29.8.09

contato imediato

hoje à noite, ganhei essa música de volta, três anos depois...

26.8.09

RECADO NA SECRETÁRIA ELETRÔNICA DO TELEFONE PRETO QUE DISCA PRO CÉU #2













Ivan, meu querido,

estou ligando para te pedir duas coisas.

a primeira é para você dizer aí pra esse deus que ele é um cara muito do malandro – qual o sentido de ele ficar roubando pra festa dele todos os convidados mais legais?!

diz pra ele que eu aqui to achando uma baita sacanagem ele ter te tirado das nossas discussões sobre matemática, nas caronas que tanto te dei, do posto de vizinho que eu mais encontrava nas ruas do bairro onde moramos, dos palcos, das telas, e até da praia que você um dia resolveu montar em plena avenida Paulista, lembra?

quer dizer, ele leva todo o seu espírito explosivamente alegre, todo seu carisma contagiante, todo seu talento, todo o seu bom humor e seus modos gentis e amorosos, todo seu olhar entusiasmado e entusiasmante sobre a vida e deixa o que pra gente?

não quero julgar, não, mas acho isso tudo muito do egoísta.

a segunda coisa que eu queria te dizer é mais um pedido de precaução. sabe “Olhos Frios”, aquela canção que você cantava em “Calabar”, peça na qual nos conhecemos, há tão curtos dois anos?

então, procure não cantar ela por aí. sabe o que, acho que é beleza demais até mesmo para o céu. você ia deixar todos os anjos chorando.

é isso.

eu queria parecer forte, mas vou ter que me despedir dizendo que tudo o que é sólido pode ficar muito mais triste.

um beijo grande, um abraço apertado.

salve!

R

16.8.09

verdades muito simples

eis o que eu ando repetindo com ardor por aí, nos últimos anos.

mais uma vez colocado com simplicidade e clareza por Inácio, em seu blog.


Lançamentos

Se eu contei certo, são sete lançamentos em São Paulo, só esta semana. Junte a isso a Jornada do cinema mudo, os DVDs que estão entrando, o que chega pela internet...

Quem é que consegue acompanhar?

É claro que esses filmes estão sendo quase todos queimados, numa distribuição maluca.

Filme é coisa feita para conversar, para viver com a pessoa, por um pouco de tempo que seja. Não dá para assimilar tudo isso.

Depois o público desaparece dos cinemas e os caras ficam chorando. Não dá.


Por Inácio Araujo

+ Moscou

muitas vozes têm se levantado acerca de Moscou, entre os críticos de cinema (e mesmo entre o público cinéfilo). mais do que contraditórias, as opiniões contra ou a favor do filme formam um todo necessariamente complementar.

dos textos que passaram por estes olhos, sinto minhas emoções e reflexões corroboradas por Eduardo Valente, em belo texto AQUI, e pelo mestre Inácio Araújo, cujas palavras vão coladas abaixo:


"Moscou" transtorna espaço e tempo

Com “Moscou”, Eduardo Coutinho passou (ou voltou?) à ficção.

Mas não se pode dizer isso com muita certeza porque ele observa essa linha que demarca a ficção do documentário com desenvoltura sempre maior.

De todo modo, em “Moscou” a ficção é inequívoca. Ela vem de Tchecov, de “As Três Irmãs”.

Mas não existe uma adaptação para cinema propriamente. Existe a peça filmada, ou cenas da peça filmadas. Ainda assim, elas formam um todo.

“Moscou” é o registro de uma ficção que se desenvolve em outra parte, no teatro. É o documentário que se dobra sobre a ficção, ao inverso do que acontece nos filmes de Coutinho desde “Cabra Marcado”.

Em seguida, Coutinho introduz um elemento que não contava em seus filmes desde, justamente, “Cabra Marcado”: o tempo.

Não esse tempo, em todo caso. Um tempo que parece feito de hiatos, ou de elipses. Em “Cabra”, os 18 anos (era isso?) entre a filmagem original e o retorno à cidadezinha.

O que é, agora, essa Moscou evocada pelas moças? Um lugar perdido, tão mais maravilhoso porque perdido, inatingível.

Em vários sentidos. Entre a peça e nós passaram por Moscou os czares, os comunistas e, agora, os capitalistas. Moscou é um sonho qualquer, como "Moscou". Das calças jeans, da justiça social, dos passos perdidos, do que se quiser.

E não mais que isso. Porque no meio, me parece, existe ainda o tempo da literatura, do teatro, incidindo sobre o conjunto. Moscou é Godot, de certa maneira. Nossa eterna espera. Nosso absurdo. Uma ficção, em suma.

Uma ficção de que Coutinho busca a parte documental.

Jean-Claude diz (em seu blog também no UOL) que é um impasse, uma espécie de filme em frangalhos.

Não sei. Me parece mais uma busca que segue, ou que recomeça, como um ensaio.

Se "Jogo de Cena" era um ponto de chegada, de acabamento, aqui temos uma nova partida.

Não é um filme fácil. É muito inquieto, no sentido estético e de pesquisa. Coutinho é um cineasta de um rigor impressionante.


Por Inácio Araujo

9.8.09

onde fica Moscou?

De: Rafael Gomes
Enviada: domingo, 9 de agosto de 2009 21:56:52
Para: Mayara Constantino
Cc: Victor Mendes


dois,

"Moscou", filme de Eduardo Coutinho, desde sexta em cartaz em SP (e
em lançamento pequeno, que não deve demorar muito para sair).

dever obrigatório.

obra prima da documentação, da narrativa, da convergência de
linguagens, do cinema, do teatro, da poesia, da beleza e do humanismo.

um filme milagroso, que nos faz atentos às forças dentro de nós que
sempre querem e sempre quererão nos levar para Moscou. e a todas as
coisas que perdemos e ganhamos pelo caminho.

(além de ser um retrato desnorteante de nós seres humanos que somos
atores, na vida ou na arte)

e Tcheckov é um gênio.


bjs

R