7.11.09

Mostra - dia 12: o retorno de um grande fazedor de filmes

03/11/2009















Seguindo Em Frente, de Hirokazu Kore-Eda (JAPÃO)
* * * * 1/2
Obrigado, Kore-Eda, por voltar! Depois da enormidade do conjunto constituído por Maborosi, Depois da Vida e Ninguém Pode Saber, e da inexpressividade de Hana, este grande cineasta japonês retorna à sua melhor forma. Aqui, como disse algum crítico, seu grau de depuração é tamanho que se tem a impressão de se assistir à vida ela mesma. Mas justamente pela qualidade e minuciosidade da fabulação dramática e de um trabalho de decupagem cinematográfica nunca menos do que perfeito (é impressionante como cada momento, ação e sentimento materializam-se em toda sua essência e fazem pleno sentido devido ao posicionamento exato da câmera - o que parece simples, mas é uma arte e tanto) é que Seguindo Em Frente impõe com tanta beleza sua humanidade alentadora. O mosaico de pequenos gestos e acontecimentos, durante um curto período de 24 horas no encontro entre três gerações de uma família, faz esquecer que o histrionismo possa existir nas tantas histórias de premissa semelhantes que o cinema já contou - a simplicidade é o tom exato e desvia de qualquer ranço de tédio. É na verdade de simplesmente ser - e das experiências passadas acumuladas que sempre resultam no estado presente - que está o esmero da dramaturgia em dar conta de algo tão pequeno e tão enormemente fundamental como a perpetuação da raça humana através de seus descendentes (e os vários solavancos desse processo).


Aviões de Papel, de Simon Szabó (HUNGRIA)
*
Depois de meia hora sem QUALQUER capacidade de construção de personagem ou de exposição de acontecimentos minimamente interessantes, optei pelo sono.


A Oeste de Plutão, de Henry Bernadet e Myriam Verreault (CANADÁ)
* * 1/2
Personagens reluzem nos primeiros 10 minutos de filme como fogos de artifício. Através de um expediente de linguagem tão simples quanto eficaz, ficamos conhecendo e simpatizando com as múltiplas personalidades adolescentes apresentadas. Mas a trama que os une dali em diante desenvolve-se de forma predominantemente superficial, não dando vazão à luminosidade, possibilidades e complexidades que o início faz vislumbrar. Não dói, mas tampouco empolga.

Um comentário:

Carlos disse...

Belo apanhado da Mostra. fico com inveja de não tê-la acompanhado assim e perdido tantos filmes rsrsrs.
Achei interessante vc sair no meio da sessão de Voluntária Sexual, o melhor filme que vi na Mostra e que acabou sendo o vencedor da mesma.Opiniões afinal, mas a recusa de um filme acaba inviabilizando a discussão sobre ele.
Parabéns pelas idéias e blog.