6.2.05

CINEMATOGRÁFICAS 2

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De volta a Cate Blanchett, mas não só: é “Sobre Café e Cigarros”.

De como Jim Jarmusch trabalha o imaginário desses dois mitos já foi dito. Café e cigarro, a dupla, abarca cultura cinematográfica, sensualidade, solidão, depressão, êxtase, conversa, muita conversa.

São 11 curtas. Naturalmente, há o melhor e o menos bom. Episódios primos, “Primas” e “Primos?” são, sem dúvida, o ponto alto. Identidades bipartidas, atrizes bipartidas atuando consigo mesmas (ah, Cate Blanchett...), relações familiares, profissionais e estranhamentos. Tudo aqui, em duas cenas muito bem sacadas e de humor sutil e certeiro.


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“O Grito” assusta.

Mas é tão ruinzinho....


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“Sideways” não é necessariamente progressão na carreira de Alexander Payne. Baseado em uma primeira olhada, ainda gosto mais de seus filmes anteriores, “Eleição” e “As Confissões de Schmidt”. Mas esse é bom, bom, bom sem dúvida. Vemos cada vez menos filmes que tratam dores humanas com tanta verdade e tão bom humor. E que fazem observações agudas sobre o “american way of life” escrachando o que ele tem de patético e enternecendo o que ele tem de bonito.

Uma elegia ao fracasso, ou um grito contra a (de) pressão do sucesso a qualquer preço, temas em que este “Sideways” é variação dos longas anteriores do diretor. Mas quem disse que não se pode ser bom durante toda uma carreira trabalhando sempre no mesmo registro, ou sobre o mesmo tema??


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“Em Busca da Terra do Nunca” é simpático. Trilha sonora em abundância, ilustrando momentos de grandiloqüência ou de redenção, toques (ingênuos demais) de magia, na medida para agradar às crianças-dentro-dos-adultos-consumidores-da-cultura-de-massa. Infância, morte, amor e cachorros: quase impossível não cativar.

Hollywood sempre foi boa em fórmulas. Eis mais um filme formulaico, feito para ser bom, com o verniz de “sério” na medida para agradar em cheio votantes do Oscar e pessoas com coração mais distraído e menos preocupadas com as possibilidades artísticas do cinema.

Marc Forster, diretor de “A Última Ceia”, involuindo, fazendo em grande estilo sua celebração de cooptação pelo sistemão.

Diversão de primeira. Mas só isso.

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