Vinicius Calderoni, cuja prolixidade é nunca menos que saborosa, assim coloca suas palavras (via um extenso sms) sobre Incêndios, o belo filme de Denis Vileneuve:
'Incêndios' é, em todas as escolhas, uma tragédia grega contemporânea: nas simbologias da trama, na força arquetípica de suas personagens, na incredulidade e impotência com que pequenas pessoas observam o enorme destino que as aterra e escapa de seu controle. Poderoso e perturbador. Só não entendo o filme não ter sido muito mais festejado.
Concordamos com cada palavra.
'Incêndios' é, em todas as escolhas, uma tragédia grega contemporânea: nas simbologias da trama, na força arquetípica de suas personagens, na incredulidade e impotência com que pequenas pessoas observam o enorme destino que as aterra e escapa de seu controle. Poderoso e perturbador. Só não entendo o filme não ter sido muito mais festejado.
Concordamos com cada palavra.
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Poesia é um caso flagrante de personagem maior que o filme. Vacinado por opiniões pouco entusiasmadas, foi até uma grata surpresa segui-lo com plena fluência e interesse. Há prazer na limpidez com que o roteiro mostra os acontecimentos. Mas há também certa digressão cansativa e uma espécie de correção que retira do filme a força de que ele precisaria para ser realmente memorável (e não só inofensivo). Nos ecos que evoca do recente Mother, então, a coisa fica ainda menos interessante para seu lado.
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A entrevista que o ator Nelson Xavier concede a Armando Antenore na revista Bravo! desse mês não só devolve ao conteúdo da dita publicação uma relevância que andava ausente, mas também soa como um emocionante testemunho humanista. Que pode passar facilmente por 'cafona', mas que acima de tudo evoca uma profundidade simples e tocante.
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O Teatro Folha vende pipoca na entrada. E quando as luzes se apagam, nota-se em grande número dos espectadores sentados nas anormalmente confortáveis poltronas um sorriso sentinela, armado para disparar-se a qualquer momento. Isso diz muito (ou tudo) sobre as peças que ficam (ou que podem ficar) em cartaz por lá.
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O Besouro Verde pertence a uma recente safra de filmes de super heróis que são espertinhos demais para seu próprio bem. Talvez temendo (ou tentando de antemão driblar) o desgaste da velha fórmula, cria-se uma nova, onde a autoironia e a consciência metalinguística, se é que se pode dizer assim, são os temperos, senão os motores, de feitos mirabolantes e alguma pancadaria. Era assim com Kick Ass, é assim aqui, deve ser assim com outros.
Michel Gondry está lá, na máquina, com uma ou outra estripulia visual que ainda fazem remeter a sua assinatura, mas a diluição dá o tom. Nem Christoph Waltz - com uma primeira cena que paga tributo ao brilhantismo de Bastardos Inglórios, para depois ser esquecido por um roteiro disperso (o que querem mesmo esses mocinhos? e esse vilão?) - faz com que se trate de mais do que um pouco de serpentina para uma segunda-feira de Carnaval.
(E para quem acha que as pessoas não vão mais ao cinema, fica a dica de uma passadinha no shopping Metrô Santa Cruz, no feriado.)
Michel Gondry está lá, na máquina, com uma ou outra estripulia visual que ainda fazem remeter a sua assinatura, mas a diluição dá o tom. Nem Christoph Waltz - com uma primeira cena que paga tributo ao brilhantismo de Bastardos Inglórios, para depois ser esquecido por um roteiro disperso (o que querem mesmo esses mocinhos? e esse vilão?) - faz com que se trate de mais do que um pouco de serpentina para uma segunda-feira de Carnaval.
(E para quem acha que as pessoas não vão mais ao cinema, fica a dica de uma passadinha no shopping Metrô Santa Cruz, no feriado.)
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