5.10.11

cinematográficas

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Zanin, no Estadão de segunda, colocou com coesão e pontualidade tudo o que eu gostaria de dizer sobre Trabalhar Cansa. A ver:

Esse mundo em que somos oprimidos e opressores

Crítica: Luiz Zanin Oricchio

03 de outubro de 2011 | 3h 06
O Estado de S.Paulo

Da síntese de linguagens entre o realismo crítico e o fantástico nasce Trabalhar Cansa, de Juliana Rojas e Marco Dutra. A dupla opera com duas trajetórias divergentes na história de um casal. Ele foi demitido. Ela começa a realizar o objetivo de ter o próprio negócio.

Ao pesadelo de Otávio (Marat Descartes) opõe-se o sonho de Helena (Helena Albergaria). Pelo menos até que ambos se percebam mergulhados no mesmo beco sem saída. O filme trata do progressivo embrutecimento da dupla. Ele, com o desespero de ter perdido o papel de provedor. Ela, com a alternância para a posição de patroa, desumanizando-se no tratamento a seus empregados. O mercadinho de que agora ela é proprietária transforma-se em metáfora dessa progressão. Há uma umidade que não para de crescer e o ambiente vai tomando um ar de fantasmagoria crescente. É o estranhamento do mundo.

Não se trata de estranhamento aleatório e sim de um comentário político agudo sobre o nosso tempo. As relações entre patrões e empregados são regidas por um autoritarismo que contamina a todos. E, se a sociedade é democrática e hierarquizada, as corporações funcionam segundo preceitos fascistas - como já havia notado o francês Nicolas Klotz em A Questão Humana. Trabalhar Cansa segue a mesma trilha. É uma estreia brilhante.



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Missão Madrinha de Casamento coloca Kristen Wiig no lugar que é dela: sucesso de bilheteria e de crítica. Porque existe em seu humor, como atriz, essa sutileza e controle admiráveis (e uma disposição maravilhosa de ir ao histrionismo e às mais diversas personificações, como já aprendemos em Saturday Night Live). Mas também porque, como roteirista, é capaz de entregar um filme que namora, sim, com o clichê, mas que também o subverte espertamente sempre que possível, plantando curvas inesperadas na história, dilatando sensacionalmente os tempos do riso, concedendo a cinco outras ótimas atrizes cinco outros ótimos papeis e, o principal, sendo histericamente engraçado com um humor adulto cheio de som, fúria, honestidade (e por que não, alguma escatologia), que não nega sua essência desregradamente juvenil.



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Fora a indicação ao Oscar que Vanessa Redgrave provavelmente receberá (lembremos que, antes dela, Cate Blanchett e Judy Dench já faturaram alto nessa seara, interpretando o mesmíssimo papel), fica a pergunta:

- SERÁ??



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