27.10.11
diários da Mostra - dia 5: a surpresa que (sempre) vem da França
LOVERBOY
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Tem política, tem aspectos morais, tem um roteiro que não faz feio, mas é mais simples do que isso: Loverboy é muito chato.
GOSTO DE OLHAR AS MENINAS
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É quase uma certeza: a França sempre nos dará bons presentes. Em Mostras passadas, para ficar em exemplo imediatos, houve Segunda-Feira de Manhã, Mudança de Endereço ou A Família Wolberg, puxados assim sem maiores referências ou expectativas de dentro do turbilhão da programação. Aqui, de novo, este Gosto de Olhar as Meninas vem provar que podemos contar com os franceses. Uma crônica da adolescência passada nos anos 80, mas com ares de atemporalidade, que deixa a dimensão íntima e subjetiva ser penetrada (e retroalimentada) pela política da vida - coletiva, familiar e pessoal. Que não se pense em sisudez, no entanto. A colisão de forças sociais é só um justo pano de fundo para mais uma sensível história de amadurecimento que se safa brilhantemente de ser só 'mais uma'. Pelo roteiro afiado, sempre sugerindo e desviando do lugar comum, farto em surpresas e finos pontos de observação que resultam em deliciosas cenas e tiradas cômicas. Pela honestidade da história e por sua condução sensível e inteligente (em desenvoltura dramática tanto quanto em aspectos estéticos, por exemplo), que possibilitam um fluxo dramatúrgico tomado pela relação de afeto entre espectador e obra. E por um protagonista inefavelmente carismático.
TAXI DRIVER
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Re-visto em meio à maratona, ainda que em projeção digital de péssimos resultados, o que mais impressiona não é nem o controle absoluto que Martin Scorcese e Robert De Niro possuem, cada um de sua função. É a forma como a perturbação, o incômodo e o mal estar vão penetrando discreta e epidermicamente no espectador, cena a cena, tirando progressivamente o mundo do lugar, maculando-o com manchas irreversíveis. O que, no fim das contas, é justamente um atestado do controle e da grandeza do trabalho de Scorcese e De Niro - e de todos os demais colaboradores do filme, sejamos justos (ah, e Jodie Foster, já um pequeno assombro aos 13 anos...).
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