O Festival do Rio 2005 seleciona “Alice”, entre outros 15 curtas-metragens, para a Premiére Brasil.
Muito alegre e paulista, vou ao Rio, para temporada de 4 dias.
No debate dos curtas-metragistas, o público pequeno de sempre, em se tratando de debates, porém atento. Finda a conversa, aproxima-se de mim João:
- Quando vocês falam “curta” e “longa”, qual a diferença?
Explico que se trata do tempo de duração dos filmes.
João, que ouvira a rigorosamente todos os debates que aconteciam na tenda do Festival, me diz que aquele que acabara de acontecer fora um dos que ele mais gostara.
Uma pessoa interrompe minha conversa com João para elogiar “Alice”. Agradeço, orgulhoso, e a pessoa logo se afasta. João prossegue:
- Porque eu sou uma pessoa que quando me elogiam, eu vejo aquilo como um incentivo pra eu melhorar sempre. Eu não sou desses que ficam se achando “por cima”, “o bom”, quando falam bem de mim. Eu acredito que a pessoa tem que sempre estar se aperfeiçoando naquilo que faz, sempre aprendendo.
E João não parou:
- Porque eu digo que agora sim o nosso cinema está bom. Os filmes passam no mundo todo, ganham prêmios.
Pergunto se ele assistira a algum filme do Festival. Ele responde que não, porque não dá tempo, não pode ausentar-se da Tenda onde acontecem os debates. Mas completa:
- Nas exibições de telão que tiveram aí pela cidade, recentemente, eu vi uns filmes que eu achei muito bons, que eu acho que conseguem tocar a gente. Eu vi “Guerra de Canudos”… vi também “Central do Brasil”… Vários, eu vi vários.
Digo a João para jamais parar de ver os filmes. E lamento o fato de ele não ter podido ver mais coisas no Festival para o qual trabalha.
João, técnico de som da Tenda, responsável por ajustar e regular os microfones e soltar a vinheta de abertura dos debates – tarefa que o faz não poder estar presente às sessões – termina nossa conversa:
- Porque eu sei que sou um cara que tem umas opiniões fortes.
E sorri, quase envergonhado por ter uma certeza sobre si mesmo.
Conversar com João pode ter sido uma das melhores coisas do Festival do Rio 2005.
PS: Quando perguntei por seu nome, não entendi se ele respondera "John" ou "João". Fiquei com a opção brasileira, sem, no entanto, descartar por completo a outra. No mais, peço perdão a João pela transcrição "de memória" de nossa conversa
7.10.05
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