11.2.06

as idéias muito simples...

E eu fui a um show da Simone - coisa que, confesso, até terça-feira passada nunca tinha pensado em fazer. O autor da proeza foi Marcus Preto, que lançou essa isca que eu não resisti em fisgar.

Simone é nome único e definidor. Todos a conhecem, todos já tiveram contato, (quase) todos têm uma idéia formada do que seja a artista. Ela habita a vida musical brasileira há anos, seja em plenos holofotes, seja pelas bordas. Para cada cabeça que ouve o nome, portanto, há uma imagem clara associada.

Simone, não sei precisar exatamente como, faz parte de meu imaginário afetivo infanto-juvenil. Minha avó e seu indefectível aparelho de som, que jamais ficou desligado nas reuniões familiares, certamente leva grande parte dessa culpa. Mas fato é que a voz, o repertório e até mesmo o sotaque dessa cantora arretada está lá, fixado firme num cantinho do cérebro.

Mesmo cantinho que, com o passar dos anos, apregoou ao nome de Simone o rótulo de cafona. E isso, sem nunca sofrer uma análise racional ou mesmo emocionalmente cuidadosa, virou um conceito. Apressado e derivado do senso comum. Logo, o que se chama, grosso modo, de pré-conceito.

É fato que Simone congelou uma persona artística e uma musicalidade - que inclui sua dinâmica de apresentação ao vivo - advinda do estrondoso sucesso que ela fez nos anos 80. Mas é fato também que essa Simone é uma figura das mais legítimas, incrivelmente carismática e dona de bela voz e de talento interpretativo bastante vivo atrás da cafonice.

Zelia Duncan, fazendo participação especial no show de agora há pouco, disse que cantar no palco de Simone é uma daquelas coisas "que não tem preço nem nunca terá". E ir ao show de Simone e deixar-se contagiar por sua popularidade - no sentido de vocação ao popular, esse conceito tão amplo - é sem dúvida delicioso. Porque derrubar pré-conceitos é isso aí.

Minha avó, sem dúvida, ficará orgulhosa.


PS: Durante a apresentação da versão que Zelia Duncan fez para Simone cantar da canção "The Blower´s Daughter", a elegante e circunspecta senhora que comigo dividia a mesa imediatamente agarrou a mão de seu marido, a qual ela permaneceu acariciando durante toda a música. É o que não tem preço nem nunca terá.

Um comentário:

Anônimo disse...

sem crítica de match point? estranho.