Faz uma radiografia dos conflitos no Afeganistão que eventualmente culminaram no 11 de setembro, cobrindo a década de intensa disputa entre EUA e URSS, nos anos 80. Por isso, merece ser louvada - filia-se a um teatro político que não se furta em olhar criticamente para seu tempo (ou para seu passado recente) e que de uma forma ou de outra dá à cena uma camada específica de pertinência.
Mas é justamente na nobreza de seus ideais que o texto não se permite ser grande arte (como são as peças políticas de Tony Kushner, Casa/ Kabul, ainda impresso na memória recente, como exemplo paradigmático). Existe, em seus métodos, uma correção excessiva, um semi didatismo. Conta-se a história, mas sem o brio real de vigor dramatúrgico - ou humano, já que os personagens não movem seus dramas, mas atuam como peças do tabuleiro.
A crítica local adora e a lista entre as melhores coisas de 2011 (e faz sentido ao percebermos que o mea culpa norte-americano, no espetáculo, é brando). É compreensível que assim seja, já que se trata, como dissemos, de teatro competente, "excelente", até - além do texto claro e preciso, atores e aspectos técnicos todos em seus devidos lugares. Mas que não acende aquela faísca.
Resulta, assim, em algo como um relato jornalístico ficcionalizado, aos modos do new journalism, bem pesquisado, bem pensado, bem urdido, mas em que o autor estivesse na verdade só inventando - sem a força bruta da 'experiência real' e sem o refinamento intelectual e estético da grande carpintaria dramática.