25.6.08

convite

estamos em recesso, por enquanto (porque parindo uma série de tv).

mas fica o sincero convite:

18.6.08

!

já nem é mais notícia a essas alturas, mas CARAMBA!

eu já o havia visto incontáveis vezes nos palcos de ópera da cidade, mas muitas mesmo.

memoravelmente no papel título de um Don Giovanni, anos atrás.

e Paulo Szot agora ganhou o Tony!!!

e nem é coisa de mente colonizada, não, que precisa de aprovação estrangeira. é que o homem é bom de verdade e a gente já sabia disso. é um gostinho de vingança fazer o mundo saber.

como espectador profissional, fiquei desproporcionalmente feliz.


senhoras e senhores, Paulo Szot, em South Pacific:

17.6.08

Morre Cyd Charisse, 86, Dançarina de Seda do Cinema

e quem já viu Fred Astaire fazendo-a dançar sem querer e já perdeu a respiracão sabe que, hoje, o mundo fica menos leve, menos brilhante, menos bonito.

efeméride




desde há dois dias faz um ano que saí da casa de meu pai, desacompanhado, e me mudei para essa espécie de centro sócio-boêmio-culturete paulistano que é a rua Augusta.

o primeiro ano de existência realmente independente de uma pessoa deve ser talvez um dos períodos de auto-conhecimento (ou auto-engano, dependendo do caso) mais intensos de que se tem notícia.

simplesmente porque parar de ser extensão (filho, no caso) de alguém e ser a extensão só de você mesmo, construindo suas próprias extensões, com necessidade de comando integral sobre a vida (prática e abstrata) não é brincadeira, não, rapaz.


portanto, duas lições aprendidas com vigor:


1) morar sozinho é, em todos os sentidos, limpar sua própria sujeira.

2) quando você faz do movimento um hábito, a quietude parece uma falta.


fez sentido?

11.6.08

dia dos namorados

(...)

Eu te amo como quem esquece tudo
diante de um beijo:
as inúmeras horas desbeijadas
os terríveis desabraços
os dolorosos desencaixes
que meu corpo sofreu longe do seu.
Elejo sempre o encontro
Ele é o ponto do crochê.
Penélope invertida
nada começo de novo
nada desmancho
nada volto

Teço um novo tecido de amor eterno
a cada olhar seu de afeto
não ligo para nada que doeu.
Só para o que deixou de doer tenho olhos.
Cega do infortúnio
pesco os peixes dos nossos encaixes
pesco as gozadas
as confissões de amor
as palavras fundas de prazer
as esculturas astecas que nos fixam
na história dos dias

Eu te amo.
De todos os nossos montes
fico com as encostas
De todas as nossas indagações
fico com as respostas
De todas as nossas destilairias
fico com as alegrias
De todos os nossos natais
fico com as bonecas
De todos os nossos cardumes
as moquecas.


Elisa Lucinda



e poesia dentro de uma lata de Coca Cola vazia...
(música de alegria)



e se um ônibus de dois andares bater na gente...
(música de cortar os pulsos)




me leve pra sair hoje. onde haja música e pessoas e elas sejam jovens e vivas. ainda.

5.6.08

a lição

a mestra Polly, uma das cabeças por trás do imperdível Te Dou Um Dado?, já ensinou em seu blog (definitivamente uma das coisas mais engraçadas que existem, vale dizer), e os mui amigos do Bebi Meu Progresso já aprenderam que o negócio é falar mal de si mesmo (ou da vida alheia) e jamais se levar a sério.

o diário aberto mais do que aprova (e faz uso de) esse comportamento no dia-a-dia, mas insiste em ficar sendo um blog... crítico? sentimental?

mas para entrar um pouco na onda da auto-avacalhação, vai a grande (re)descoberta de ontem, a música que me fez chorar rios Amazonas na tenra infância:

MEU CÃOZINHO XUXO
(nessa que é uma das GRANDES interpretações da Música Brasileira).

salve, Xuxa! obrigado por tudo!




Xuxo eu me lembro da primeira vez
em que eu te vi
foi maravilhoso
você olhou pra mim
logo percebi
que com você seria tudo muito mais gostoso


(o choro é algo assim... sem palavras! mas atenção à voz tão sinceramente embargada que nem consegue falar direito e engole "olhou pra mim", aos 3'19" - é de morrer.)

19 anos




Em 1989, eu tinha 7 anos.

Desde 1989, eu e meu pai tínhamos um encontro marcado um com o outro, que cumprimos na semana passada ao sentar no cinema para assistir a Indiana Jones e o Reino da Caveira de Cristal.

A minha memória do dia em que meu pai me levou para ver Indiana Jones e a Última Cruzada, 19 anos atrás, é de que estava chovendo. E nós chegamos atrasados, já com as luzes apagadas. E era um cinema de rua, como hoje resta o Lumiére – mas era um cinema com platéia íngreme, como o Gemini. (Talvez tenha sido o Gemini; meu pai não lembra.)

Naquele dia meu pai me ensinou a mitologia da aventura via Indiana Jones. E um pouco mais do meu gosto por cinema.

O que nós achamos de Indiana Jones e a Caveira de Cristal?

O que se pode achar de algo pelo qual se esperou 19 anos?

Gostamos, é claro. Acredito que nos empolgamos e torcemos na medida que o filme nos foi pedindo isso. E soubemos, cúmplices, as velhas piadas e hábitos, as citações.

Mas, pra ser analítico e pensar com certo distanciamento, a gente sabe que tem coisas ali que não estão em sua melhor forma. E, ironia das ironias, a mais precisa critica que li sobre o filme é de Isabela Boscov, profissional que geralmente não respeito.

Mas como a preguiça é maior, vamos citá-la, então (os grifos são meus):


Ford não se mostra minimamente superado. Ele reconfirma que nasceu para o papel e continua sendo a melhor parte da aventura. A aceleração vertiginosa do cinema de ação tampouco tirou o lugar de um entretenimento um tantinho mais lento como este aqui – seu ritmo é um alívio diante de tanta hiperatividade. Num aspecto, contudo, dezenove anos de espera pela continuação de uma das séries mais criativas do cinema foi tempo demais. A demora afetou o prazer e a espontaneidade com que o diretor Steven Spielberg e o produtor George Lucas conceberam os três primeiros episódios da franquia, e que não resistiram à maquinação excessiva envolvida em O Reino da Caveira de Cristal.

Na superfície, esse quarto episódio se parece muito com os anteriores. Em 1957, o arqueólogo Indiana é de novo alvo do interesse de um governo totalitário que quer se beneficiar de seu conhecimento – agora os soviéticos, personificados pela militar Irina Spalko (Cate Blanchett, mastigando o cenário, como convém). O conhecimento em questão tem a ver com o célebre "caso Roswell", de 1947 – a suposta queda de uma espaçonave no Novo México, da qual teriam sido recolhidos os corpos de alienígenas –, e conduz a um outro artefato lendário, um crânio de cristal associado à mitologia maia. Para encontrá-lo antes dos soviéticos, Indiana, como sempre, terá de se valer de ajudantes de valor questionável, como o comparsa Mac (Ray Winstone) e o jovem Mutt Williams (Shia LaBeouf), que, como o arqueólogo virá a descobrir, é filho de seu grande amor do passado, Marion Ravenwood (Karen Allen).

E aí começam os problemas. Em Os Caçadores da Arca Perdida, Harrison e Karen tinham uma química fantástica – a qual não existe mais. Winstone é um ator sólido, mas seu personagem está longe de sê-lo. E, contraposto à simplicidade de Ford, Shia soa ruidoso e dispersivo. Indiana, portanto, não depende apenas de um vilão à altura para que o seu melhor venha à tona. Ele necessita igualmente de bons parceiros, como o incomparável Sean Connery de A Última Cruzada. Sem essa combustão entre Ford e os atores que o cercam, seu humor seco perde aquele estampido e, com ele, muito do prazer que poderia proporcionar.

O mais difícil de explicar a contento em O Reino da Caveira de Cristal é a inferioridade do roteiro. Ele rodou de um para outro dos melhores profissionais do ramo durante anos. Quando Spielberg, Lucas e Ford se decidiram pelo tratamento de David Koepp, de Homem-Aranha, imaginava-se que teriam encontrado a perfeição. O que o espectador encontra é outra coisa: à parte alguns momentos em que aquele velho júbilo da série é revivido, o que se tem é uma história que se alonga em explicações desnecessárias, cujo tom reminiscente de Eram os Deuses Astronautas? há de irritar a muitos e cujos saltos desajeitados nada têm em comum com a fluidez dos três primeiros filmes. Ver Indiana Jones em ação tem de ser uma experiência semelhante à de assistir a Mikhail Baryshnikov dançando O Corsário: sabe-se que chegar àquele efeito exigiu um trabalho descomunal, mas ele nunca é percebido. Aqui, o esforço é visível. E nada poderia estar mais fora de compasso com o espírito desse personagem que, em si mesmo, continua atraente: primeiro, querer agradar – e, o mais grave, nem sempre conseguir."




é isso.