Jorge Coli, no Mais!:
Como é possível alguém não se apaixonar por ópera? Esse é um mistério para todos os que descobriram o prazer que ela provoca. A ópera forma um mundo único, feito de formas ao mesmo tempo sutis e veementes, dirigidas às emoções e ao pensamento. Age sobre o ouvinte de maneira avassaladora.
Muita gente, no entanto, se irrita com ópera. As vozes lhes parecem poderosas demais e os sentimentos, excessivos. É que, nesse universo de grandes anseios, as palavras se incham, graças à música, com intensidade emotiva. Embebem-se de expressividade, crescem com a melodia, espalham suas significações pela orquestra. Ressoam para além daquilo que devem dizer, carregam-se de sentidos que, sozinhas, são incapazes de definir ou sequer de sugerir.
As convenções da ópera privilegiam as vozes e ignoram o físico ingrato de certos cantores, obrigados a representar no palco galãs sedutores ou donzelas anêmicas. Esse é um aspecto intolerável para alguns.
Os que a amam sabem que a música transfigura e que o aspecto grotesco de alguns artistas desaparece sob a beleza dos sons.
É verdade que hoje se busca, com freqüência, o "physique du rôle", e as montagens renovaram-se, atraindo novos espectadores e oferecendo outros critérios para o gosto. Este ponto é importante: a ópera é um gênero impuro, que mescla música, teatro, fascínio de cenários e de guarda-roupa suntuoso.
Pétala
Quem se apaixona por ópera tenta sempre o proselitismo. Não se conforma que outros sejam hostis ou indiferentes a essa forma de arte tão poderosa. Busca compartilhar em todas as ocasiões.
Eis, aqui, portanto, o meu proselitismo.
Ária para cortar os pulsos de hoje, Un Di Felice, La Traviata - Verdi.
(Croce e delizia al cor)
(vale de 1'28" a 5'03")
7.4.08
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