23.8.08

eu não tenho tempo de ir ver Ariadne em Naxos, nem as peças da Lu, nem a da Renata, nem a do Julio, nem todas as outras que eu quero ver.

eu não tenho tempo de ler livros, nem de ver televisão, nem de ir ao cinema (contento-me em saber que os filmes existem e são nomes em um Guia de programação).

eu não tenho tempo de encontrar nenhum dos meus amigos, nem o meu pai, nem a minha mãe, nem o meu primo. eu não tenho tempo de tomar vinho, de ir às festas ou de andar na rua, no frio, abraçado com a Thereza.

eu não tenho tempo de fazer os planos (de câmera) que eu talvez considerasse ideais, eu não tenho tempo de fazer reuniões, eu não tenho tempo para a montagem.

eu não tenho tempo para não fazer nada ou para prestigiar curtas no Festival.

eu não tenho tempo para dedicar ao Música de Bolso.

não tenho tempo para ir à praia ou ao campo, para respirar outros ares que não sejam poluídos e causem doenças. eu não tenho tempo para ter folga.

*

eu tenho vontade de escrever novas idéias, de me desamarrar, de ouvir muita música e pensar cenas para elas. eu tenho vontade de criar cenas que atores de quem eu gosto interpretem com paixão. eu tenho vontade de mais paixão, ou de fazer virar verdade cenas que já existem e são geniais como nada que eu escrever jamais será. eu tenho vontade de ver mais filmes, de ver todos os filmes do mundo, de derreter vendo filmes, todos os clássicos do cinema que eu jamais conheci. eu tenho vontade de pensar em cenas bonitas e ouvir tango vendo minha própria sombra quadriculada na parede da minha casa, enquadrada pela janela. eu tenho vontade de ir para Berlim e para o Japão ou de ser um estrangeiro em São Paulo. antes que seja tarde demais.

eu tenho vontade de À Margem da Vida, de Tchekhov, de Felizes Juntos e Amores Expressos, de Hannah e Suas Irmãs, de Acossado e O Desprezo, de Meu Tio, de Morte em Veneza, de A Cabra e de Árvores Abatidas e do musical que eu quero fazer.

*

enquanto isso, minhas unhas crescem rápido demais e meus cabelos crescem lisos.

e tudo parece desordenadamente sob controle.

22.8.08

diários da televisão - 26

daí que hoje nós fomos ao Instituto Astronômico e Geofísico da USP, atrás de locação, claro.

e eles tem uma espécie de reprodução lúdica, em escala, do sistema solar. (a ver na foto abaixo)



e você olha praquilo e tem aqueles pensamentos básicos, quase infantis, de ver a Terra ali pequenininha e dar-se conta da realidade imensa que a circunda, da desimportância da existência humana para o Universo em termos amplos etc e tal. vira até meio filósofo e pensa nos rumos que damos diariamente para o planeta, partindo do cotidiano para chegar ao astrofísico.

*

daí que trânsito, horário político no rádio e meu deus, que desastre mesmo que pode ser o projeto de civilização humana, hem?

quem aí quiser defendê-lo, favor levantar a mão.

*

mas os caminhos da cabeça cansada e insistente em alguma sanidade (já que tudo o que é sólido pode enlouquecer) levam ao teatro Fecap, onde Ná Ozzetti apresenta o show "Balangandãs".

e meu deus, mas os seres humanos inventaram a música!!!

e, sério, isso pode facilmente justificar o desastre de uma civilização inteira.

*

há muito a se dizer sobre Ná e esse seu novo espetáculo, como constatar que se trata das melhores cantoras do mundo, como entender de forma presente que Dorival Caymmi jamais morrerá, como ver a memória afetiva cutucada por Touradas em Madrid, que sua avó cantava para você, ou (re)entender ou simplesmente ver (re)encenado (e ingenuamente sempre emocionante) o sentido de coletivo (cultural, social, nacional), ao som de uma canção como Tahi.

mas você volta voando para 2001 (uma odisséia no espaço?) e para um momento de descobertas únicas em sua vida quando a cantora abre a boca para cantar a primeira nota de uma canção específica.

canção que ninguém canta como ela, ela que é a nossa Carmem Miranda - e que Marco Dutra ousa achar que é quase nossa Judy Garland (mas beeem menos expansiva, tenho que completar eu).

porque poucas coisas no mundo são como ver Ná Ozzetti interpretar Boneca de Piche.

e não, isso não é um exagero.

(e é uma epifania que vale para encorajar todas as 5 semanas ininterruptas de filmagem, que recomeçam amanhã. boa noite e boa sorte, pra gente.)

diários da televisão - 25

cenas finais de uma pré-produção.



Sesc Pompéia, recebendo-nos de novo.


- e o tanto de gente que fica só parada?!


a equipe, devidamente encapacetada.


Thiago Pinheiro, essa é pra você (agora que eu sei que você lê esse blog)! acredita que nós vamos voltar lá?!

20.8.08

diários da televisão - 24

cenas de uma pré-produção.



os altos de prédios.




trilha no acampamento.



viagem a Sorocaba.


reunião de análise técnica.

18.8.08

diários da televisão - 23





dá pra acreditar que as imagens acima correspondem ao Teatro Cultura Artística ardendo em chamas e o que (não) sobrou dele, findo o incêndio??


O Teatro é arte do efêmero por excelência. baseando-se na união dos corpos, sua completude essencial dura o momento presente e extingue-se findo o espetáculo. mas os teatros como espaços físicos que vêem passar o vai e vem dessa arte são duráveis - e, queremos crer os adoradores, eternos.

os que cultivam quase religiosamente os espaços (alo, alo, Vinicius Calderoni, quantas cadeiras a menos agora?) devem ter sentido, como eu, um abismo no peito ao deparar-se com o Cultura Artística assim, des-existido. entenderam? acabou, ele não existe mais, mesmo que seja reconstruído.

pensando sem pensar, para bem ou para mal, lá eu vi Marília Pêra em Master Class e Victor ou Vitória, Marco Nanini fazendo Moliére, Juca de Oliveira fazendo a si mesmo, Marisa Orth em A Megera Domada, Fernanda Torres e Débora Bloch em Duas Mulheres e Um Cadáver, entre várias outras coisas.

mas se fosse necessário escolher um momento, seria Antonio Meneses com o Beaux Arts Trio, em dada ocasião, e tocando Elgar acompanhado de uma sinfônica do leste europeu, em outra.

*

agora, luto é isso aí.

diários da televisão - 22

ainda tirando o atraso, momento Lusíadas - Centro.


uma atriz feliz e uma manhã fria, na padaria.


- vai uma bonequinha aí?


rápido, antes que o rapa apareça (e não é que apareceu mesmo, fazendo pose de ameaça e tudo?!)




e há quem diga que não se trata daqueles fundos bidimensionais que você vê no MGM Studios?




uma estátua falando comigo.


plongé.


perspectiva.


they try to make me go to rehab and I say no, no, no.


a fofoca.


nossa equipe de arte abraçando a causa dos podólogos (ou uma manifestação para chamar de sua)



- nossa, tá uma delícia, mas me dá um minuto que eu vou ali passar mal e já volto...

diários da televisão - 21

ainda tirando o atraso, momento Lusíadas - ônibus.


Mathias de Albuquerque e Bárbara viram Camões e Inês.


um ator com frio...

... e uma equipe que observa...

... um ponto de ônibus com decoração especial (alô, alô, Thiago Pinheiro, veja que participação especialíssima!).


pai e filha (ou, Iacov vira o Velho do Restelo).


professor e aluna. (ou será que todo ator bom vem da EAD?)



- daniel, veja que bom uso fazemos do seu colchão!


um ônibus para chamar de seu.

diários da televisão - 20

ainda tirando o atraso, momento Lusíadas - CET


o que faz um Camões na sala de controle da Companhia de Engenharia de Tráfego?



impressionantemente, as câmeras deixam ler o que estiver escrito no papel na mão de um cidadão que anda pela rua.




o dia em que o monitoramente do trânsito virou Thereza.




diários da televisão - 19

ainda tirando o atraso, momento Loja de Esportes.


- chefia, me empresta 10 reais pra poder estacionar o fusca azul?



- the, não ficou lindona essa aqui? (ou tudo o que é sólido pode ser João Felipe)



E eu que só me vejo em partes
Eu vejo o meu reflexo no espelho