7.2.06

cowboys gays

Em coisa de 15 minutos, minha irmã, minha mãe e minha avó, nessa ordem, me deram suas impressões sobre “O Segredo de Brokeback Mountain”.

Minha irmã não gostou de ver cenas de amor homossexual. Achava que “não precisava”, preferia não ter testemunhado. A situação foi piorada, ao que tudo indica, pelo fato de ela estar acompanhada de colegas irracionalmente homofóbicos.

Minha mãe se disse “aflita” pelas mesmas cenas. Pelo que parece, não foi das melhores experiências.

Minha avó, atenção, minha AVÓ, de 72 anos, achou tudo "muito bonito", muito sutil. Chamou de “muito delicada” a “paixão dos dois”. Não pôde deixar de notar que se tratava de um filme “diferente”. Mas incômodo? Nenhum.

Faz sentido, no Brasil de 2006, reacionarismos e bloqueios mentais fabricados, fracos e injustificáveis serem inversamente proporcionais aos anos vividos? Faz sentido que a presença de valores e costumes arcaicos, bem como a fraqueza de caráter perante imposições sociais vergonhosas, seja mais presente na “juventude da internet” do que nas pessoas nascidas em décadas anteriores?

Três gerações de mulheres da família em uma noite de verão rigoroso fazem a cabeça da gente dar algumas voltas...



(texto sobre o filme, em si, já foi publicado, e está em link na coluninha ali da direita ou aqui)

6 comentários:

miolo disse...

minha vó acharia o mesmo...
a juventude eh moralista no pior sentido da palavra

Anônimo disse...

seu ritmo me surpreende e impressiona :)

Anônimo disse...

ríspido. mas real.
só acho que a juventude atual é a mais propícia a desbloqueios mentais. só não é tão simples assim, abrir-se, sem pudores. mas ver, o que nunca se viu, já transforma, mesmo inconscientemente. a arte é sempre um risco.

beijo

Anônimo disse...

Cada vez melhor!!!!!

paula manzo disse...

rafa, você anda melhorando no texto hein? cada vez mais conciso e preciso. olha só, concordo..mais fácil achar dialogo na geração dos nossos avós do que na nossa própria. caso de estudo..provavelmente, a escola da vida. já viram tanto, que entendem as formas de amar. talvez, talvez.

mas você, olha só...continuo dizendo..escreve cada vez melhor.

Anônimo disse...

Bom, aqui vai a opinião de uma mulher um pouco mais nova do que as outras três citadas.
Particularmente, eu adorei a forma com que o amor homossexual (e creio que seja impossível ignorar o fato de ser uma amor entre dois homens, mesmo que pareça besta ter de imendar a palavra homossexual a palavra amor) foi demonstrado no filme. Brokeback Mountain poderia ter sido um grande fracasso, poderia ter sido xulo, um daqueles filmes que criticam a sociedade de maneira tola e explícita demais para poder ser considerado bom ou relevante.
E no entanto, não foi nada disso. Foi uma história de amor. Simples assim. Uma história de amor bonita e cativante sobre dois homens que por acaso se apaixonam.
Eu esperava ver um filme daqueles que tem uma linha tênue o separando do gênero porno chinchada, e acabei me envolvendo no filme, torcendo por eles e chorando por eles. Não por serem dois homens, e sim por serem dois seres humanos que estavam presos em um quarto sem portas nem janelas.