14.12.09

O MELHOR DO TEATRO EM 2009




Foram 86 peças vistas em palcos paulistanos. A maioria estreadas na cidade esse ano, outras “repescadas” do ano anterior. Algumas montagens originais, outras que já haviam feito temporadas em seus estados de origem. Para completar, algumas produções estrangeiras, reflexo de iniciativas como “América em Recortes – o Teatro Chileno Em Evidência” e o Ano da França no Brasil.

Em algumas categorias aleatórias e refletindo absolutamente nada além do gosto e da apreciação subjetiva desse signatário, seguem os melhores do teatro em 2009, acompanhados de alguns apontamentos esparsos.


  • Foi um grande ano para atuações femininas, em papeis coadjuvantes e protagonistas. Especialmente as duas atrizes empatadas como melhores, vale dizer, foram simplesmente arrebatadoras, inacreditáveis, de tirar (todo) o fôlego.

MELHOR ATRIZ COADJUVANTE

Camilla Amado, Sonho de Outono

  • Clarice Abujamra, As Meninas

Luciana Carnieli, em Vestido de Noiva

Sabrina Kogut, Avenida Q


MELHOR ATRIZ

  • Andréa Beltrão, As Centenárias

Betty Faria, Shirley Valentine

Cássia Kiss, Zoológico de Vidro

Dominique Blanc, La Dolleur

  • Gisele Fróes, Rock’n’Roll

Lavínia Pannunzio, Honey


  • Não foi um grande ano para atuações masculinas. Atores veteranos mostraram o que já sabíamos que eles podiam fazer, enquanto outros foram além do que poderíamos esperar. Mas não lembro de ter sentido-me realmente embasbacado pelo trabalho de um ator da mesma forma que determinadas atrizes foram capazes de fazer.


MELHOR ATOR COADJUVANTE

Fred Silveira, Avenida Q

Marcelo Andrade, Memória da Cana

  • Oscar Saraiva, Hamelin

Sidney Santiago, Ensaio Sobre Carolina


MELHOR ATOR

André Dias, Avenida Q

Chico Carvalho, Réquiem

Felipe Rocha, Ele Precisa Começar

Luis Mármora, Gardênia

Otávio Augusto, Rock 'n' Roll

  • Sérgio Britto, A Última Gravação de Krapp/ Ato Sem Palavras I


MELHOR ESPETÁCULO

As Centenárias

La Dolleur

Escuro

  • Neva

Rock 'n' Roll

Zoológico de Vidro


PRÊMIO ESPECIAL DO JÚRI

  • As Centenárias, pelos inúmeros prazeres do espetáculo como um todo, com ênfase no belo texto de Newton Moreno e na sempre criativa e surpreendente mão do diretor Aderbal Freire Filho;
  • Escuro, pelo frescor, pela delicadeza do bordado humano empreendido por um elenco coral e reluzente e pela inteligência estética da cenografia, luz e principalmente da direção.

  • Quartett, pelo gigantismo, pela força incontornável dos protagonistas e da encenação, pela magnanimidade, enfim.
  • X Moradias, por ser um evento de vivência teatral realmente inigualável;


MENÇÕES HONROSAS

  • para a sintonia, o explosivo talento e a afinação precisa entre Paula Zúñiga, Trinidad González e Jorge Eduardo Becker, elenco de Neva e Diciembre.
  • para Hamlet-Máquina, pela improvável e certeira fusão de talentos cênicos que empreendeu;

  • para o verdadeiro gênio cômico de Marcelo Médici, descoberto com atraso em O Mistério de Irma Vap.

  • para a estatura de Fernanda Montenegro e tudo o que representa, na história da arte brasileira e dentro de nós, vê-la atuar em Viver Sem Tempos Mortos.

  • para a concepção e execução cenográfica de Memória da Cana.
  • para a experiência sentimental elevada a outro patamar, a partir do manto do ‘documentário cênico’, por Janaína Leite e Felipe Teixeira Pinto em Festa de Separação.

  • e para dois espetáculos de anos anteriores, mas que tiveram suas muitas qualidades descobertas somente nesse: Cachorro Morto e Palhaços.

OUTRAS COISAS REPLETAS DE SEUS PRAZERES

  • o desabuso de Avenida Q, com atores de musicais que são atores de verdade;
  • a brejeirice doce e irresistível de Dona Flor e Seus Dois Maridos;
  • a sensibilidade e a linguagem de cena poética de Gardênia;
  • o jogo cerebral e meta-teatral de Hamelin;
  • a concisão de Natureza Morta, levada pela entrega da atriz Anna Cecília Junqueira;
  • a dobradinha de Juliana Galdino em O Quarto e Comunicação A Uma Academia;
  • a potência da verdade sem disfarces de Julia Lemmertz em Maria Stuart.

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