Pousar em Londres sem medo da gripe suína e esperando Fabiana - agora uma mulher londrina, prática e desembaraçada – vir buscar-nos. O carro por ela agendado chega e, passageiro do banco da frente, eu imediatamente faço menção de entrar no lugar do motorista – tão elementar quanto clichê não absorver de imediato que na Inglaterra, é claro, os lados são invertidos (e andar de “carona” ao lado esquerdo é, num primeiro momento, uma sensação bastante estranha).
Aproximar-se de Londres é ver dezenas de conjuntos residenciais com características arquitetônicas que só podiam mesmo situá-los aqui. E onde é possível enxergar um daqueles filmes de Mike Leigh, como “Segredos e Mentiras”, acontecendo ali na porta vizinha.
Tentar acomodar a vida temporária de três pessoas em um quarto de hotel não muito grande, pegar um daqueles famosos táxis pretos londrinos (“fale com o motorista sobre o seu destino antes de abrir a porta”, ensina Fabiana) e conhecer o apartamento dela carinhosamente apelidado (por seus moradores) de “Cingapura”.
Minha irmã compra bananas (e deixa bilhete para que nenhum dos outros 3 garotos que moram com ela as comam), lava a roupa na cozinha, toma banho em um chuveiro de onde não sai muita água, habita um quarto confortável e come sem problemas o macarrão requentado que seus colegas deixaram na panela.
Reencontrar Flávia, mais de 3 meses depois – e agora com o cabelo desbotado, mais Clementine do que nunca.
Comprar a revista Time Out, o mais rápido possível, porque essa agenda de teatro precisa ser decidida.
Comprar o bilhete de transporte público que vale pela semana toda. O metrô de Londres, aliás, numa primeira impressão, parece apenas correto. Os trens tem suas laterais baixas, assim como dizem que os novos trens paulistanos também tem. Mas os ônibus, ah, os ônibus... Todos os ônibus de todas as cidades do mundo queriam ser como os ônibus de Londres!
(and if a double decker bus/ crashes into us/ to die by your side/ is such a heavenly way to die)
Encontrar um bom câmbio e trocar dinheiro.
Jantar um jantar que ainda era almoço, porque o fuso horário nos acrescentou quatro horas.
Depois, andar meio a esmo e acabar em Piccadilly Circus, ruas talvez mais cheias do que o normal, porque sábado à noite de um feriado (na segunda) prolongado. Passar por Leicester Square (alo, alo, Ricardo!), entrar em um pub, tomar uma cerveja ruim, e conviver com um grupo irritante de mulheres.
Sentir muito sono, pegar dois dos ônibus 24 horas da cidade e voltar para o hotel.
4.5.09
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