26.2.08

dez pras três

tentar ver Paris, Texas e dormir em 10 minutos.

dormir 1 hora e meia no sofá.

tentar misturar O Jardim das Cerejeiras com A Gaivota, tudo muito estabanado, sempre muito às pressas.

descobrir que se planta algodões no estado de São Paulo.

ouvir e maravilhar-se com Bob Dylan e seu Modern Times, afinal, tem show semana que vem.

baixar Interpol, porque também tem show.

(lembrar de comprar o da Fernanda Takai.)

receber uma proposta irrecusável, embora não sem auto-censura. minhas noites de blueberry.


(e alguém mais acha que isso aqui está virando mesmo um diário?)





escrever um poema sem calor em são paulo
um poema sem ação: sem carros, sem avenida paulista

quando eu morava na augusta, escrevia poemas sobre a augusta

a augusta não me deixava dormir

(escrever um poema em que se durma na augusta
e sobretudo, escrever um poema sobre dormir

sem você.) esta é a primavera fajuta da delicadeza
(não consigo terminar este poema).



(Angélica Freitas, "treze de outubro")





eu moro na Augusta. obrigado, Caetano, pelo poema, sem saber.
e Thereza, pelo comentário. e por tudo o mais.

25.2.08

notas sobre uma premiação, parte 2

- o Oscar com dezenas de amigos (vestidos “de gala”) e seu próprio tapete vermelho é muito mais divertido.

- Arrigo é um gênio que merece, sim, um programa e será para sempre lembrado pela sua sensacional performance pós-show. alem de ter estado numa elegância ímpar.

- eu ganhei o bolão. graças à Marion e aos Coen.

- Aloca estava chata.

- às 5:40 da manhã, as luzes artificiais e o dia que nasce ficam na mesma fotometria, né, Maia? e é lindo.

- às 5:43, a Tenille resolveu tocar no meio da rua, em seu carro, I Wanna Hold Your Hand, versão Across The Universe, assim sem mais nem menos. e foi incrível.
(será um absurdo uma pessoa levar 25 anos pra começar a gostar de verdade dos Beatles?)

- e um Oscar que acaba de dia, num apartamento bastante bagunçado.

notas sobre uma premiação, parte 1




- quatro estrangeiros ganharam os Oscar de atuação, sendo que as categorias femininas, embaralhadas, mostraram-se francamente surpreendentes. Marion Cotillard é um escândalo, mesmo dentro do clichê de “reencarnar” uma personagem real numa atuação “de entrega”, “intensa”. Javier Bardem mereceu ter ganho por discursar em espanhol. Daniel Day Lewis é a alma do ótimo Sangue Negro. e curvou-se para Helen Mirren(!). e sobre Tilda Swinton em Conduta de Risco, este blog escreveu, em 28.12: ... é dona de uma eletrizante cena final que, essa sim, lhe vale prêmios. continua sendo verdade. consumada.

- Jon Stewart é engraçado e tal, mas depois de Ellen DeGeneres, os outros são apenas os outros.

- é impressão minha ou parece que a coisa fluiu melhor esse ano? clipes menores, menos firulas cansativas, mais prêmios em seqüência?

- por que será que não colocaram Brad Renfro entre os mortos do ano (ok, ele caíra em um certo ostracismo, mas há 10 anos era mais um entre os tantos “astros do futuro”, não era?)?

- a gente acha que Onde os Fracos Não Tem Vez merece todos os prêmios que ganhou. não acha?

- a gente ainda quer, MUITO, que a Laura Linney ganhe um Oscar. e a gente não tem dúvidas de que Cate Blanchet é um fenômeno da natureza.

- a gente GOSTA da Diablo Cody. porque, meu deus, ela se chama de Diablo Cody. (e a gente gosta também da Amy Adams.)

- a mulher mais bonita da noite era Jennifer Garner? e o homem mais bonito era James McAvoy?

- para o ano que vem, lembrar de ter E!.

22.2.08

ando tão à flor da pele que qualquer cena de minissérie me faz chorar...







e, enquanto isso, todo um apartamento sendo arrumado até as 5 da manhã.

21.2.08

20 de fevereiro





a maia e eu saímos pelo terceiro dia para um lanche, no início da noite. porque eu e a maia somos amigos, de forma rapidamente progressiva. ela me mostrou um lugar que eu não conhecia, mas no qual ela era muito conhecida. caiu uma chuva forte. nós bebemos cerveja e contamos nossas vidas passadas. eu falei de adolescência e desajuste. ela falou de planos sobre uma superfície.

a maia sabia do eclipse. e a mariana tem uma varanda grande, além de a gente amá-la. mas tinha chovido e onde estava o céu para o eclipse?

a gente comprou vinho para ver o eclipse e a mariana comprou a comida mais seca do mundo. a sala da casa dela é imensa e tem um gato com nome revolucionário. os astrônomos são foda! - as coisas acontecem exatamente na hora anunciada. o céu abriu enquanto a lua foi fechando.

há poesia em uma lata vazia de coca-cola e há algumas sincronicidades nas quais simplesmente não se pode acreditar. como assim Guillemots de um dia para o outro? mesa na varanda, mesa mais perto do céu. lua que ia fechando, taças grandes para vinhos tintos.

all of you e fred astaire fazendo cyd charisse dançar sem nem perceber, dobrando-a em música. chico buarque que nos une e nos transpassa e nos dá sentido, sempre. Pois eu sonhei contigo e caí da cama, ai, amor, não briga, ai, não me castiga, ai, diz que me ama, e eu não sonho mais.

tira as mãos de mim e põe as mãos em mim.

a lua fechava e ficava vermelha, em vez de escura. e a gente dava risada e chorava um pouco. dava risada e pensava se as linhas são retas, se os sentimentos perduram. falava de casamento(s) e completudes e faltas e dezenas de interditos. falava ou só pensava, porque a lua ia ficando vermelha.

00:01 é o primeiro minuto do dia que é e seria e estava sendo depois de hoje, que era o dia depois de ontem. e no qual havia um eclipse lunar total. o jornal era claro: uma condição tão favorável quanto esta para observar um eclipse lunar total não ocorrerá no Brasil até 2015. O próximo eclipse lunar total será em 21 de dezembro de 2010. O último havia ocorrido em 28 de agosto de 2007.

pouco tempo desde o último, tanto tempo até o próximo. 00:01 e esses astrônomos são foda! a lua estava inteirinha coberta e vermelha e depois alaranjada. ainda tinha vinho e ainda tinha muito assunto. porque o assunto tende a não acabar nunca, se pensar bem.

a lua fixou o eclipse e a gente queria uma foto. bateria fraca, dizia. você vai me odiar pra sempre por isso? não, amanhã tem centenas de fotos na internet. e a gente rindo alto e sofrendo baixinho. brincando de esconde-esconde no apartamento grande de luzes apagadas.

beatles. with a little help from my friends. me empresta seus ouvidos e eu te canto uma canção e eu vou tentar não cantar fora do tom.

Amelie Poulain é brega. eu adoro o brega. e quantas outras três pessoas realmente tiraram a noite para ver o eclipse, nessa cidade? da varanda, a cidade não tem fim, mas tem construções interessantes. a vila madalena é uma serra. eu quando leio sobre o tamanho das coisas no universo me deprimo na hora. quem não?

você não tem um binóculo? você acha que na minha casa tem tudo rafael? e um telescópio, talvez? velas na lareira, a lua que já começa a clarear de novo. muitas velas na lareira. dança do ventre e pandeiro. maia e mariana sabem tocar pandeiro. quantas pessoas se encontram, assim, sabendo tocar pandeiro? caleidoscópio, microfone. because the night belongs to lovers.

jogo da verdade que é só de mentira, melhor fechar a porta porque os vizinhos, como se sabe, reclamam do tocador de ipods.

dreams. uau! caio no sofá sem reação, mas a mariana insiste que a dolores canta essa música para ela. meus 11 anos, walkman, nem entendendo direito a letra. eu e maia já conversamos sobre adolescência e inadequação, mais cedo. my dreams, it's never quite as it seems, never quite as it seems. amores expressos, um mês para tê-la de volta, abacaxis enlatados com prazos de validade, chaves para abrir portas invisíveis, um amor mais que discreto, um apartamento que chora, duas califórnias, você quer uma passagem para onde? dreams em versão japonesa.

i know i've felt like this before, but now i'm feeling it even more, because it came from you.

tá tarde. a lua eclipsada volta ao normal. um filme pra montar, amanhã cedo. vamos, maia?



*



conheceram-se à noite, na efusividade intensa e fugidia que momentos etílicos proporcionam. um sempre tinha que acordar cedo. o outro dormia mesmo era tarde. eu sou o sol/ ela é a lua/ quando eu chego em casa/ ela já foi pra rua, foi a primeira canção que ele mandou. outras vieram depois, junto com outras coisas, quase sempre à noite. a lua que enchia e esvaziava, aparecia e escondia-se. que ficava brilhante ou alaranjada, alta e baixa, que trocava sempre de lugar. você consegue ver a lua aí de onde você está? você é bonito o bastante e bom o bastante, i wanna hold your hand. havia problemas, impedimentos e interditos. mas alguma outra coisa havia também. guarde segredo que te quero e conte só os seus pra mim.

no dia em que acharam por bem conversar - sóbrios - fizeram-no por duas horas e meia e sabiam que seria o início do fim. ou pelo menos uma suspensão.

na noite seguinte, sem aviso prévio, a lua passava por um eclipse total.

20.2.08

Eclipse lunar total é visível hoje a partir da meia-noite

Lua entrará na sombra da Terra e ficará com aspecto escuro e avermelhado

Segundo astrônomos, uma condição tão favorável quanto esta para observar outra vez o fenômeno não ocorrerá no Brasil até 2015


DA REDAÇÃO

A Lua entra em eclipse total na madrugada de hoje para amanhã entre 0h01 e 0h51 (horário de Brasília). O fenômeno -caracterizado pelo bloqueio da luz solar que chega ao satélite quando a Terra está na sua frente- será visível de todo o Brasil e de diversos países banhados pelo oceano Atlântico.

O que se observará não é um enegrecimento total da Lua; ela ficará avermelhada e mais escura. Isso ocorre porque, apesar de ela não receber luz solar direta durante o fenômeno, ela receberá raios solares que passam pela atmosfera terrestre e são desviados. Esse processo privilegia raios de luz com cores próximas ao vermelho.

Quem quiser observar todo o fenômeno terá de acompanhá-lo a partir das 21h34, quando começa o eclipse parcial. Neste processo, parte do satélite fica encoberto, com a aparência de um biscoito mordido.

Às 22h43 a Lua começa a entrar na umbra, a sombra total (veja quadro à direita). À 0h01, finalmente, nenhuma luz direta do Sol chega mais ao satélite natural da Terra. A Lua volta a entrar na zona de sombra parcial à 0h51, e o espetáculo acaba por completo às 3h17, quando a luz solar volta a incidir sem bloqueios na superfície lunar.

No período de entrada na sobra total da Terra -chamada pelos cientistas de umbra- a Lua deverá estar alta no céu da América do Sul, e por isso não será preciso procurar um local com horizontes muito amplos para ver o fenômeno.

Segundo astrônomos do Mast (Museu de Astronomia e Ciências Afins), do Rio de Janeiro, uma condição tão favorável quanto esta para observar um eclipse lunar total não ocorrerá no Brasil até 2015. O próximo eclipse lunar total será em 21 de dezembro de 2010. O último havia ocorrido em 28 de agosto de 2007.

É seguro observar o eclipse lunar a olho nu ou com telescópios amadores sem filtros. Há necessidade de filtros apenas no caso dos eclipses solares, que ocorrem quando a Lua passa na frente do Sol e bloqueia parte da luz que chega à Terra.

vale, vai?!, mesmo ruim...

13.2.08

11 de fevereiro





um filme em quatro dias, que talvez pudessem ter sido três. pessoas que acreditaram, por algum motivo, naquilo que você escreveu. um coletivo que trabalha não para uma pessoa, mas para uma idéia em comum.

porque a gente acredita na ilusão. por que a gente acredita no cinema?

pessoas que trabalham de graça, pessoas que trabalham por muito pouco dinheiro. pessoas que querem, talvez sem saber por que querem, ver a cena acontecer. ver o rolo na lata. ver o filme na tela.

tempo que sobra, tempo que falta. enquadrar e iluminar. ensaiar. atores que se descascam e se entregam a outras pessoas que eles nem conhecem. pessoas que eles inventam.

trabalhar para uma idéia, não para uma pessoa. porque ser diretor é basicamente reger. o contratante pode ser o próprio filme?

uma segunda-feira, último dia de uma filmagem ótima. calor, Santos, pessoas felizes que tomam sorvete. uma chuva que caiu, que deixou a areia molhada, um céu que quer fechar pra virar o melhor céu que um fotógrafo pode querer.

fazer um filme sobre uma pessoa que vai morrer. e que na verdade é você mesmo, disfarçado de personagem, projeção de uma outra pessoa que morreu de verdade. fazer o filme e morrer um pouquinho também? ou fazer o filme para viver?

levar 22 pessoas para filmar em uma praia que tem uma cidade atrás. e um céu nublado na frente. uma chuva que de repente resolve que quer vir e que se transforma em questão literal de minutos em uma tempestade tropical. um mar pacato que fica furioso, um vento que sopra o ar de uma vida inteira.

o tempo que não se vai mais ter, a pressa, 22 pessoas que não se conhecem ou se conhecem ou se conheceram correndo de um lado para o outro para fazer uma cena, embaixo de uma tempestade tropical que ainda não chegou, que chegará em um minuto. o toureiro diante do touro, os instantes antes do abismo. por que é tão importante uma cena que é só de mentirinha?

na areia, uma mãe, uma avó, um amigo querido que veste capa de chuva e está só de passagem. a última areia da ampulheta, a pressa, filmemos sem o cabo do som, filmemos sem ouvir, filmemos mesmo sem ver.

quase no mar, 20 pessoas em volta de dois atores que tem que dizer coisas tristes sob a tempestade, 7 km de praia que se esvaziam, todas as tonalidades do cinza. 11 minutos sem cortar, porque você não deve perder o impulso antes de pular para o outro lado (do abismo). vento, muito vento.

um rolo na lata. uma ameaça que não se cumpre, uma chuva que cai fraca, que pára de cair. o mar que volta à sua tranqüilidade, o vento que não venta mais.

um dia que acaba, uma luz que cai. dois atores que se amam de mentira pra poder dizer coisas tristes. relâmpagos que vêm sem trovões, mas que são ameaçadores o suficiente mesmo mudos.

uma cena refeita, 20 pessoas às voltas com metros de cabos e equipamentos caros. um picolé que vem, outro que vai. “o marco fez uma musica pra mim”, ele diz. “eu tomo conta do mundo pra você”, ela diz. e o marco fez uma música para mim.

sem vergonha em mudar tão rápido de idéia, um céu que abre e clareia. e um sol que inunda arrombando as retinas de quem vê uma praia de 7 km que a tempestade esvaziou. um ator que mergulha no mar, de pijama. uma luz que parece de outro mundo. um arco-íris sobre a baía. 22 pessoas muito felizes e meio tontas. se acreditássemos em forças superiores, poderíamos saber que elas existem.

um filme que acaba. e alguma coisa que aconteceu.

5.2.08

Oscar no Brasil?

O amigo Charly Braun incita à produção de uma lista na qual constem 5 indicados em diversas categorias para aquilo que seria um Oscar do cinema brasileiro.


Mesmo sabendo que não teve ainda a vergonha na cara de produzir uma lista dos melhores filmes de 2007, este blog aceita a brincadeira e aponta seus indicados.


Este Oscar Brasileiro oficial, organizado pelo Charly, só solta seus indicados (que passa por severos votos de um colegiado) em breve, mas ficam aqui minhas predileções pessoais.


Os (meus) vencedores serão anunciados no dia 23 de fevereiro. Combinado?


MELHOR FILME FICÇÃO
A Casa de Alice
Cão Sem Dono
Mutum
Saneamento Básico - o Filme
Tropa de Elite

MELHOR DOCUMENTÁRIO
Cartola
Pro Dia Nascer Feliz
Santiago
Jogo de Cena

MELHOR DIRETOR
Beto Brant e Renato Ciasca (Cão Sem Dono)
Chico Teixeira (A Casa de Alice)
João Moreira Salles (Santiago)
João Jardim (Pro Dia Nascer Feliz)
José Padilha (Tropa de Elite)


MELHOR ATOR
Douglas Silva (Cidade dos Homens)
Julio Andrade (Cão Sem Dono)
Rafael Raposo (Noel-Poeta da Vila)
Sidney Santiago (Os 12 Trabalhos)
Wagner Moura (Tropa de Elite)

MELHOR ATRIZ
Andréa Beltrão (Jogo de Cena)
Carla Ribas (A Casa de Alice)
Fernanda Torres (Saneamento Básico)
Priscilla Rozenbaum (Carreiras)

MELHOR ROTEIRO ORIGINAL
Antonia
A Casa de Alice
Não Por Acaso
Proibido Proibir
Saneamento Básico - o Filme

MELHOR ROTEIRO ADAPTADO
Cão Sem Dono
Cidade dos Homens
Mutum
Noel - Poeta da Vila
Tropa de Elite

MELHOR FOTOGRAFIA
Antonia
Baixio das Bestas
Cão Sem Dono
Santiago
Tropa de Elite

MELHOR EDIÇÃO
Antonia
Cão Sem Dono
Cidade dos Homens
Santiago
Tropa de Elite

MELHOR DIREÇÃO DE ARTE
Baixio das Bestas
A Casa de Alice
O Cheiro do Ralo
Cidade dos Homens
Noel - Poeta da Vila

MELHOR ATOR COADJUVANTE
André Ramiro (Tropa de Elite)
Lourenço Mutarelli (O Cheiro do Ralo)
Marcos Contreras (Cão Sem Dono)
Milhem Cortaz (Tropa de Elite)
Paulo José (Saneamento Básico)

MELHOR ATRIZ COADJUVANTE
Berta Zemmel (A Casa de Alice)
Camila Pitanga (Saneamento Básico)
Cássia Kiss (Não Por Acaso)
Dira Paes (Baixio das Bestas)
Janaina Kasmer (Cão Sem Dono)

MELHOR FIGURINO
Antonia
A Casa de Alice
Noel - Poeta da Vila
Tropa de Elite