13.5.08

da arte de perseguir celebridades




Rufus Wainwright entrou no palco acenando de uma maneira que parecia meio envergonhada. Mas envergonhado, ele? Um egocentric maniac assumido? Um(a)... diva?

Era uma solo performance. E ele é mesmo egocêntrico, fato que vem repleto de auto-consciência e disfarçado em sarcasmo carismático. Nem todos aprovariam o figurino, mas se ele fosse um tradicionalista, ele não seria Rufus Wainwright.

A pose é só chegada para um “moço glamuroso da voz impossível”, como disse alguém. Aquela voz parece mesmo vir de um lugar onde as vozes têm personalidades e poderes únicos - o mesmo que se pode dizer da música, de melodias às vezes transcendentais e letras muito belas ou de forma muito livre, para ficar num eufemismo possível. Nos discos, orquestrações rebuscadas operizam-nas (às vezes literalmente, em citações) e as transformam em grandiloqüência. E tem também as que são pequenas, delicadas.

Aqui, ele estava sozinho, como se sabe. No violão mal tocado e com uma simplicidade de acordes que daria inveja ao Kid Abelha, a voz traçava a melodia e ressoava em intenção. Not Ready For Love foi de hipnotizar, Sanssouci foi encantadora e com direito a piada lingüística e Rebel Prince foi um truque tirado da cartola (e do disco Poses, de 2001).

Alguém na platéia grita "One Man Guy!” e a resposta não deixa dúvida:

- You are not gonna hear that one tonight.

Mas você pôde ouvir, ao piano, The Art Teacher e Nobody’s Off The Hook. E a inédita Who Are You NY. E Little Sister e Going To a Town.

Com a irmã, a polivalente Martha Wainwright, Rufus fez In My Arms e Hallelujah, de Leonard Cohen, que resultou fascinante.

Somente cantor, com a mãe ao piano, If Love Were All veio diretamente do repertório de Judy Garland.

A família toda se uniu em Manhã de Carnaval - que, consta, a mãe fez questão de cantar.

Pra terminar, Cigarettes & Chocolate Milk e a última frase nunca foi tão bonita ou tão intensa. So please be kiiind, if I’m a............mess.

(a gente quase ama ele um pouco mais por ter escrito "eu fico um pouco torre de Pisa toda vez que te vejo, então por favor seja gentil se eu sou uma bagunça".)

No bis, Poses.

E em algum momento, Over The Rainbow, a gente sabe bem de onde, com a mãe, de novo.

*

Mas daí você pensa que acabou? Que nada!

Depois de levar pra casa a playlist do show, largada no palco, e comer bons hamburgers, cinco polivalentes de nós recebemos a informação privilegiada de que o cantor está no manjadíssimo restaurante Spot.

Bom de ter amigo produtor é que você chega às 2h da manhã no restaurante que já fechou e ele convence o garçom a deixar você entrar e “tomar um drink”. Colado na mesa de Rufus Wainwright, é claro. E o amigo persegue o cantor no banheiro e volta contando que ele estava cantando - no banheiro.

Daí a mesa dele se levanta toda e seu amigo evidentemente dá o bote e conversa. Daí Rufus se encanta por sua amiga japonesa e seu amigo ator, a quem o cantor reconhece como “aquele que estava na primeira fila” (sim, estávamos!) pede um autógrafo na playlist. Você que não é bobo nem nada pede também. E volta pra casa feliz e ainda mais satisfeito.

Só pra descobrir no dia seguinte que seu amigo produtor e sua amiga loira passaram a noite simplesmente como os melhores amigos de Rufus Wainwright, com direito a 4 horas de conversas, piadas, uísques, convites para drogas mais pesadas, valsas, fotos, muita cantoria (de ambas as partes) e outras coisas mais, tudo em festa privê, como se diria por aí.

você fica mais do que contente por eles e entende que na arte de perseguir celebridades você ainda tem algumas lições a aprender.

2 comentários:

the build up disse...

o engraçado é que ele é um(a) diva, mas não se revela assim no palco ou na possibilidade de acesso. acredito que por isso eu me senti confortável em reclamar com ele da ausência de uma música, pedir para que voltasse então no verão (como ele havia pontuado antes) e que tirasse a tal foto, que a exemplo da minha outra única foto com alguém que admiro (Marcelo Camelo), tem em mim um modelo desastroso. acho que preciso aprender também sobre essa arte.

Ian Thomaz disse...

Odeio ler sobre eventos que gostaria de ter participado.....
Já estaria contente com o Show.

mas ok ok ok .....

fica pra próxima.