25.10.09

Mostra - dia 2: o mundo imaginário de Elia Suleiman

24/10/2009















O Que Resta do Tempo, de Elia Suleiman (FRANÇA/ PALESTINA)
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Evolução do filme anterior do diretor, Intervenção Divina, é obra de mestre em diferentes aspectos. Visualmente, os enquadramentos são precisos, harmônicos, belos, estimulantes - contam a história em vez de só buscar emoldurá-la - e a direção de arte daquilo que é dado ver em cada plano é um primor. Mas nada disso teria o valor que tem não fosse o estofo dramático cuidadoso, agridoce, ao mesmo tempo gentil e implacável com a condição humana. E que cobre aproximadamente 60 anos de história com recortes precisos, cenas intensas que partem da observação de situações cotidiana quase sempre cômicas (por si ou a partir do patético que a seriedade e as "grandes questões" inevitavelmente contém) para nelas inserir o mundo e o flamejante contexto histórico das disputas territoriais entre judeus e palestinos.

Altiplano, de Peter Brosens e Jessica Woodworth (ALEMANHA/ BÉLGICA/ HOLANDA)
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Ao mesmo tempo que apresenta momentos de pensamento visual e dramático invulgar, mistura-os com digressões que não se alinham suficientemente bem na construção de uma espinha dorsal consistente. Mas no fim das contas, como disse a amiga Maia, "é um bom tapa-buraco."

Amor Em Trânsito, de Lucas Blanco (ARGENTINA)
*1/2
O assunto é tão batido quanto apelativo e inevitável: amores na cidade, histórias que se esbarram, encontros e acasos. Se há uma tentativa de esperteza na estrutura, há também muita banalidade e nenhuma novidade. Assiste-se sem dor, mas esquece-se tão rápido quanto.














O Mundo Imaginário de Dr. Parnassus, de Terry Gilliam (FRANÇA/ CANADÁ/ REINO UNIDO)
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Uma deliciosa confeitaria visual, um elenco de peso, uma obra de ambições imodestas e realização impecável. Provavelmente precisa de tempo para assentar no gosto e no intelecto, mas, no calor do momento, parece que não consegue efetivamente erigir uma narrativa que dê conta por completo de sua premissa nem das suas muitas idéias e conceitos que a rondam. Vê-lo é um pouco como a viagem que, na trama, é proposta através do mundo imaginário do título: trata-se de uma jornada fascinante, mas não espere trilhos - os prazeres estão flutuando. De qualquer forma, é um filme que, mesmo não convencendo por completo, impõe-se sem dificuldades sobre suas fraquezas.

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