14.7.05

do encontro - ou a pessoa é para o que nasce.

Poucas coisas são mais louváveis do que a arte do encontro. O encontro alarga a experiência, quebra barreiras, constrói pontes.

Imagine, então, o quão sensacional pode ser compartilhar, com terceiros, um encontro. Transmitir a outrém toda energia, toda a descoberta, todos os pensamentos e sensações que a reunião de corpos e almas pode causar.

O cinema é uma ferramenta capaz disso.

E Roberto Berliner é um homem de espírito amplo e generoso. E um cineasta dos mais capazes. Em seu “A Pessoa É Para O Que Nasce” ele constrói um nunca menos do que fascinante documentário em que registra seu encontro com três irmãs cegas de Campina Grande, PB.

Um documentário não SOBRE um objeto, seja ele uma pessoa ou um lugar, mas COM. Berliner não estuda nem perscruta. Ele nem mesmo simplesmente observa. Ele agrega. Agrega aos canais sensórios, emotivos e intelectuais da platéia a experiência de vida de três seres humanos especiais e iluminados.

E o faz com uma capacidade impressionante de regência dos meios cinematográficos à sua disposição. Berliner usa a música, a fotografia e a montagem de forma habilíssima, construindo uma peça documental explosivamente verdadeira e sincera, exatamente por não se engessar na “objetividade”.

“A Pessoa É Para O Que Nasce”, além de um retrato, é uma belíssima fábula sobre destino e sobre as fronteiras da visão e da vida. Para quem vê como as ceguinhas de Campina Grande, enxergar chega quase a ser apenas um detalhe.

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