Os dois ou três leitores habituais (alô, alô, Bia!!) reclamam, sempre com razão, da falta de atualização.
Logo, vamos a elas.
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O cinema sempre teve vocação para diversão de massa, assim como sempre teve vocação para arte. Melhor que ele se equilibre entre esses dois pólos, ainda que esse “equilíbrio” não seja lá dos mais equilibrados.
“Dois Filhos de Francisco” é um filme que mimetiza formas e fórmulas da grande tradição do cinema narrativo – para as massas. Dizem alguns que, fosse um filme americano, seria execrado pela nossa “crítica”, assim como o são os filmes estrangeiros mais, digamos, feitos dentro de determinados moldes.
Não, “Dois Filhos” não tem mesmo inovações, nem vôos “artísticos”, nem se incomoda em ser grande deleite estético, intelectual ou moral.
Mas, sabe do que mais? O filme é um grande deleite estético, intelectual e moral justamente por não querer ser nada disso. Ou talvez, por querer, mas pelo caminho mais óbvio e mais esquecido - o da objetividade narrativa simples.
A tacada mestra de Breno Silveira é a história que ele se dispõe a contar. E ele coloca tudo a serviço dela. Sua direção é irrepreensível por ser invisível. Não é necessário lembrar ao espectador que ele está diante de uma encenação – o fato de tudo acontecer e fluir com tanta naturalidade já é a demonstração concreta e suficiente de que a mise-en-scene está corretíssima.
E se o filme tem clichês, já que eles são quase indispensáveis em um “cinema padrão” como esse, grandes atores muito bem dirigidos driblam-nos com habilidade.
Ângelo Antônio nasceu para interpretar Seu Francisco.
E tem música (sertaneja, evidentemente) e tem choro e tudo o mais a que se tem direito. E sabe o que mais tem? Um olhar terno e “desenbarreirado” para um Brasil profundo, imenso, interior.
“Dois Filhos de Francisco” existe para quebrar preconceitos em amplas esferas.
Você tem prestado atenção em seu país (ainda que pela ótica “embelezada” do cinema”)? Então preste.
Você tem prestado atenção no outro, nos outros, em todos os outros? Você já parou pra prestar atenção em Zezé di Camargo e Luciano? Então pare. E preste.
Destrua pré-conceitos (que são invariavelmente estúpidos), reveja pós-conceitos e quebre barreiras. Saia cantando “É o amor”.
Vá ver “Dois Filhos de Francisco”. Antes que eu te leve.
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“Amor em Jogo” são os irmãos Farrelly extravasando de vez o lado romântico que sempre existiu oculto sob a simples palhaçada e a escatologia. E é uma delícia.
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É fácil ver em “Água Negra” o que é atraente, ou, antes, o que pode ter levado Walter Salles a querer filmar o roteiro. Mas é condescendência demais chamá-lo de bom.
Não há alma. (E essa é uma afirmação tão subjetiva quanto pode ser).
(Mas, talvez, a “Água Negra” voltemos mais tarde).
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Há Rohmers entrando em cartaz.
E eles sempre valem a pena.
14.9.05
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3 comentários:
alo, alo!
finalmente.
ebaa finalmente heinn!! =]
vou assistir dois filhos de francisco, já que todo mundo tá falando que é bom e agora o seu comentário me convenceu!!
bjo!
alô daqui também
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