30.5.06

filmes, teses, diversões

Uma coisa é uma coisa, outra coisa é outra coisa.

Diretores talentosos existem, diretores extraordinários também, cinema político existe, da mesma forma. E existe, claro, o cinema que podemos chamar de "de diversão".

Bryan Singer é um cineasta talentoso. Provou isso com sua estréia em longas-metragens, Os Suspeitos, e confirmou, entre altos e baixos, com O Aprendiz (Ian McKellen estava lá...)

X-Men e X2, por serem veículos gigantescos da máquina (de fazer dinheiro) hollywoodiana, nem poderiam ser autorais. Mas possuem um tom, uma levada, um ritmo e um ponto de vista que os fazem funcionar muito bem como cinema de entretenimento. Isso é, em grande parte, proeza de Singer.

Ambos os filmes, duas primeiras partes da trilogia agora (supostamente) concluída com X-Men - O Confronto Final, possuíam, lá no seu fundo, um tom moral, que vinha em forma de grito de alerta a favor dos diferentes.

Louvável, sem dúvida, e, mais ainda, essencial para que o filme funcionasse como funcionava, para que tivesse sua integridade.

Apesar de com algo a mais, eram filmes legais. Nunca obras-primas, nunca estudos sobre preconceito e discriminação, nunca obras pretensamente políticas.

Achar que Brett Ratner, diretor dos medíocres Hora do Rush e Dragão Vermelho, entre outros, transforma a terceira instância da saga X-Men em um farto libelo político é pura bobagem de alguns críticos.

Só mesmo com um nivelamento intelectual muito baixo se pode querer achar em X-Men - O Confronto Final um filme que vá muito além da diversão.

Ótima diversão, vale dizer. Com atores no ponto (olha Ian McKellen lá!), direção bastante alinhada com a proposta e um olhar ligeiro sobre as coisas à nossa volta. Mas só isso.

Querer mais é esquecer o que o cinema já fez, em termos de consistência dramática, qualidade artística e importância histórica, em seu diálogo com o mundo.

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