2.11.05

Mostra - dia 9

01/11

MONGOLIAN PING PONG (China)
Nas deslumbrantes pradarias da Mongólia desenrola-se esse belo e contemplativo filme. Com um fiapo de trama - o que o aproxima ao cinema iraniano "de exportação" da última década - a atenção e a vontade de olhar se fazem largamente necessárias. Mas em seu passeio por uma cultura distante e em sua graciosidade narrativa há recompensas.
De 1 a 5, 3 e meio.

NINE LIVES (EUA)
Rodrigo Garcia quase faz uma parte 2 de "Coisas que você pode dizer só de olhar para ela", mas, apesar da estrutura episódica e de muitas das atrizes se repetirem, o diretor escapa desse alçapão por dois motivos que imediatamente se destacam. Narrativamente, em vez de contar pequenas história com começo, meio e fim, Garcia opta por instantâneos que, em sua intensidade, de forma melhor ou pior, dizem o essencial sobre as personagens em questão e suas vidas presentes. Em termos de linguagem, essa idéia é reforçada pela estética impecável, em planos-sequência. Todas as cenas do filme aparecem sem cortes, coesas e bem resolvidas em si, guiadas por uma steady-cam precisa. Com altos e baixos, é quase como se assistíssemos a diversos curtas-metragens, com discretos pontos de intersecção entre eles.
De 1 a 5, 3 e meio.

INFERNO (França/ Itália/ Bélgica/ Japão)
O espectador, aqui, é vítima fatal de suas próprias expectativas, por se tratar da segunda parte de uma trilogia idealizada por Kieslowski. Se Tom Tykwer filmou "Paraíso" com uma contenção para lá de respeitosa e reverente à obra do mestre, Danis Tanovic escancarou, sem cerimônia, a porta da delicadeza. Tudo neste "Inferno" parece exagerado. A trama não encontra sua respiração, a música engrandece o nada e a decupagem em muitos momentos simplesmente se faz sentir pela pobreza. Mas o pior mesmo é constatar a absoluta ausência de espiritualidade e simbolismos que transbordavam dos personagens para as imagens nos filmes de Kieslowski. Sim, a trama que se engendra é ótima. Mas é mal levada. Sim, este não é um filme de Kieslowski e sim de Danis Tanovic e sim, talvez seja um enorme erro esperar uma coisa onde se sabe que há outra. Mas, nesse caso, o sentimento é, alem de burro, plenamente inevitável - assim como a decepção.
De 1 a 5, 2.

POR DENTRO DA GARGANTA PROFUNDA (EUA)
Divertidíssimo documentário que sabe fazer muito bom uso de seu assunto e embalá-lo em um formato palatável. Superficial nas questões sérias pelas quais passeia, mas ainda assim um muito bem feito retrato do fenômeno pop/comportamental/social/referencial que foi o filme pornô "Garganta Profunda".
De 1 a 5, 3.

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