por INÁCIO ARAÚJO
A coisa mais impressionante nos melodramas de Douglas Sirk é isso que se pode chamar de "o olhar do cego".
Seus personagens, no entanto, nada têm de cegos, caso de Fred McMurray em Chamas Que Não Se Apagam.
Ele é um próspero industrial numa cidadezinha do interior, casado com Joan Bennett, que em outros carnavais já foi bem mulher fatal.
Mas quem surge (ou ressurge) na vida do industrial é ninguém menos que a atriz Barbara Stanwick, a essência da "femme fatale".
Ora, o bom homem ficará suspenso entre sua linda casa e seus belos filhos - ou seja, essa vida pacata e, vamos admitir, insossa que as coisas muito certinhas propiciam - e a tremenda atração que sobre ele exerce a outra.
Desde então ele vê, mas não enxerga o mundo: por mais que olhe, ele só vê a si memso, ali onde o mundo desmorona.
O melodrama é fundamentalmente isso: não uma choradeira, mas a percepção de que a vida realmente não perdoa.
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