Mentiras Sinceras é quase uma narrativa épica, no sentido dramatúrgico da palavra. Sobram acontecimentos sucedendo-se em ritmo atipicamente veloz e faltam intenções dramáticas que os justifiquem. Ou, ao menos, falta mostrá-las.
Nem mesmo Tom Wilkinson e Emily Watson, atores que são o que de melhor há em atores, podem fazer muito com personagens tão etéreos.
Falta verdade, em suma. O verniz é de um drama "sério", mas a estrutura é de farsa ligeira. Um conflito complicado.
O Plano Perfeito é Spike Lee estreando no cinema realmente mainstream. E as portas do mainstream, minha gente, não se abrem sem concessões. Mas uma vez dentro do jogo, recoste-se e divirta-se. Há poréns, claro - notadamente cenas encenadas de forma grotesca, envolvendo os coadjuvantes-figurantes, e uma trilha sonora que, francamente, poderia ter sido comedida.
Mas a câmera está tinindo, a história tem seu sabor, Denzel Washington é (quase) sempre um prazer e Jodie Foster... Ah, você nunca achou que fosse gostar tanto de Jodie Foster!
Nem que fosse achá-la tão bonita.
Quando a coisa vai muito mal, tende-se a afrouxar a rigidez dos padrões de qualidade. O cinema brasileiro anda assim (alguém viu "Gatão de Meia Idade"? Alguém precisou ver?) Depois Daquele Baile, sob esse prisma, é um filme pra lá de simpático e cheio de boas intenções. E se todos sabem que boas intenções são nada, pelo menos não há raiva, nem sentimentos fervorosamente negativos. Esperamos e torcemos pelos próximos filmes de Roberto Bomtempo, enfim.
Porque não foi no primeiro que ele acertou de forma consistente. Apesar de uma permanente ternura, de algumas boas situações e de uma atuação de Lima Duarte que redime os naturalismos televisivos reinantes.
Irma Vap - O Retorno é ruim. E ponto.
Veja e prove.
(Apesar de Marco Nanini ser um gênio da inteligência cênica - talvez o maior, dos nossos e vivos, que teve oportunidade de mostrar-se como tal)
A Máquina tem várias qualidade e vários defeitos. Defeitos o suficiente para não ser o filme muito bom que poderia ter sido. Mas qualidades o suficiente para não ser a bomba que muitos querem fazer crer. Resta escolher de que lado ficar: dos que apreendem as delícias apesar dos erros ou dos que não perdoam os equívocos e vêem neles o eclipse das qualidades. Pessoalmente, fico no primeiro grupo.
E é fácil gostar da valorização da palavra, num bom texto muito bem dito, de alguns belos planos, algumas (muito) boas, apesar de não novas, soluções cênicas, de uma deslumbrante canção de Chico Buarque e de Paulo Autran, outro gênio.
Prove. E decida.
11.4.06
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3 comentários:
aquilo é outra paisagem.
faz tempo q nao passo por aqui
mudou alguma coisa....
Really amazing! Useful information. All the best.
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