A mais do que querida Mariana, sempre ela, fez observações reveladoras, que torno públicas não por vaidade, mas por serem, justamente, reveladoras. É bom reconhecer em outros a nossa personalidade artística, principalmente quando nós mesmos ainda não sabemos direito qual é, e ainda que esteja absolutamente em formação – e, tomara, em constante renovação.
Eis trecho de do e-mail da amiga:
“Não sei exatamente qual foi a sensação que senti quando passavam na imensa tela a minha frente os créditos finais de "Closer". A primeira fileira é ingrata, mas sinceramente, não fez a menor diferença neste caso. A reação era única.
Fui sabendo que assistiria um bom filme, mas duvidava se o acharia excelente. O poster anunciava Julia and Jude, um casal "água com açucar" de marca maior. Sem atentar para talentos interpretativos o que eu tinha em mente era apenas o caminho filmográfico de tijolos amarelos ($) que ambos resolveram traçar. Tinha lá suas poucas ressalvas.
Mas público é espelho e reflete de imediato o que recebe quando o filme começa. Dê-lhes a chance de sentir e vão. A de pensar e vão. A de julgar e vão. Closer me deu o que é dado a todo mundo todos os dias, como já sabia Roberto Carlos: o amor que rima com a dor, simples assim. Vida, o filme. Gostei demais. Não olhei no relógio.
Mas ali estava também uma outra percepção. Uma semelhança esquisita e bem vinda com um amigo meu. Um filme de pessoas, diálogos e situações, de sentimentos e reflexões simples, espertas e caprichadas. Sem truques. Sem atalhos. Com influência considerável do teatro.
Um pensar despretensioso sobre cada indivíduo que forma uma sociedade. Cada um cada um, desde que juntos.
Meu amigo também fazia coisas assim. Era como ver que havia ganho um edital milionário e ido ao exterior fazer seu primeiro filme bem pago e para uma platéia mundial.
Ali, ao meu ver, estava um longa metragem a "la Rafael Gomes". Um pouco escrito e um pouco dirigido por ele. Com tudo aquilo que ele discursa sobre e reafirma em alguns textos e roteiros ainda privilégios de uma pequena audiência. "Alice" também era um pouco daquilo.
Mike Nichols e Patrick Marber, em Closer, têm juntos um filho bastardo. Eu apresentaria meu amigo a eles assim. Um filho, não um irmão, porque o potencial está ali mas ainda falta o tempo de fazê-lo amadurecer.
Enfim, é como eu havia dito numa daquelas tardes agradáveis em Cajaíba: quando estamos sozinhos eu e você, somos três. Eu, você e a imagem que eu tenho de você.
E se esta estiver errada, saiba que ao menos é positiva.”
Bem, acho que preciso até rever “Closer”. Mas, de qualquer forma, já gosto mais dele.
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