar.

Gabriela, que estava em Berlim e que agora está em Paris, como eu, junta-se a nós e desviamos do Marais para um futuro incerto de encontro com Natalia e outros, em St Germain. esse encontro não se concretiza lá, onde ficamos por um tempo em um grande sebo. mas nos leva caminhando de volta para ainda alem do Marais, onde chegamos após três horas do início da jornada pós-jantar - e inevitavelmente cansados.

a meta é uma balada chamada Alimentacion Generale, onde um clima meio Vila Madalena impera e franceses se remexem muito ao som de ritmos predominantemente latinos (incluindo um certo samba). ou isso é o que nos é dado ver no pouco tempo em que ficamos por lá, já que, aqui também, fecha-se frustrantemente cedo (em pleno sábado).

alguns quarteirões pelo entorno só faz o momento passar de vez e o cansaço de longuíssimas caminhadas ganhar corpo, literalmente. eu e Thereza despedimo-nos dos demais depois de um crepe e lutamos por um táxi (conseguindo-o não sem certa dificuldade) que nos leve de volta ao hotel.

dias de Paris - 1

Pirâmide do Louvre pela manhã e aceitar ser turista com Mayara, Franck e Camila, que, sim, ressurgiram uma vez mais!

antes, escuto Beirut e a trilha de Canções de Amor (tomando a liberdade de juntar As-Tu Déjà Aimé? com O Homem Velho, já que, não parece, mas são primas distantes) e o Jardin de Tuileries fabrica 35 filmes na minha cabeça, cenas lindas e histórias que alimentam a alma e jamais existirão de fato (porque já existem em pensamento ou porque nunca existiram mesmo).

andamos até a Notre Dame, atravessando a Pont Neuf. faz sol em Paris e Paris é sempre inacreditável. vamos até o Jardin de Luxembourg e de lá tomamos o trem até a Torre, onde não subimos mas pela qual atravessamos o rio em busca do ângulo mais fotograficamente clássico.

pelo rio e pela George V até a Champs Elysées, onde almoçamos.

fotos no Arco e, a essas alturas, é quase fim de tarde e Thereza chegou finalmente, para semi-descrença geral.

volto ao hotel para encontrá-la e me despeço do trio sem saber que já não mais nos encontraríamos em Paris.

Thereza, enfim. a pessoa-começo da viagem toda, mas que só agora chega, no fim. Thereza e eu temos, portanto, muita conversa para pôr em dia, mas muita mesmo.

faz frio, o sol vai embora, mas andamos pelo Palais Royal, pelos entornos da Opéra, Place Vendôme, Place de la Concorde e toda a Champs Elysées, sem parar. Ethan Hawke e Julie Delpy não são páreo para nós.

paramos na Virgin e na Fnac, cheias e cheias de promoções. compramos Pariscope e, sentados diante de um capuccino de preço exorbitante (e minha avó diria, com toda e absoluta razão, que se está pagando pelo local, por sentar-se defronte da Champs Elysées, ver as pessoas, estar aquecido, enfim – o café é o de menos) nos maravilhamos com a programação de cinema de Paris. relembramos, entusiasmados, Mostras, diretores e quase que a história do cinema ali naquele guia de programação.

constatamos, por fim, que não há mais tempo para tentar ingressos de Pina Bausch – tarefa que deixamos para o dia seguinte.

então metrô para o hotel e já são 22h. meia hora para troca de roupa e caminhamos nossas pernas fora em direção ao Marais. comemos em um mais do que agradável café, falando sobre a vida e suas paixões. sentamos no bar La Perle para uma cerveja, que é tudo que conseguimos antes de fecharem o bar e nos expulsarem, minutos antes da 1h.

todo o entorno parece querer fechar também, junto com o metrô, então caminhamos a St Michel, onde tomamos outra(s) cerveja(s) em outro bar, infinitamente menos charmoso.

voltamos mais uma vez caminhando e morrendo de frio na madrugada de Paris.

dias de Berlim - 10

a perspectiva de ir embora de Berlim já parece desoladora. mas é momento de pôr ordem nas malas, enfrentar a ressaca e fazer check-out.

deixo o metrô de lado e ando, querendo ver os prédios, as ruas e as pessoas, uma vez mais. o frio já nem parece tão cruel ou então meu casaco novo me faz bem.

quase 3 km me levam ao Zur Ietzen Instanz, o restaurante mais antigo de Berlim, onde encontro Flávia para a última de nossas refeições típicas. o lugar está lá desde 1621. você aí consegue conceber um restaurante que está lá desde 1621?? nem eu.

mas ele está. e serve tradicionais pratos de porco, batata e repolho, porque hoje a brincadeira é comida alemã mesmo (e em porções semi-colossais).

de lá, metrô de volta, porque agora o frio já parece incomodar. paramos em uma loja de souvernirs, porque é inevitável viajar sem fazê-lo.

mais alguns quarteirões pela Friedrichstrasse levam à esquina onde me separo de Flávia, grande companheira de viagem e de vida, minha família, ex-vizinha que agora fica.


(lá na nossa cidade, as festas na minha casa, os cafés, bares, baladas, restaurantes bons e típicos em almoços de final de semana, a sobremesa de banana do Gopala, a Mostra e os shows, a Paulista e a Augusta, as risadas, as conversas sobre literatura e as danças na Loca, tudo vai ser mais triste sem você.

mas você vai ser feliz pra caralho, né, Flavinha? e se você por acaso não for, promete que volta correndo! porque longe é só um lugar aonde a gente nunca vai e o destino talvez seja mesmo aquilo que sai de você e enfrenta o mundo.

a gente chora na esquina gelada, com o coração sangrando, mas olha que cidade fantástica você escolheu pra você! o metrô nem tem catracas...

e a nossa ponte aérea Berlim-SP vai ser tão curta...

eu agora choro feito uma criança boba, usando aquele meu chapéu novo que compramos juntos, aqui nesse aeroporto, já morrendo de saudade. mas com a violenta certeza de que tudo vai dar certo. e está apenas começando.

the world is our dance floor now... e Berlim o seu palquinho.)



em seguida, Checkpoint Charlie com o coração apertado (alo, Dani, deixa a Flávia sozinha em Berlim pra ver o quão apertado pode mesmo ficar), hotel e aeroporto, de táxi, porque quem quer arrastar mala na neve??!

entro no avião justamente e ainda pisando em neve e com as pessoas provavelmente pensando que sou francês, já que o vôo é pra Paris e eu estou de chapéu e olhar triste.

o saldo das 25 Coisas a Não Se Perder em Berlim foi ter feito/visto/experimentado 18. João Vitor acha que eu fiz o melhor.

vou embora mais do que satisfeito. foram quase 10 dias inteiros aqui, como tinha sido o combinado lááá no início, lembra Thereza? (e que falta que Berlim sentiu de você!). vir e ficar, viver a cidade.

a cidade respira e circula, não oprime. é nova e velha, feita para as pessoas. fiz turismo, saí à noite e também fiquei sem fazer nada em Berlim. vou querendo ficar e querendo voltar. querendo passear no parque na primavera e andar de bicicleta.

apesar de todas os avisos, a verdade é que eu não achei que fosse me sentir tão à vontade em Berlim (quintal sem muros, né, Clara?).

*

chegar em Paris cansado e não fazer mais do que um reconhecimento dos arredores (Opera e adjacências). descobrir que há Two Lovers em cartaz – e está aí um filme que temos que ver.

Thereza, presa em uma greve italiana, não embarca e não chega.

dias de Berlim - 9

pela manhã, Mayara, Franck e Camila reaparecem. mas logo seguimos rumos distintos, já que eles têm somente aquele dia para ver Berlim, prometendo-nos um encontro mais tarde.

na Gemäldegalerie, encontro Gabi (o pé mais uma vez retém Flávia). e especificamente porque Arrigo e Tati abominam ler o que eu tenho a dizer sobre museus, Gemäldegalerie volta no fim do post.

depois da visita, Gabi volta para casa e eu vou finalmente ao Museu do Filme, que é superficial mas bem cenografado, alem de ter algumas coisas realmente interessantes, como as maquetes dos estúdios de produção de obras clássicas, feito O Gabinete do Dr Caligari.

toda a parte da exposição que cobre dos anos 50 em diante, no entanto, está sendo reformulada, o que faz manca minha visita.

vou ao Parlamento, para a última tentativa. entro. o sol se põe laranja. mas a subida que contorna a cúpula em si está fechada, possivelmente pela neve. é possível estar apenas na base dela.

saio andando pela Unter e encontro, sem querer, com o trio do início do dia (e, aqui, já haviam se passado muitas horas). revejo com eles o Memorial ao Judeus Assassinados, onde brincamos de O Iluminado (insira aqui seu protesto contra a falta de ética e respeito do gesto, mas, veja, moral e eticamente nossa brincadeira não continha ofensa, juro).

pegamos o metrô para encontrar Flávia na KadeWe, a maior loja de departamentos da Europa, segundo consta. no in-des-cri-tível piso gastronômico, ela aparece acompanhada de João Vitor e Denis, berlinenses retornando do fim de ano na Espanha.

como algo por lá, passo rápido mas com admiração consumista pelos outros andares da loja e vamos a Nollendorfplatz, sentar em um bar (que acaba sendo mais um restaurante, indiano, onde comidas flamejantes passam por nós).

depois de algum tempo, o trio de Mayara tem um trem a pegar e nós vamos para a vizinhança do outro trio, o berlinense, onde sentamos em um agora sim legítimo bar.

muita cerveja em canecas de 0,5 l, kekab de novo (dessa vez no pão bom e sem pimenta) para recompor energias e táxi para o hotel, porque não é todo dia que o metrô de Berlim funciona 24 horas.

*

A Gemäldegalerie é um muito bem instalado museu de vasta coleção de pintura européia dos séc. XII a XVIII, com destaque para as obras holandesas, flamencas e italianas. um amplo hall retangular central interliga as muitas salas, dando a sensação de amplitude e possibilitando uma fluente circulação e vasta entrada de luz natural.

mais do que nunca, aqui, é preciso ir ao essencial.

A Fonte de Juventude
, de Lucas Cranach é uma estimulante provocação narrativa, cena épica que contrasta, por exemplo, com o caráter íntimo e subjetivo, mas nem por isso menos estimulante, do retrato O Mercador Georg Gisze, de Hans Hobbein, cena de um homem definido com desconcertante pertinência por seu entorno.

O Apocalipse e seu poder sugestivo estão aqui também (como já estiveram no Prado, como estão também centenas de representações bíblicas nas pinturas dos séculos XV e XVI) no Tríptico do Julgamento Final, de Jean Bellegambe.

Pieter Bruegel faz um embasbacante painel em Os Provérbios Holandeses, ilustração de mais de 100 provérbios, com dezenas de pequenas cenas independentes co-existindo e em certa medida inter relacionando-se num mesmo espaço. Robert Altman dá saudade e agradecemos por Eric Rohmer ainda existir, mesmo que não mais fazendo Comedias e Provérbios.

Pieter Aertsen faz a representação da festa dos sentidos em Vendedora na Banca de Verduras.

A luz de Rubens hipnotiza em Os Caçadores de Patos e a poesia de seu retrato brilha em Criança Com Pássaro.

a influência de Caravaggio chega com grande poder pictórico e dramático em A Libertação de Pedro, de Gerard van Honthorst, e no Cristo no Monte das Oliveiras, de Matteus Stom, essa última uma cena de equilibradíssima proporções geométricas, arquitetura do pincel preenchendo espaço.

a loucura aparece forte em Malle Babbe, de Frans Hals. já a tridimensionalidade desnorteia em Visão do Ambulatório de St Bravo em Harlem, de Pieter Jansz Saenredam.

eis que temos o retorno de Rembrandt (lembra dele?). aqui, entre muitas maravilhas, o movimento físico-espacial e psicológico de O Pastor Anslo e Sua Esposa é o mais impressionante.

mas quase todas as belezas parecem menores quando chega Vermeer, aqui representado por O Copo de Vinho. não deve haver, mesmo, no mundo, nuances de luz como essas.

da Itália, Fra Angélico traz mais um deslumbrante e dourado Julgamento Final - em termos de temas, só Vênus e Cupido talvez sejam páreo em número de obras em que aparecem. e justamente ela impressiona em Vênus e o Tocador de Órgão, de Tiziano, de quem também chama atenção o Retrato de Clarissa Strozzi Aos Dois Anos.

Tintoretto faz lembrar o luminoso Woody Allen de Todos Dizem Eu Te Amo, mas é também pintor de um intenso Maria Com A Criança, Venerada Por Dois Evangelistas.

e ai há Caravaggio. o seu Cupido Vitorioso posiciona o Amor triunfando sobre a Arte, a Fama, o Poder e a Ciência (amor vincit omnia, segundo Virgílio). um cupido insolentemente nu, libertário e quiçá libertino, toma o centro da cena com tanta propriedade e verdade cênica que discordar quem há de?

na mesma sala, Georges de La Tour, que ninguém discorda ser fabuloso, ainda tenta sua sorte. mas definitivamente ninguém pode com a flechada de Caravaggio.

dias de Berlim - 8

encontro ao meio-dia com Flávia e Gabi, na Alexanderplatz. a meta é o passeio pelos bairros de Friedrichshain e Prenzlauer Berg.

mas antes a fome aparece e Flávia rapidamente aponta para uma comida típica (típica de alguma parte do mundo, não da Alemanha, vale reiterar) e uma caminhada nos leva a um restaurante russo.

se até aqui esteve frio, hoje é mais. dedos e ossos paralisam. mas faz sol, não obstante.

o restaurante russo, Pasternak, nos acolhe bem e nos deixa felizes.

Flávia sofre de dores no pé que a levam embora e eu e Gabriela tratamos de cumprir o restante do passeio. pela já fatídica e atraente Kastanienalle, uma longa conversa sobre Ismália, loucura, auto-controle, experiências de vida, movimentos populares e algo de ciências sociais.

já chegávamos à imponente Karl Max Allee, onde mantêm-se prédios da era soviética, incluindo um fascinante cinema, quando o assunto virara um De Frente Com Gabi – Gabriela me entrevistando.

Tudo o Que É Sólido Pode Derreter, linguagem, temas recorrentes, amores e paixões, inspirações e músicas no cardápio das perguntas e estávamos no Café Sibylle, mais uma das tais 25 coisas a não se perder (e ele era de fato atraente e encantador).

(e de repente se descobre que os versos de Futuros Amantes que já há tanto te fascinavam e nos quais só você acha que prestou atenção – alô, alô, Gabriela Ribeiro, alô, Calderoni! – fascinam tantas outras gentes. futuros amantes quiçá se amarão sem saber com o amor que eu um dia deixei pra você, e Chico Buarque materializa o amor em onda espiritual transmissível, mutável e imortal, feito magia que atravessa corpos e não tem dono estável.)

a tentativa de chegar ao Museu do Cinema falha, porque ele já fechara. a Potsdamerplatz, portanto, nos acolhe para uma cerveja (a melhor experimentada na Alemanha), até que chegue a hora de ir ao teatro. lá fora, um tapete vermelho aguarda a chegada de Will Smith, que vem lançar seu Sete Vidas. dentro do restaurante, agora a conversa prossegue acerca da sociabilidade humana, drogas, vícios e prazeres, alem de mais televisão e ciências sociais (será que tudo o que eu gosto é ilegal, é imoral ou engorda?).



Die Dreigroschenoper, ou A Ópera dos Três Vinténs, talvez a peça mais conhecida de Bertolt Brech, a ser vista no Berliner Ensemble, o seu teatro, dirigida por Bob Wilson, que a Wikipedia chamaria de "um dos mais destacados artistas de teatro de vanguarda", em tudo que essa afirmação pode ter de conclusiva e redutora.

muito, muito rigor e uma explosiva plasticidade. em tudo há, ali, unidade e pertinência. Tim Burton encontra o Roy Andersson de Canções do Segundo Andar (sendo que essas são referências posteriores, de espectador, e não necessariamente movedoras da busca estética da encenação).

um espetáculo magistral e inesquecível em sua junção de fatores múltiplos, a saber, aquilo que faz a arte teatral – cenários, figurinos, maquiagem, mise en scène e que atores, meu deus, são esses??!

mas a platéia parece rir pouco. assisto em alemão, evidentemente, e acompanho a peça pelo que sei previamente dela e não numa experiência completamente ao vivo. mas me pergunto: será que algo (ou muito) do aspecto tão abertamente satírico escapa? escapar propriamente é impossível, ou pouco provável, mas quanto dele fica soterrado numa divisão que a formalidade e a perfeição do espetáculo impõe entre palco e platéia (vocês aí assistindo versus nós aqui encenando)? onde está a canalhice cínica que fez Chico Buarque transformar esse texto justamente na Ópera do Malandro?

o envolvimento se dá plenamente pela maneira como se cria um universo e o público é tragado para dentro dele. trata-se de um sofisticadíssimo cabaret, mas que quase sempre lida com espectadores mais do que com seres dialéticos.

e o importante de tudo isso, ainda, é que era o teatro dele e isso sem dúvida faz uma coisa no peito de quem presencia. certamente Brecht estava lá, sentado no lustre.



saindo do teatro, bem vindo à noite mais fria de Berlim. dizem que os termômetros marcaram 17 graus negativos.

6.1.09

dias de Berlim - 7

segunda-feira em Berlim, sem neve. os termômetros continuam baixíssimos, mas é dia de colocar o atraso em dia - acordar cedo e aproveitar o sol para ver a cidade, andando (e nao só de metrô).

encontro Flávia na estacao e caminhamos até Potzdamerplatz, que a essas alturas já é o quintal aqui de casa. paramos para um café da manha e um imprevisto com amigas presas para fora de casa, perdendo trens e tentanto pular a janela do vizinho logo a ausentam brevemente do passeio.

vou sozinho ao Memorial aos Judeus Assassinados da Europa. tao triste quanto impressionante, de gelar o coracao - e nao só porque todos os túmulos estavam cobertos de neve.

continuo pelas margens do parque, pela primeira vez visto com sol (um sol invariavelmente lateral, diga-se). a fila para entrar no Parlamento é, pela segunda vez, grande demais para se enfrentar em temperaturas negativas e sem companhia. deixo para a próxima, com a esperanca de que ela efetivamente venha.

mas vejo o Portal de Brandemburgo e todos os turistas que se amontoam a seus pés para comecarem os walking tours pela cidade. caminho pela Unter den Linden achando-a finalmente deslumbrante. vejo a Bebelplatz e todas as incríveis edificacoes que se amontoam a sua volta e às margens do rio.

atravessando a ponte, entro no Dom, a catedral da cidade. apesar da igreja fechada, foi possível ver sua suntuosidade pelas galerias superiores.

Flávia está quase voltando, mas antes enfrento a fila e subo na Ferhsenturm, a estranhamente bela torre de tv que paira sobre a cidade. lá de cima, Berlim inteira nevada é uma cidade de brinquedo.

Flávia reaparece e nossa meta é conhecer o extremo oriental de Berlim (ou da parte dita central), que ainda nos é estranho. adoramos de cara, primeiro olhando o Volksbuhne de frente, depois andando pela Torstrasse e admirando as lojas e prédios.

vamos até o Wall Memorial, o maior e mais bem preservado trecho do muro ainda de pé. faz frio, mas ele já nao parece tao importante diante de tantas coisas boas.

a casa de Brecht fecha às segundas-feiras, mas a volta do caminho até lá nos levou à Oranienburger Strasse e, sem querer, ao Tacheles, prédio ocupado por artistas que trabalham, expoe e vendem suas artes. uma das 25 coisas para se fazer em Berlim e uma agradável surpresa.

antes, almocamos em um restaurante de Singapura, onde os sabores eram inesquecíveis - porque, sim, uma vez com Flávia, o tour é mesmo necessariamente gastronômico, também.

nos impressionamos passando em frente da Neue Synagoge. Flávia pára para as compras para depois desembocarmos no Hackesche Hofe, espécie de shopping em uma antiga edificacao art deco, cheia de pracas internas.

um café no Starbucks (aqui deve haver mais Starbucks do que em todo os Estados Unidos) para fugir do frio e a meta dos 25 pontos imperdíveis nos leva a uma loja hype chamada Berlinomat, que nao nos impressiona muito.

na volta até o metrô, uma passada rápida por um shopping nos leva a intensas (mais de Flávia do que minhas) compras na H&M, espécie de Zara local (e alo, alo, Ricardo e Cristian, será que é possível comprar roupas em algum lugar do mundo sem esbarrar com o guarda-roupa de vocês?!).

de volta para o apartamento, para sessao internet e um jantar no Kebab vizinho que, meio a contagosto, Flávia e Gabriela me fazem provar - e com o qual correu tudo bem.

a essas alturas, Natalia, Mariana e Clara já se foram. a cidade está mais silenciosa e menos alegre sem elas.

balanceando os tais diferentes modos de viajar, um dia de turismo, em que Berlim diurna mostrou-se ainda mais magnética e vibrante.

dias de Berlim - 6

Foi em 1998 que eu vi La Bohéme no Teatro Municipal de SP. se as contas estao certas, foi a segunda ópera que vi na vida (a primeira foi Othello), mas foi certamente a primeira que incendiou o gosto, que, por assim dizer, despertou o que se pode chamar de magia.

cantavam os papéis do casal principal o tenor Fernando Portari e a soprano Rosana Lamosa, ambos destacados nomes da cena paulistana de entao.

em 2008, vou pela segunda vez à ópera em Berlim, ver La Bohéme. quem canta? Fernando Portari. porque o tempo adora atar lacos.

montagem correta, de cenários grandiosos - ópera clássica em todo o esplendor que se espera delas. ótimos cantores. toda a beleza da música capaz de mover montanhas e coracoes ainda lá, dez anos depois, despertando as mesmas reacoes físicas. um segundo ato coral de grande expressividade cênica.

no intervalo, acabamos sem querer engatando uma conversa com o pai de Fernando Portari, que estava ali aparentemente com toda a família (que sem cerimônima nos apresentou). ao nos despedirmos, prometemos nos encontrar pelas próximas óperas ao redor do mundo.

o dia em Berlim, depois de aproveitar a noite, foi mais ou menos isso, já que se tratava de uma matinê.

saindo do teatro, tentamos ir ao restaurante mais antigo da cidade (de 1621), mas ele estava fechado. entramos em outro, às margens do rio, próximo à Alexanderplatz, e comemos felizes um schnitzel, ainda e sempre na meta do tour gastronômico.

4.1.09

dias de Berlim - 5

existem maneiras e maneiras de se viajar. eu como estou em Berlim por 8 dias, resolvi nao ter neuroses e tentar equilibrar um misto de todas elas.

ou seja, se voce resolveu aproveitar a noite (e clubbing e bares em Berlim é algo altamente recomendado, para onde quer que se olhe), entao voce provavelmente nao vai aproveitar o dia, nao vai ser turista, nao vai estar de manha cedo nos pontos de interesse.

entao eu nao estive. acordei tarde e ate cumprir toda a funcao banho e preparacao para o frio, já era de noite (lembra que em Berlim escurece as 4 da tarde?).

caminhei até o Parlamento. a combinacao neve e frio parecia especialmente insuportavel, de modo que o vento entrava pelo ouvido e fazia doer o cérebro (Flavia em seu retiro doméstico nos informou, depois, que Berlim estava sendo a cidade mais fria da Europa, com termometros atingindo MENOS 11 GRAUS!).

ficar de pé, sozinho, numa fila de 40 min, nessas condicoes, para a visita ao Parlmento, nao pareceu uma grande coisa.

comi algo em Potzdamer Platz e fui investigar o que haveria na Filarmonica nos proximos dias.

fui à casa das meninas, saber se Mariana continuava firme em seu intento de tocar o terror no fim de semana da cidade.

a principio, estávamos todos meio lentos e malemolentes, mas a idéia de Clara de descer ao bar da esquina (onde havia uma atmosfera otima, mas alemaes pouco educados) animou. entao eu e Mariana fomos checar se o Schwuz era mesmo "Aloca de Berlim", como haviam garantido diferentes fontes.

O Schwuz é EXATAMENTE Aloca de Berlin.

mais um dia dormindo tarde, portanto. e sem nenhuma preocupacao com isso.

dias de Berlim - 4

sexta-feira em Berlim e o plano sempre foi (ao menos desde que encontrei Mariana) aproveitar o final de semana para sair à noite.

mas o dia rendeu bastante antes disso. comecamos no museu de arte contemporanea, onde para chegar foi enfrentada uma grande nevasca.

depois seguimos ao Museu Judaico, onde a arquitetura manda e impressiona. o Jardim do Exílio é especialmente fascinante.

até aí já tinham se passado várias horas e pegamos o metro até os arredores do Zoologico. almocamos (um quase jantar) e visitamos o Museu Erótico e seu sexshop anexo.

as meninas travaram contato com o "maníaco do sex shop", que parecia estar estabelecido ali para dar cantadas em mulheres e virou nossa piada imediata.

de volta para o hotel, para troca de roupa e de meia molhada de tanta neve.

metro novamente para a casa das meninas, para sairmos. cervejas.

todos, menos Flavia, vamos a Nollendorfplatz, em um bar chamado Hafen - onde, consta, ia também Sally Bowles, a original que deu origem à personagem de Liza Minelli em Cabaret.

o lugar é bom, mas o clima e frequencia nao agradaram muito a todos. bebemos e tiramos muitas fotos (ou melhor, Clara, nossa fotógrafa oficial, que já tirara fotos de todos desdo o dia 01, fez todo um book meu e de Natalia, ambos vestindo listras.).

alguém deu a idéia: vamos para outra balada, dancar?

todos aceitaram de imediato. Berlim e seu metro sem catracas e sem horario de fechamento às sextas e sábados nos levaram para um lugar chamado Haus B.

chegamos às 3 da manha e imediatamente tomamos conta, colocando nossa disposicao e animacao latinas para quebrar o gelo alemao. Madonna no palquinho, Backstreet Boys, de novo, pole dancing e tudo o mais a que se tem direito.

sanduiche no metro de volta, para ajudar o estomago.

dias de Berlim - 3

(achei os acentos agudos.)


ter que sair do quarto às 11h, pós Ano Novo, nao é definitivamente a coisa mais legal a se fazer. mas me obriga a passear.

Alexanderplatz totalmente cinza. lembra do frio? agora neva. muito.

Museu Pergamon e uma fila de meia hora. na neve. no dia 01, em Berlim, há turistas que querem ver museus. nada pára.

é inevitável nao se incomodar um pouco com a ética imperialista de transportar pedacos grandes de uma outra cultura, do "outro", do "distante", do "exótico", e trazer para expor no seu museu "civilizado". mas no resultado prático da idéia, há belezas de sobra, nao obstante.

depois, hotel, para troca efetivamente de quarto, e rápido cochilo, tentando recompor alguma energia para A Flauta Mágica, que nos aguarda.

cantores de qualidade excelente, um Papageno e uma Tamina também de grande talento dramático, direcao cenica impecável. direao de arte magistral em eficiencia, bom gosto, sutilezas e jogos cromaticos - uma paleta de cores de acariciar os olhos. uso de espacos verticais e horizontais criativo e preciso. composicoes humanas complementando bem a cenografia, marcacoes precisas, inventividade, luzes laterais e nuancadas, com sombras e vida.

uma montagem organica, incrível, enfim. assim se comeca bem um ano.

mas teve ainda o rstaurane etíope, mais uma das dicas de R. Frayha. experiencia unica a de comer inteiramente com as maos e em conjunto, dividindo um grande prato com outras duas pessoas.

e foi isso.

dias de Berlim - 2

acordar inevitavelmente tarde. dia de Ano Novo em Berlim e o frio gela a espinha.

escurece pouco depois das 4 da tarde e o dia 31 estah mesmo centrado na noite.

Flavia vem me buscar para me levar em seu apartamento. as meninas (que sao Natalia, Gabriela, Mariana e Clara, todas incriveis e especiais cada uma a sua tao especifica maneira) estao em diferentes momentos, entre acordar, cortar o cabelo a 10 euros no salao da esquina, almocar ou ir ao supermecado.

vamos ao supermercado, eu, Flavia e Gabi. depois, almocamos (um quase jantar) em um restaurante vietnamita. lah, eu danco Backstreet Boys para conquistar as risadas e a simpatia dos atendentes, ate entao pouco solicitos.

voltar pra casa e ver o tempo passar, arrumando as compras, ouvindo Shakira, discorendo sobre Madonna e Justin e a economia mundial.

preparar a "ceia". uma noite que comeca com voce cortando cebolas nao pode acabar mal. cebolas e tomates, "a maravilhosa cozinha de Gabriela".

cerveja.

macarrao ao molho de tomates, cogumelos e linguica.

colocar cevejas na mochila, se aquecer e sair pra batalha. andar ateh o metro, trem cheio. Potzdamer Platz mais cheia ainda.

gente e gente e gente na rua - sabe Copacabana no Ano Novo? e todo mundo incessante e descontroladamente soltando bombas. bombas que explodem no chao, daquelas de festa junina, mas maiores, bem maiores, e rojoes, muitos rojoes e pequenos foguetes e outras variacoes.

se voce fecha os olhos, eh som de zona de guerra. CAMPO DE BATALHA.

se voce abre os olhos, tambem nao eh muito diferente. mas para os alemaes, parece haver uma grande naturalidade com todo esse contato pirotecnico proximo (os maldosos diriam que eh saudades dos bombardeios dos Aliados).

de qualquer forma, transformamos isso tudo em diversao, eh claro. os fogos sao bonitos e o calor humano veio, enfim, nos esquentar um pouco.

tudo acaba em cerca de 25 minutos e comeca a expedicao de novo, em direcao ao metro, com questoes serias de falta de banheiros.

mas chegamos à festa planejada, num local anexo ao Volksbuhne. musicas boas, pessoas assim meio "cult", absintos para a Gabriela e um Ano Novo divertido, enfim.

dormir feliz, em Berlim.

dias de Berlim - 1

(teclado sem acentos)


voo cedo, sem dormir.

transporte em Berlim, onibus, metro sem catraca, hotel. tudo bom.

saio para reconhecimento da aerea. Potzdamer Platz, onde uma feira de Natal oferece barracas das famosas salsichas alemas e tambem de doces, muito doces. banana com chocolate - como alguem nao tinha pensado nisso ainda?

Portal de Brandemburgo sendo preparado para o Ano Novo. caminhada rapida pela Unter den Linden e Friedrichstrasse, depois volta ao hotel.

faz um frio avassalador.

cochilo, contato com Flavia, finalmente (nossa mais nova belinense), que tinha deixado um bilhete pregado na pota do quarto.

encontro-a com uma caravana de mulheres (que seriam minhas fidelissimas companhias nos dias seguintes) no bar Roses, em Kreuzberg, bairro onde elas estao. o bar eh kitsch e divertido na medida certa.

beber cerveja e dormir tarde.

dias de Madrid - 3 (musica é perfume)

(teclado sem acentos. o "h" vale como silaba tonica em vogais finais)


em 2006, eu passei 4 dias inteiros e intensos em Paris, fazendo dezenas de coisas. andava sozinho pelas ruas e havia em meu ipod uma playlist que era assim:

- Mardy Bum, Arctic Monkeys
- Life Turned Upside Down, Badly Drawn Boy
- Judy and The Dream of Horses, Belle & Sebastian
- Rollerskate, Call and Response
- Green Eyes, Coldplay
- Better Version of Me, Fiona Apple

ouvia essa selecao todo dia de manha, saindo do hotel. ouvi de novo nesse terceiro dia em Madrid e eh impressionante como Mardy Bum, cruzando o frio das ruas, faz a pessoa sentir-se... confiante? bem? feliz?

passei boa parte do dia descobrindo as maravilhas de El Retiro, o grande parque central de Madrid. melhor que o parque em si, eh andar por ele ouvindo Un Anne Sans Lumiere (The Arcade Fire) ou Case-se Comigo (Vanessa da Mata). ou deixar as forcas cosmicas do shuffle te darem Green Grass (Cibelle, cantando Tom Waits) - alo, Mayara, onde estava voce? ou Ilha de Lia, Barco de Rosa (Chico Buarque), bem em frente ao belissimo lago com barquinhos - Maia, ha uma foto para voce desse momento...

depois, andar, andar, andar e descobrir novas pracas. comer no Museo Del Jamon, porque jah que eh pra comer sanduiche, que ao menos sejam os tipicos. e terminar tudo no cinema, como jah me ensinou um dia minha avo - eh sempre a melhor relacao entretenimento/ descanso depois de um grande dia, sozinho, em uma grande cidade.

o filme? Australia.