Hoje, dia 20/03, é lua cheia.
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No início de 2005, Marco Dutra fez uma música para mim. Para Alice. Caetano Gotardo escreveu a letra intuitiva mais linda do mundo. E Mariana Aydar cantou.
Em maio de 2005, os três foram ao estúdio da MCR gravar Alice, dizer que rio que perde o chão é catarata (numa citação tão clara e tão obscura a Wong Kar Wai e seu Felizes Juntos), encher de beleza os sons e os filmes.
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Quando, em Relicário, Rodrigo, o protagonista, encontra só um amigo antes de morrer, ele encontra o Marco. Tocando piano.
Se Rodrigo é tão outro mas sou tão eu feito ficção, se tantos amigos há, por que eu encontraria somente o Marco?
Não sei.
Porque eu o amo. Porque ele me ensina coisas sobre a vida e sobre o cinema. Ou talvez porque ele fez uma música para mim. Duas, na verdade.
Agora há pouco, eu e Marco estávamos no estúdio da MCR e ele estava tocando no piano que Tom Jobim tocava, o mesmo piano ao qual ele já se afeiçoara em 2005.
Caetano apareceu para dar boas energias ao momento e estavam os dois ali, enfim, de novo, 3 anos depois.
Marco compôs uma linda peça para piano para um roteiro meu chamado Ismália que não foi feito e provavelmente nunca será. Mas que tranformou-se na música desse filme de agora, numa musica que é réquiem e é tão cheia de sentimento e vida.
Porque quando eu olhei para o Marco lá no fundo do estúdio, com fones de ouvido, sentado àquele piano tão grande e opressor, eu percebi a história acontecendo. A história pequena, a nossa, a de cineastas que fazem música para amigos que são outros cineastas e de outros cineastas que fazem letras ou às vezes não as fazem mas simplesmente estão presentes.
E eu amei ainda mais aquela música, talvez até mais esse novo filme, certamente mais aquelas pessoas. E a Sonatina, que um dia foi chamada de Rejeitada, está no centro da cena.
E ao Caetano, eu pude mostrar que, agora, as cataratas de Wong estão no filme em imagem. Talvez ninguém veja ou entenda. Mas eu sei que ele vai.
Porque Felizes Juntos é minha constante.
O cinema e a música são (nossas) minhas constantes.
Marco Dutra é minha constante.
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Hoje, dia 20/03, é aniversário da Diana. Antes de antes de ontem, foi o do Marco. E é lua cheia (porque, mesmo com eclipse, as luas cheias sempre voltam. entendeu?).
Para o Marco e para a Diana, que são duas das minhas pessoas preferidas, uma noite de lua cheia esplendorosa.
E uma música.
Porque Frank Sinatra definitivamente é minha constante (porque todos nós queríamos ser Frank Sinatra).
E que ele nos leve voando para a lua (cheia), preferencialmente de tapete voador. (em outras palavras, segure a minha mão...)
PS:
Cena prosaica em estúdio – pianista e observador.
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9 comentários:
escreve tão bem que até me faz chorar...
É engraçado como o mundo está cheio de sintonias paralelas. Hoje, vi pela primeira vez seu filme Alice e absorta na música, acabei parando aqui. Hoje, você e música.
Não sei expressar como estou encantada com a singularidade do filme e da canção. Parabéns você já deve ter recebido muito nesses 3 anos, então eu optei por: "Obrigada." Não sei o que sinto, mas ver o filme me trouxe um sentimento de gratidão. Gratidão pelos momentos. Mais uma vez: Obrigada.
que bonito isso. quem dera eu tivesse pra mim um amigo, também cineasta, que musicasse imagem minha.
que belo é Alice, o filme. que bela é Alice, a canção.
e que triste , Rafael,meu questionamento ter sido ignorado.
Oi, desculpa, eu fui na euforia e não me apresentei. Meu nome é Hanny, sou do Rio. POsso passar por aqui de vez em qd ou é um diário aberto só para amigos conhecidos?
Curiosidade, sobre constantes, vc vê Lost?
sempre quero ser o frank.
já fui o marco. quem sabe um dia não inventam um frank pra eu ser, in other words...
eu um dia me perdi
ninguém mais me achou em mim
(e a lua absurda sobre nós)
Caiu uma lagriminha...
Como faço para ouvir esta música?
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