20.9.05

Moby (para dar uma pausa no cinema - ou falar dele falando de outras coisas)

Hoje eu vou ao show do Moby.

Até ano passado, conhecia o nome: “Moby”. Achava simpatico. Sabia que ele existia. Sabia que ele tinha feito lá um disco, chamado “Play” (que é um ótimo nome, porque múltiplo), que tinha vendido um montão ao redor do mundo.

Ok, ok. Mas era Moby lá, eu aqui.

Mas Moby entrou de verdade na minha vida por causa de “Os Sete Afluentes do Rio Ota”, espetáculo teatral que é deleite estético e logo se tornou uma paixão.

Mas “Os Sete Afluentes do Rio Ota” só existiram do jeito que existiram porque um dia houve “The Far Side of The Moon”, apresentada por Robert LePage ele mesmo, aqui em SP, no Carlton Arts (quando marcas de cigarro ainda podiam patrocinar eventos culturais).

E ambos vieram pelas mãos brasileiras de Monique Gardemberg, que um dia foi amiga de infância do meu pai, não tem idéia de quem eu seja, e que depois fez um filme que eu gosto bastante até mesmo em seus defeitos, que se chama “Benjamin”. (Ah, e ela sempre foi uma das cabeças do Free Jazz/ Tim Festival – alguém aí disse Belle & Sebastian, Libertines, Macy Gray, Pet Shop Boys???)

Que é adaptação de uma obra de Chico Buarque, meu verdadeiro pai.

Mas quando Maria Luisa Mendonça, um assombro, jogou cinzas no Rio Ota ao som de “Why Does My Heart Feel So Bad”, eu já estava tomado. Ganho. Vencido.

E vi “Rio Ota” ainda outras duas vezes, por causa de Simone Spoladore, por causa de “Alice”, por causa do teatro, por causa dos atores. (Atores? Mas desde quando eu comecei a amar atores? Desde Maria Alice Vergueiro?)

E daí comprei “Play”, porque queria ouvir e ouvir unicamente aquela música, e lembrar de Maria Luisa e do teatro e do cinema e da emoção e da música e das artes e lembrar porque mesmo era bom estar vivo no exato momento em que se está vivo.

(Será que Monique Gardemberg sabe de tanta participação dela em minha vida?)

Naturalmente, gostei de outras músicas de “Play”, mas Moby, o artista, pra mim ainda não dizia muita coisa.

Daí ele vinha pro Brasil. E daí, claro, tem hype. Mas quem liga pro hype??

Eu, às vezes. Nesse caso, fui tomado. Ganho. Vencido. Pelo hype.

E pelo amigo que me mostrou as músicas bonitas de “Hotel” e “18”. E pelo gosto crescente devotado ao careca “moderno” que fazia músicas computadorizadas mas tão bonitas e bacanas e contagiantes.

Hoje vou ao show do Moby. Por causa de quem mesmo?

De Monique Gardemberg, Robert LePage, Maria Luisa Mendonça, Chico Buarque, Simone Spoladore, Maria Alice Vergueiro, Lorenzo Giunta, Tatiana Fujimori, Daniel Ribeiro, tantas outras pessoas e até um pouquinho por causa do Moby também.

Sabe por quê? Porque a gente ama quando tudo se mistura (né, Pedro Alexandre?).

E porque o mundo dá voltas mesmo. Várias.

Um comentário:

paula manzo disse...

perdi essa.