Antes desse blog voltar à sua proposta original, só mais uma:
Na festa de encerramento do Festival de Toulouse, no sábado, Nico, um dos muitos conhecidos, me disse com entusiasmo:
- Eu vi seu filme hoje!
Ao que eu respondi:
- Que bom! Eu bem que te vi na platéia...
E ele, bastante desapontado:
- Mas é melancólico!
Eu, sem entender exatamente a decepção, faço cara de incógnita. Ele:
- É que você não é melancólico. Está sempre sorrindo, animado...
Eu, já o compreendendo melhor:
- Ah... É que por trás do sorriso há melancolia.
27.3.06
25.3.06
depois do fim - that's all, folks!
so nao se perca ao entrar
no meu infinito particular
nao pense por favor
que eu nao sei dizer
que é amor
tudo o que sinto por voce
todo corpo que tem um deserto
tem um olho de agua por perto
quem de voces resiste a uma tentaçao
quem pretende revogar a lei do coracao
deixa o coracao
ter a mania de insistir em ser feliz
se o amor é o corte e a cicatriz
pra que tanto medo?
quando um descaminho acha o seu desvio
tudo se alivia
nao me torture
nao simule
nao me cure
de voce
deixa o amanha dizer
e, finalmente:
coisas a se transformar
para desaparecer
e eu pensando em ficar
a vida a te transcorrer
é, senhores... A srta. Monte ainda sabe o que diz.
E fica, portanto, com as palavras finais.
Mais uma vez, foi um prazer recebe-los.
estou entre o adeus
e a contrapartida
no meu infinito particular
nao pense por favor
que eu nao sei dizer
que é amor
tudo o que sinto por voce
todo corpo que tem um deserto
tem um olho de agua por perto
quem de voces resiste a uma tentaçao
quem pretende revogar a lei do coracao
deixa o coracao
ter a mania de insistir em ser feliz
se o amor é o corte e a cicatriz
pra que tanto medo?
quando um descaminho acha o seu desvio
tudo se alivia
nao me torture
nao simule
nao me cure
de voce
deixa o amanha dizer
e, finalmente:
coisas a se transformar
para desaparecer
e eu pensando em ficar
a vida a te transcorrer
é, senhores... A srta. Monte ainda sabe o que diz.
E fica, portanto, com as palavras finais.
Mais uma vez, foi um prazer recebe-los.
estou entre o adeus
e a contrapartida
fim
Os dias passam e o animo de fazer grandes relatos vai arrefecendo.
A sexta-feira, em Toulouse, teve um passeio solitario por toda a cidade (depois que Sandra e Francesca me deram o cano), teve o muito bom filme El Custodio, da Argentina, teve jantar com bastante vinho, teve chuva, teve um roteiro de 3 min nascido como que por milagre, teve passada rapida na festinha e teve ipod com a bateria descarregada.
Seis dias em Toulouse e a casa de Helene ja parece a minha, ja sei como e quando vou acordar e dormir, onde vou comer, as pessoas que encontrarei.
Jah me parece absolutamente cotidiano o caminho que me leva pela madrugada fria, a pé, da Amanita Muscaria, local das festas, a casa onde me hospedo.
E jah sei com que sentimento no coracao vou fechar os olhos no travesseiro quadrado que me foi concedido e sei que vou adormecer ouvindo musica e acordar horas depois em cima dos fones.
Em alguns festivais internacionais, os premiados sao anunciados pela manha, e vao para a cerimonia de premiacao, a noite, jah sabendo se saem de lah com trofeus. Aqui é assim.
Hoje, sabado, houve a segunda e ultima sessao de Alice, ao meio dia. Uma semana em Toulouse a na platéia jah ha muitas caras conhecidas, transmitindo carinho na forma de presença. E, novamente, pessoas emocionadas ao final - que sao o proposito mesmo para o qual o filme é feito.
Saio da sessao diretamente para o anuncio dos premiados. Sempre digo que quando estou presente, nao ganho premios. Continua sendo verdade. Como eu havia previsto, o melhor curta foi 2 Icebergs, do Chile, com mencoes para Dime Lo Que Sientes, do Mexico.
Dos brasileiros, o documentario Estamira ganhou o premio principal em sua categoria. Dizem que muito merecidamente.
&
As proximas horas terao ainda a arrumacao das malas, a entrega dos premios, seguida por sessao de Cinema, Aspirinas e Urubus, a festa de encerramento, uma noite com poucas horas de sono, um trem para Paris e dois avioes, o primeiro para Nova York e de lah para Sao Paulo.
Chego em casa amanha às 9:40.
E aqui basicamente acaba esse relato de 19 dias.
A partir de segunda, esse blog perde a "pessoalidade" e volta a prestar (maus) serviços de vigilia cultural.
Para os que quiserem saber como tudo continua, estarei disponivel, soh que ao vivo.
E vale a nota de que, assim que pisar em Sao Paulo, meu numero telefonico celular serah outro. Serao devidamente comunicados da mudança todos que devem ser.
Os que acompanharam carinhosamente, sintam-se beijados, abraçados e queridos.
E muito obrigado pela audiencia.
A sexta-feira, em Toulouse, teve um passeio solitario por toda a cidade (depois que Sandra e Francesca me deram o cano), teve o muito bom filme El Custodio, da Argentina, teve jantar com bastante vinho, teve chuva, teve um roteiro de 3 min nascido como que por milagre, teve passada rapida na festinha e teve ipod com a bateria descarregada.
Seis dias em Toulouse e a casa de Helene ja parece a minha, ja sei como e quando vou acordar e dormir, onde vou comer, as pessoas que encontrarei.
Jah me parece absolutamente cotidiano o caminho que me leva pela madrugada fria, a pé, da Amanita Muscaria, local das festas, a casa onde me hospedo.
E jah sei com que sentimento no coracao vou fechar os olhos no travesseiro quadrado que me foi concedido e sei que vou adormecer ouvindo musica e acordar horas depois em cima dos fones.
Em alguns festivais internacionais, os premiados sao anunciados pela manha, e vao para a cerimonia de premiacao, a noite, jah sabendo se saem de lah com trofeus. Aqui é assim.
Hoje, sabado, houve a segunda e ultima sessao de Alice, ao meio dia. Uma semana em Toulouse a na platéia jah ha muitas caras conhecidas, transmitindo carinho na forma de presença. E, novamente, pessoas emocionadas ao final - que sao o proposito mesmo para o qual o filme é feito.
Saio da sessao diretamente para o anuncio dos premiados. Sempre digo que quando estou presente, nao ganho premios. Continua sendo verdade. Como eu havia previsto, o melhor curta foi 2 Icebergs, do Chile, com mencoes para Dime Lo Que Sientes, do Mexico.
Dos brasileiros, o documentario Estamira ganhou o premio principal em sua categoria. Dizem que muito merecidamente.
&
As proximas horas terao ainda a arrumacao das malas, a entrega dos premios, seguida por sessao de Cinema, Aspirinas e Urubus, a festa de encerramento, uma noite com poucas horas de sono, um trem para Paris e dois avioes, o primeiro para Nova York e de lah para Sao Paulo.
Chego em casa amanha às 9:40.
E aqui basicamente acaba esse relato de 19 dias.
A partir de segunda, esse blog perde a "pessoalidade" e volta a prestar (maus) serviços de vigilia cultural.
Para os que quiserem saber como tudo continua, estarei disponivel, soh que ao vivo.
E vale a nota de que, assim que pisar em Sao Paulo, meu numero telefonico celular serah outro. Serao devidamente comunicados da mudança todos que devem ser.
Os que acompanharam carinhosamente, sintam-se beijados, abraçados e queridos.
E muito obrigado pela audiencia.
24.3.06
mais
E a noite, na festa, um argentino feliz me viu e veio gritando:
O rapaz do Brasil que erra as palavras!
Sao reflexos tardios daquela historia de terça-feira, do jornalzinho eletronico do Festival (que, devido a minha "popularidade", queria me gravar novamente, dessa vez numa conversa com Marcelo Gomes sobre Cinema, Aspirinas e Urubus. Seria de Gomes pra Gomes, disseram. Mas Marcelo nao chegou a tempo...)
O rapaz do Brasil que erra as palavras!
Sao reflexos tardios daquela historia de terça-feira, do jornalzinho eletronico do Festival (que, devido a minha "popularidade", queria me gravar novamente, dessa vez numa conversa com Marcelo Gomes sobre Cinema, Aspirinas e Urubus. Seria de Gomes pra Gomes, disseram. Mas Marcelo nao chegou a tempo...)
23.3.06
coracao materno
Sobre as 6 cuecas Mash que minha mae me comprou antes de eu sair em viagem, nao sei se o melhor é o fato de elas serem confortaveis e macias, o fato de nao parecerem sujar nunca ou o fato de que causam o milagre de me tornar extremamente sexy sem roupa.
duas observaçoes
1)
Toda noite, antes da sessao das 20h na Cinemateca, projeta-se o jornalzinho do festival, que anuncia as atracoes do dia seguinte.
Quando me entrevistaram, ainda no domingo, me pediram pra falar uma frase em frances, que eu fiquei treinando e errando antes de fazer valendo.
Quando eu percebi que a simpatica cinegrafista havia gravado o meu "treino", pensei na hora: me ferrei, vou virar piada.
Foi EXATAMENTE o que aconteceu.
Nao vi, mas todo mundo veio comentar comigo que a sala deu boas risadas às minhas custas. Mas risadas "amaveis", garantiram. Nada de escarnio. E o lado bom? Todos lembrariam de mim. Assim justificaram-se os responsaveis.
2)
De repente, num flash, lembrei que, na noite de terça, quando me rotularam de "o bebe" do festival, porque sou o mais novo entre os invitados, eu prometi, num impulso, que, se ganhasse um premio, tirava a barba.
Espero que a pessoa que ouviu a promessa - que eu nao sei quem foi - nao se lembre.
Toda noite, antes da sessao das 20h na Cinemateca, projeta-se o jornalzinho do festival, que anuncia as atracoes do dia seguinte.
Quando me entrevistaram, ainda no domingo, me pediram pra falar uma frase em frances, que eu fiquei treinando e errando antes de fazer valendo.
Quando eu percebi que a simpatica cinegrafista havia gravado o meu "treino", pensei na hora: me ferrei, vou virar piada.
Foi EXATAMENTE o que aconteceu.
Nao vi, mas todo mundo veio comentar comigo que a sala deu boas risadas às minhas custas. Mas risadas "amaveis", garantiram. Nada de escarnio. E o lado bom? Todos lembrariam de mim. Assim justificaram-se os responsaveis.
2)
De repente, num flash, lembrei que, na noite de terça, quando me rotularam de "o bebe" do festival, porque sou o mais novo entre os invitados, eu prometi, num impulso, que, se ganhasse um premio, tirava a barba.
Espero que a pessoa que ouviu a promessa - que eu nao sei quem foi - nao se lembre.
e mais Toulouse
Quarta-feira, em Toulouse, acordei tarde, jah que a festa da noite anterior avançou pela madrugada.
Era dia de sessao de "Alice", as 18h e fiquei fazendo basicamente nada ate a hora.
Vi, em DVD, um curta concorrente, do México, chamado Dime Lo Que Sientes. Era bom.
As 18, entao, na Cinemateca, a sala principal do Festival, sessao de "Alice" precedendo o longa Sabado, una pelicula em tiempo real, do Chile, que tinha uma idéia bastante interessante bem realizada.
Em nenhuma sessao a que compareci, aqui, houve palmas ao fim da projecao - a nao ser as que eu mesmo puxei para Derecho de Familia. Nao sei se é cultural, se eles nao gostam mesmo dos filmes ou se soh aplaudem quando acham realmente espetacular.
Assim, vale dizer que nao houve aplausos ao fim de "Alice", assim como nao houve ao fim do longa.
Mas a sala estava cheia, com cerca de 150 pessoas, e vi diversos vultos levantando-se e saindo logo depois do curta - eram meus amigos voluntarios tirando 15 minutos de folga para me prestigiar.
A reacao das pessoas foi excelente. Os amigos, os colegas, um critico italiano, o juri universitario, a moça que trabalha no bar, todos tinham uma palavra bonita, um sentimento afetuoso e muitas perguntas. Os mais entusiasmados diziam que recomendariam para outros verem no sabado. E os que nao puderam ver me disseram que ouviram falar bem.
A pergunta que TODOS fazem?
- Mas a idéia veio de onde? é baseado em uma experiencia pessoal?
O que o povo quer saber, minha gente, é sobre a vida alheia!
Me sentei sozinho para jantar e TODO o juri veio sentar-se a meu lado. Apresentaram-se e disseram, com bom humor mas nao sem razao: You have to be nice to us. Sim, tenho.
Conversamos sobre o cinema do mundo.
Logo em seguida, fui representar Impar Par na sessao Ecran Libre, uma mostra informal de curtas que acontece numa espécie de galeria. As pessoas sentam-se em sofas, almofadas, jogam-se no chao. Mas todas parecem bastante interessadas em ver os filmes. Havia cerca de 40 delas.
Disse, em espanhol mal falado, as palavras que Esmir me pediu pra dizer e tive que sair correndo para participar de um programa sobre cultura brasileira na radio local, que entrevistou a mim e a Gustavo Acioli.
Na sequencia, demos uma passada rapida no After, que é como eles chamam a festinha de toda noite. Muito calor e muito, muito cigarro (alo, alo, Loca!) num espaço de dois andares apertadinho.
E foi isso.
Era dia de sessao de "Alice", as 18h e fiquei fazendo basicamente nada ate a hora.
Vi, em DVD, um curta concorrente, do México, chamado Dime Lo Que Sientes. Era bom.
As 18, entao, na Cinemateca, a sala principal do Festival, sessao de "Alice" precedendo o longa Sabado, una pelicula em tiempo real, do Chile, que tinha uma idéia bastante interessante bem realizada.
Em nenhuma sessao a que compareci, aqui, houve palmas ao fim da projecao - a nao ser as que eu mesmo puxei para Derecho de Familia. Nao sei se é cultural, se eles nao gostam mesmo dos filmes ou se soh aplaudem quando acham realmente espetacular.
Assim, vale dizer que nao houve aplausos ao fim de "Alice", assim como nao houve ao fim do longa.
Mas a sala estava cheia, com cerca de 150 pessoas, e vi diversos vultos levantando-se e saindo logo depois do curta - eram meus amigos voluntarios tirando 15 minutos de folga para me prestigiar.
A reacao das pessoas foi excelente. Os amigos, os colegas, um critico italiano, o juri universitario, a moça que trabalha no bar, todos tinham uma palavra bonita, um sentimento afetuoso e muitas perguntas. Os mais entusiasmados diziam que recomendariam para outros verem no sabado. E os que nao puderam ver me disseram que ouviram falar bem.
A pergunta que TODOS fazem?
- Mas a idéia veio de onde? é baseado em uma experiencia pessoal?
O que o povo quer saber, minha gente, é sobre a vida alheia!
Me sentei sozinho para jantar e TODO o juri veio sentar-se a meu lado. Apresentaram-se e disseram, com bom humor mas nao sem razao: You have to be nice to us. Sim, tenho.
Conversamos sobre o cinema do mundo.
Logo em seguida, fui representar Impar Par na sessao Ecran Libre, uma mostra informal de curtas que acontece numa espécie de galeria. As pessoas sentam-se em sofas, almofadas, jogam-se no chao. Mas todas parecem bastante interessadas em ver os filmes. Havia cerca de 40 delas.
Disse, em espanhol mal falado, as palavras que Esmir me pediu pra dizer e tive que sair correndo para participar de um programa sobre cultura brasileira na radio local, que entrevistou a mim e a Gustavo Acioli.
Na sequencia, demos uma passada rapida no After, que é como eles chamam a festinha de toda noite. Muito calor e muito, muito cigarro (alo, alo, Loca!) num espaço de dois andares apertadinho.
E foi isso.
22.3.06
FINALMENTE!!!
E, FINALMENTE, ouço, com o coraçao flutuando, todas as 13 cançoes de Infinito Particular (alo, alo, alo, Daniel Ribeiro! Talvez eu jamais possa te agradecer o bastante!)
Nao dah pra dizer nada ainda, a nao ser que Vilarejo e Até Parece sao pop irresistivel.
E que, evidentemente, ha uma preferida imediata, que no instante mesmo da primeira audicao me embalou numa cama sonora levinha e ofereceu à alma belezas incuraveis.
Pelo Tempo Que Durar, claro.
Nao dah pra dizer nada ainda, a nao ser que Vilarejo e Até Parece sao pop irresistivel.
E que, evidentemente, ha uma preferida imediata, que no instante mesmo da primeira audicao me embalou numa cama sonora levinha e ofereceu à alma belezas incuraveis.
Pelo Tempo Que Durar, claro.
Toulouse - parte 3
O frio me desencoraja a acordar cedo - o que eu pretendo mudar daqui pra frente.
Tomo café da manha com Helene, a pessoa que me hospeda, e conversamos sobre o cinema do mundo.
Vou a Cinemateca jah na hora do almoco.
A tarde, o filme é Derecho de Familia, de Daniel Burman, da Argentina.
Nao é de hoje que gosto muito dos filmes de Burman. Esperando o Messias era um pequeno enorme filme e O Abraço Partido, apesar de alguns pequenos pesares, era também muito bom.
Em Derecho, ele continua fazendo o que faz melhor - uma apuradissima observacao do cotidiano, dos pequenos atos, dos sentimentos essenciais com os quais lidamos diariamente, sempre com um olhar dos mais ternos e apto a captar toda a comicidade presente nas situacoes mais banais e verdadeiras.
Nesse novo filme, a figura do pai é novamente o centro, como ja o era em Abraço, soh que sob outra perspectiva. Daniel Hendler, ator habitual de Burman, mais uma vez apresenta uma performance irrepreensivel, como um filho que aprende q ser pai e, assim, reaprende a ser filho.
A dramaturgia estah tinindo, os sentimentos sao os mais honestos e a linguagem é precisa e economica - resolve-se cenas inteiras com apenas um plano muito bem feito.
Riso e choro, num cinema arejadamente classico. Enfim, excelente!
O jantar, suas garrafas abundantes de vinho e todas as 103 novas amizades feitas sentado ali mesmo na mesa me fizeram dar o cano na sessao de Incuraveis, do colega Gustavo Accioli.
Mas me levaram, nas horas posteriores, a aprofundar ainda mais a mistura de frances, espanhol, portugues e ingles que eu venho falando, tudo ao mesmo tempo, quiçah na mesma frase.
E houve muita risada, salsa dançada como se fosse forroh, opera cantada em italiano (sim, por mim), tombo de bicicleta na madrugada fria e molhada de Toulouse e convite para dezenas de pessoas virem a Sao Paulo - e ficarem na minha casa, claro!
Estas borracho, me dizia a italiana Francesca, depois de me apelidar de Dr Kekyl e Mr Hyde - de dia quietinho e timido, de noite se transforma em uma outra pessoa, e que fala muito alto.
Culpa do vinho, respondo.
Tomo café da manha com Helene, a pessoa que me hospeda, e conversamos sobre o cinema do mundo.
Vou a Cinemateca jah na hora do almoco.
A tarde, o filme é Derecho de Familia, de Daniel Burman, da Argentina.
Nao é de hoje que gosto muito dos filmes de Burman. Esperando o Messias era um pequeno enorme filme e O Abraço Partido, apesar de alguns pequenos pesares, era também muito bom.
Em Derecho, ele continua fazendo o que faz melhor - uma apuradissima observacao do cotidiano, dos pequenos atos, dos sentimentos essenciais com os quais lidamos diariamente, sempre com um olhar dos mais ternos e apto a captar toda a comicidade presente nas situacoes mais banais e verdadeiras.
Nesse novo filme, a figura do pai é novamente o centro, como ja o era em Abraço, soh que sob outra perspectiva. Daniel Hendler, ator habitual de Burman, mais uma vez apresenta uma performance irrepreensivel, como um filho que aprende q ser pai e, assim, reaprende a ser filho.
A dramaturgia estah tinindo, os sentimentos sao os mais honestos e a linguagem é precisa e economica - resolve-se cenas inteiras com apenas um plano muito bem feito.
Riso e choro, num cinema arejadamente classico. Enfim, excelente!
O jantar, suas garrafas abundantes de vinho e todas as 103 novas amizades feitas sentado ali mesmo na mesa me fizeram dar o cano na sessao de Incuraveis, do colega Gustavo Accioli.
Mas me levaram, nas horas posteriores, a aprofundar ainda mais a mistura de frances, espanhol, portugues e ingles que eu venho falando, tudo ao mesmo tempo, quiçah na mesma frase.
E houve muita risada, salsa dançada como se fosse forroh, opera cantada em italiano (sim, por mim), tombo de bicicleta na madrugada fria e molhada de Toulouse e convite para dezenas de pessoas virem a Sao Paulo - e ficarem na minha casa, claro!
Estas borracho, me dizia a italiana Francesca, depois de me apelidar de Dr Kekyl e Mr Hyde - de dia quietinho e timido, de noite se transforma em uma outra pessoa, e que fala muito alto.
Culpa do vinho, respondo.
21.3.06
cachoeira
e porque noticias boas parecem vir em cascata, é com IMENSO prazer que o diario aberto conta que "Tudo o que é solido pode derreter", o irmao menor que sempre ganha menos atencao, conseguiu um feito e tanto.
Foi selecionado para a sessao Children’s and Youth Competition do 52o Festival Internacional de Curtas Metragens de Oberhausen, na Alemanha - um dos maiores e mais importantes festivais exclusivamente de curtas do mundo.
Foi selecionado para a sessao Children’s and Youth Competition do 52o Festival Internacional de Curtas Metragens de Oberhausen, na Alemanha - um dos maiores e mais importantes festivais exclusivamente de curtas do mundo.
da imprensa
novidades
Eh com prazer que o diario aberto de R. informa que "Alice" estah nas sessoes competitivas oficiais de mais dois festivais internacionais "alternativos":
- Latin American Film Festival, em Utrecht, Holanda
- Non Budget International Fil Festival, ou Festival del Cine Pobre, em Gibara, Cuba.
Se voce é dos que torcem, continue irradiando boas energias.
Se voce é dos que nao torcem, o que voce esta fazendo aqui??!
- Latin American Film Festival, em Utrecht, Holanda
- Non Budget International Fil Festival, ou Festival del Cine Pobre, em Gibara, Cuba.
Se voce é dos que torcem, continue irradiando boas energias.
Se voce é dos que nao torcem, o que voce esta fazendo aqui??!
Toulouse - parte 2
Os dias em Toulouse sao certamente menos cheios de atividade do que os de Paris - portanto, nao esperam relatos fantasticos.
A gente chega num festival de cinema agitado como esse e cai inescapavelmente na engrenagem. Todos os planos de conhecer bem a cidade e a regiao vao por agua a baixo...
E o Festival aqui é realmente surpreendente. O clima "hippie", como eu contei, reafirma-se constantemente. Todos sao alto-astral, felizes e bem humorados. Muitos dreads nos cabelos masculinos e femininos, muita sandalia de dedo, nao obstante o frio.
Cumprimento é com 2 beijos, e nao importa o sexo de quem se encontra (alo, Ricardo Santini!) - beijo no rosto é so carinho e amizade e melhor se tivermos ambos de sobra, né nao?
A comida é sempre saudavel, com muita salada - acompanhada por vinho e mais vinho, o que pode ser um perigo. Na tenda do bar em frente a Cinemateca, praticamente todos os jovens "artistas" da cidade vem se encontrar diariamente a partir de umas 7 da noite. Se pelo menos houvesse tanta gente nas sessoes...
Mas nao ha do que reclamar. As salas estao sempre bem frequentadas, nao so quantitativa, mas tambem qualitativamente.
O jornalzinho do Festival, que passaa antes das sessoes da noite e é feito pelos alunos da escola de audiovisual, perde, ca entre nos, de loooonge, para o do Festival de Tiradentes. Ja o jornal impresso, tambem diario, eh divertido, atraente e informativo. Todo festival de cinema devia ter um assim.
Os filmes vistos ontem foram 2.
Se Arrienda, do Chile, eh ingenuo e disperso. Sobre vidas vazias, é vazio e de bom mesmo tem a epigrafe de começo:
O passado é como um pais estrangeiro; lah se fazem as coisas de outro modo - L P Hartley, autor ingles. Gostei BEM.
La Perrera, do Uruguai, é também um filme vazio sobre vidas vazias. Ao contrario do anterior, ao menos escolhe um caminho claro e traça-o, mas nao oferece estimulos de nenhuma naturez ao longo dele.
A noite, a festa do festival estava vazia. E as ruas da cidade, em plena segunda feira, com bares cheios e uma juventude animada. Timido e em lingua estrangeira, fico com a minha rua Augusta-Consolacao-e-arredores (alo, alo, OLI!!!)
No mais, uma observacao que eu queria ter feito desde Paris: é comoventemente proxima a relacao dos franceses com a Nutella (Isabel Ribeiro, todos os "alos" do mundo pra voce!!!)
A gente chega num festival de cinema agitado como esse e cai inescapavelmente na engrenagem. Todos os planos de conhecer bem a cidade e a regiao vao por agua a baixo...
E o Festival aqui é realmente surpreendente. O clima "hippie", como eu contei, reafirma-se constantemente. Todos sao alto-astral, felizes e bem humorados. Muitos dreads nos cabelos masculinos e femininos, muita sandalia de dedo, nao obstante o frio.
Cumprimento é com 2 beijos, e nao importa o sexo de quem se encontra (alo, Ricardo Santini!) - beijo no rosto é so carinho e amizade e melhor se tivermos ambos de sobra, né nao?
A comida é sempre saudavel, com muita salada - acompanhada por vinho e mais vinho, o que pode ser um perigo. Na tenda do bar em frente a Cinemateca, praticamente todos os jovens "artistas" da cidade vem se encontrar diariamente a partir de umas 7 da noite. Se pelo menos houvesse tanta gente nas sessoes...
Mas nao ha do que reclamar. As salas estao sempre bem frequentadas, nao so quantitativa, mas tambem qualitativamente.
O jornalzinho do Festival, que passaa antes das sessoes da noite e é feito pelos alunos da escola de audiovisual, perde, ca entre nos, de loooonge, para o do Festival de Tiradentes. Ja o jornal impresso, tambem diario, eh divertido, atraente e informativo. Todo festival de cinema devia ter um assim.
Os filmes vistos ontem foram 2.
Se Arrienda, do Chile, eh ingenuo e disperso. Sobre vidas vazias, é vazio e de bom mesmo tem a epigrafe de começo:
O passado é como um pais estrangeiro; lah se fazem as coisas de outro modo - L P Hartley, autor ingles. Gostei BEM.
La Perrera, do Uruguai, é também um filme vazio sobre vidas vazias. Ao contrario do anterior, ao menos escolhe um caminho claro e traça-o, mas nao oferece estimulos de nenhuma naturez ao longo dele.
A noite, a festa do festival estava vazia. E as ruas da cidade, em plena segunda feira, com bares cheios e uma juventude animada. Timido e em lingua estrangeira, fico com a minha rua Augusta-Consolacao-e-arredores (alo, alo, OLI!!!)
No mais, uma observacao que eu queria ter feito desde Paris: é comoventemente proxima a relacao dos franceses com a Nutella (Isabel Ribeiro, todos os "alos" do mundo pra voce!!!)
esclarecimento
atençao, atençao!!!
o post anterior, que causou certa comoçao, referia-se a um Tim Festival hipotético, DOS SONHOS...
é a escalaçao que me faria descontroladamente feliz. mas que, certamente, nao vai acontecer dessa forma...
o post anterior, que causou certa comoçao, referia-se a um Tim Festival hipotético, DOS SONHOS...
é a escalaçao que me faria descontroladamente feliz. mas que, certamente, nao vai acontecer dessa forma...
20.3.06
pensamentos de uma viagem de trem
Tim Festival 2006 dos sonhos (alo, alo, Andre e Monique Gardemberg!!!):
noite 1
Guillemots
Rufus Wainright
noite 2
Clap Your Hands And Say Yeah
Radiohead
noite 3
Fiona Apple
Arctic Monkeys
(E Belle & Sebastien de volta, em algum momento...)
noite 1
Guillemots
Rufus Wainright
noite 2
Clap Your Hands And Say Yeah
Radiohead
noite 3
Fiona Apple
Arctic Monkeys
(E Belle & Sebastien de volta, em algum momento...)
pensamentos a procura de um ouvinte - parte 2
EFICACIA
O Smart eh, mesmo, um carro dos mais espertos.
CESSAO
Ceda despudoradamente ao hype: Arctic Monkeys é OTIMO!
(Em uma musica? Mardy Bum.)
O Smart eh, mesmo, um carro dos mais espertos.
CESSAO
Ceda despudoradamente ao hype: Arctic Monkeys é OTIMO!
(Em uma musica? Mardy Bum.)
Toulouse!
Acordei cedo, bem cedo, e peguei o trem que me levaria, em 5 horas e 20 minutos, para Toulouse.
Na estacao, me espera a gentil e amavel Helene, na casa de quem fico hospedado.
Depois de deixar as malas, vou ao centro do Festival, a Cinemateca de Toulouse. A coisa eh completamente "hippie", como bem definiu Caroline Leone. No patio da Cinemateca, barracas que lembram uma festa junina servem as refeicoes, servem de tenda de debates, vendem bebidas, abrigam shows de musica...
Toulouse tem metade da populacao constituida de universitarios, e sao eles que trabalham, voluntariamente, no festival. Tudo no melhor espirito multirao.
Passo a tarde em um cafeh com os colegas realizadores Marcelo Galvao (Quarta B) e Gustavo Acioli (Incuraveis).
No inicio da noite, assisto a projecao do filme chileno En La Cama, do mesmo diretor de um outro longa antes do qual "Alice" serah exibido, na quarta-feira.
O filme era bom, surpreendentemente agradavel e bem resolvido. Eh um casal, num quarto, em tempo real. Mas a coisa funciona bem, eh bonita e sincera. E os dois atores estao otimos.
Saindo do filme, jantar e cama, afinal, o dia tinha comecado muito cedo.
Na estacao, me espera a gentil e amavel Helene, na casa de quem fico hospedado.
Depois de deixar as malas, vou ao centro do Festival, a Cinemateca de Toulouse. A coisa eh completamente "hippie", como bem definiu Caroline Leone. No patio da Cinemateca, barracas que lembram uma festa junina servem as refeicoes, servem de tenda de debates, vendem bebidas, abrigam shows de musica...
Toulouse tem metade da populacao constituida de universitarios, e sao eles que trabalham, voluntariamente, no festival. Tudo no melhor espirito multirao.
Passo a tarde em um cafeh com os colegas realizadores Marcelo Galvao (Quarta B) e Gustavo Acioli (Incuraveis).
No inicio da noite, assisto a projecao do filme chileno En La Cama, do mesmo diretor de um outro longa antes do qual "Alice" serah exibido, na quarta-feira.
O filme era bom, surpreendentemente agradavel e bem resolvido. Eh um casal, num quarto, em tempo real. Mas a coisa funciona bem, eh bonita e sincera. E os dois atores estao otimos.
Saindo do filme, jantar e cama, afinal, o dia tinha comecado muito cedo.
paris - parte final
(Dois dias sem internet deixaram as atualizacoes capengas, mas estamos de volta.)
Sobre o ultimo post, referente ao dia 17, faltou dizer tres coisas:
1) No Museu Marmotan, havia uma exposicao de Camille Claudel, que, quando esculpe o movimento, eh quase genial.
2) Sobre "The New World": fazia tempo que, durante a projecao, eu nao ficava com a clara vontade de que o filme nao terminasse. Talvez desde "Fim de Caso".
3) Sabe a tal escada torta e desnivelada e apertada do hotel? Subindo com uma garrafa de agua na mao, cai 4 vezes. E JURO que estava em plenas posses da minha sobriedade e do meu centro gravitacional.
Enfim, o dia 18, em Paris, era um sabado. E sabados tem poucos carros na rua e muitas pessoas.
Andei longamente e quase sem rumo pelo Quartier Latin, ateh chegar a Rua Mouftard para comer o tal crepe (alo, alo, Esmir!!!). E lah as lojas fazem uma especie de feira, colocando na rua seus produtos. Muitas flores, vinhos, queijos, peixes, frutos do mar, carnes...
Continuo a caminhada e topo com o Pantheon, monumento em memoria, e local onde estao enterrados, os Grandes Homens da Nacao. Quem sao eles? Rousseau, Victor Hugo, Alexander Dumas, Emile Zola, Voltaire. E devo dizer: ainda ha muitos tumulos vazios. Talvez a Franca ainda espere muitos grandes homens!
Passo na frente da Sorbonne e ela esta lacrada, ocupada pela Policia. Alguns quarteiroes a frente, um jovem me entrega um folheto convidando a um ato pacifico de protesto em frente a prefeitura. Nao, obrigado - mas super apoio a causa.
Ando ateh os jardins do Palais Royal, para alguns minutos sentado sob o sol.
Pego o metro a Montmartre, que continua uma maravilha.
Prostro-me, entao, na fila para ingressos de As Bodas de Figaro, na Opera Garnier. Faltando um minuto para o comeco do espetaculo, com 30 pessoas na minha frente, o funcionario grita oferecendo um unico bilhete, o ultimo, no segundo lugar mais caro ( e poe caro nisso!) do teatro. Ninguem na minha frente aceita? Me dah que eu vou! Fui!
A musica eh irrepreensivel, a montagem tinha seus defeitos e seus grandes acertos. Mas curioso mesmo foi ouvir opera em italiano, ler legendas em frances e entender em portugues...
Depois de 4 horas e cinco minutos (sim, sim, operas sao longas!), metro de volta para o hotel. E um jantar rapido no unico local aberto, um restaurante chines, administrado, claro, por chineses. Era eu dentro de um filme de Wong Kar Wai. Pelas circunstancias, diria que "Felizes Juntos".
E fim do Segundo Ato.
Sobre o ultimo post, referente ao dia 17, faltou dizer tres coisas:
1) No Museu Marmotan, havia uma exposicao de Camille Claudel, que, quando esculpe o movimento, eh quase genial.
2) Sobre "The New World": fazia tempo que, durante a projecao, eu nao ficava com a clara vontade de que o filme nao terminasse. Talvez desde "Fim de Caso".
3) Sabe a tal escada torta e desnivelada e apertada do hotel? Subindo com uma garrafa de agua na mao, cai 4 vezes. E JURO que estava em plenas posses da minha sobriedade e do meu centro gravitacional.
Enfim, o dia 18, em Paris, era um sabado. E sabados tem poucos carros na rua e muitas pessoas.
Andei longamente e quase sem rumo pelo Quartier Latin, ateh chegar a Rua Mouftard para comer o tal crepe (alo, alo, Esmir!!!). E lah as lojas fazem uma especie de feira, colocando na rua seus produtos. Muitas flores, vinhos, queijos, peixes, frutos do mar, carnes...
Continuo a caminhada e topo com o Pantheon, monumento em memoria, e local onde estao enterrados, os Grandes Homens da Nacao. Quem sao eles? Rousseau, Victor Hugo, Alexander Dumas, Emile Zola, Voltaire. E devo dizer: ainda ha muitos tumulos vazios. Talvez a Franca ainda espere muitos grandes homens!
Passo na frente da Sorbonne e ela esta lacrada, ocupada pela Policia. Alguns quarteiroes a frente, um jovem me entrega um folheto convidando a um ato pacifico de protesto em frente a prefeitura. Nao, obrigado - mas super apoio a causa.
Ando ateh os jardins do Palais Royal, para alguns minutos sentado sob o sol.
Pego o metro a Montmartre, que continua uma maravilha.
Prostro-me, entao, na fila para ingressos de As Bodas de Figaro, na Opera Garnier. Faltando um minuto para o comeco do espetaculo, com 30 pessoas na minha frente, o funcionario grita oferecendo um unico bilhete, o ultimo, no segundo lugar mais caro ( e poe caro nisso!) do teatro. Ninguem na minha frente aceita? Me dah que eu vou! Fui!
A musica eh irrepreensivel, a montagem tinha seus defeitos e seus grandes acertos. Mas curioso mesmo foi ouvir opera em italiano, ler legendas em frances e entender em portugues...
Depois de 4 horas e cinco minutos (sim, sim, operas sao longas!), metro de volta para o hotel. E um jantar rapido no unico local aberto, um restaurante chines, administrado, claro, por chineses. Era eu dentro de um filme de Wong Kar Wai. Pelas circunstancias, diria que "Felizes Juntos".
E fim do Segundo Ato.
17.3.06
Paris - parte 3
DIA 17/03
(alo, alo, Marco Dutra, caminhando para ser o campeao de citacoes nesse blog: FELIZ ANIVERSARIO!!!)
* Primeiro museu que eu nao conhecia: Museu Nacional da Idade Media, Cluny. (alo, alo, minha avoh!)
Tapecarias, altares e objetos de arte magnificos. Quase sempre sacros. O dinheiro estava na Igreja, enfim.
* Ao meia dia, troca de hotel. 5 andares, sem elevador, em uma escada assustadoramente pequena, torta e desnivelada. Requer cuidado, mas dah pra encarar. No quarto com televisao, vejo que os estudantes franceses estao bravos - e protestando aqui, em Paris. (Bem que a amiga Paula Manzo jah me alertara que a multidao da qual fugi outro dia eram eles, os estudantes nervosos.)
* A caminho da Torre Eiffel, muito frio. O vento entra rasgando. Me pergunto: havera um momento em que o nariz se costuma ou ele vai simplesmente cair?
(Na Torre nao subo. Jah fiz isso. Era soh uma visita passageira.)
* Segundo museu que eu nao cohecia: Museu Monet Marmotan. Suscinto, simpatico, possui (muitas) obras mestras de MONET, claro.
O mais fascinante das ninfeias pintadas sobre o lago sao os reflexos na agua. Por detras das flores, toda uma paisagem ondulando em perspectiva vertical invertida. Embaralha a visao e faz pensar que talvez as ninfeias estivessem voando soltas num mundo de cabeca pra baixo.
Ha a piadinha de que algo ou alguem eh "um Monet" quando eh impressionante de longe, mas de perto eh somente um "borrao". Pode ser verdade, mas, se assim for, eh evidente que Monet, entao, pintou para ser visto de certa distancia. E que eh incrivel nao se nega. Deslumbrante o uso da cor: ve-se praticamente todas as variantes de uma mesma tonalidade.
Dah vontade sincera de passar o dia inteiro lah, olhando...
* Terceiro museu que eu nao conhecia: Museu de Arte Moderna da Cidade de Paris (atencao: o Centro George Pompidou eh o Museu NACIONAL de Arte Moderna - coisas diferentes.)
Em exposicao especial, Pierre BONNARD. Um assombro, um assombro. Jah nao eh de hoje que miha paixao por Bonnard eh explosiva (ele eh um dos pintores que sao "meus" no mundo, junto com Hopper e Vermeer).
E jah que estavamos falando de cores, veja as de Bonnard: todas, num mesmo quadro. E, ainda assim, com um equilibrio que desafia a racionalidade, que nao se sabe de onde vem. Cenas domesticas, cenas campestres, muitos e muitos nus. E deslumbre sem fim (doi na alma nao poder levar pra casa o catalogo, mas eh peso demais para carregar ainda por muitos dias).
* Na Champs Elysee, "O Novo Mundo", de Terrence Malick, em cartaz no cinema. Ganha um picoleh de limao por ingenuidade quem achou que eu poderia resistir.
Sobre o filme, deixemos para depois, jah que ele estreia no Brasil em breve, segundo prometem. Mas vale dizer que derreti na cadeira de tanto gostar, no momento exato em que estava gostando (Tah bom, soh pra nao passar em branco: montagem inacreditavel em realizar construcoes esteticas e dinamica narrativa; fotografia nunca menos que assombrosa, com alguns dos planos mais bonitos que voce vai ver em muito tempo)
E o cinema na Franca vai bem, obrigado. Pelas fachadas das salas e pelas ruas ha, no minimo, dois cartazes de filmes frances para cada producao americana (assim como a cidade eh infestada de anuncios de pecas - viva o teatro!).
E voce pensa que os franceses sao intelectuais perniciosos que consideram o cinema uma grande arte? Pois saiba que ha pipocas gigantes e baldes de Coca Cola iguarquenem em qualquer lugar.
Agora, quer saber onde mora a sofisticacao? Sabe o que estava tocando na sala antes do filme comecar? A trilha de "Alem da Linha Vermelha", que, para quem nao sabe, eh o filme anterior do mesmo diretor. Sutileza eh isso ai...
E eh soh. Ou tudo.
Paris, Monet, Bonnard e Malick num mesmo dia acontece com que frequencia, afinal??!
(alo, alo, Marco Dutra, caminhando para ser o campeao de citacoes nesse blog: FELIZ ANIVERSARIO!!!)
* Primeiro museu que eu nao conhecia: Museu Nacional da Idade Media, Cluny. (alo, alo, minha avoh!)
Tapecarias, altares e objetos de arte magnificos. Quase sempre sacros. O dinheiro estava na Igreja, enfim.
* Ao meia dia, troca de hotel. 5 andares, sem elevador, em uma escada assustadoramente pequena, torta e desnivelada. Requer cuidado, mas dah pra encarar. No quarto com televisao, vejo que os estudantes franceses estao bravos - e protestando aqui, em Paris. (Bem que a amiga Paula Manzo jah me alertara que a multidao da qual fugi outro dia eram eles, os estudantes nervosos.)
* A caminho da Torre Eiffel, muito frio. O vento entra rasgando. Me pergunto: havera um momento em que o nariz se costuma ou ele vai simplesmente cair?
(Na Torre nao subo. Jah fiz isso. Era soh uma visita passageira.)
* Segundo museu que eu nao cohecia: Museu Monet Marmotan. Suscinto, simpatico, possui (muitas) obras mestras de MONET, claro.
O mais fascinante das ninfeias pintadas sobre o lago sao os reflexos na agua. Por detras das flores, toda uma paisagem ondulando em perspectiva vertical invertida. Embaralha a visao e faz pensar que talvez as ninfeias estivessem voando soltas num mundo de cabeca pra baixo.
Ha a piadinha de que algo ou alguem eh "um Monet" quando eh impressionante de longe, mas de perto eh somente um "borrao". Pode ser verdade, mas, se assim for, eh evidente que Monet, entao, pintou para ser visto de certa distancia. E que eh incrivel nao se nega. Deslumbrante o uso da cor: ve-se praticamente todas as variantes de uma mesma tonalidade.
Dah vontade sincera de passar o dia inteiro lah, olhando...
* Terceiro museu que eu nao conhecia: Museu de Arte Moderna da Cidade de Paris (atencao: o Centro George Pompidou eh o Museu NACIONAL de Arte Moderna - coisas diferentes.)
Em exposicao especial, Pierre BONNARD. Um assombro, um assombro. Jah nao eh de hoje que miha paixao por Bonnard eh explosiva (ele eh um dos pintores que sao "meus" no mundo, junto com Hopper e Vermeer).
E jah que estavamos falando de cores, veja as de Bonnard: todas, num mesmo quadro. E, ainda assim, com um equilibrio que desafia a racionalidade, que nao se sabe de onde vem. Cenas domesticas, cenas campestres, muitos e muitos nus. E deslumbre sem fim (doi na alma nao poder levar pra casa o catalogo, mas eh peso demais para carregar ainda por muitos dias).
* Na Champs Elysee, "O Novo Mundo", de Terrence Malick, em cartaz no cinema. Ganha um picoleh de limao por ingenuidade quem achou que eu poderia resistir.
Sobre o filme, deixemos para depois, jah que ele estreia no Brasil em breve, segundo prometem. Mas vale dizer que derreti na cadeira de tanto gostar, no momento exato em que estava gostando (Tah bom, soh pra nao passar em branco: montagem inacreditavel em realizar construcoes esteticas e dinamica narrativa; fotografia nunca menos que assombrosa, com alguns dos planos mais bonitos que voce vai ver em muito tempo)
E o cinema na Franca vai bem, obrigado. Pelas fachadas das salas e pelas ruas ha, no minimo, dois cartazes de filmes frances para cada producao americana (assim como a cidade eh infestada de anuncios de pecas - viva o teatro!).
E voce pensa que os franceses sao intelectuais perniciosos que consideram o cinema uma grande arte? Pois saiba que ha pipocas gigantes e baldes de Coca Cola iguarquenem em qualquer lugar.
Agora, quer saber onde mora a sofisticacao? Sabe o que estava tocando na sala antes do filme comecar? A trilha de "Alem da Linha Vermelha", que, para quem nao sabe, eh o filme anterior do mesmo diretor. Sutileza eh isso ai...
E eh soh. Ou tudo.
Paris, Monet, Bonnard e Malick num mesmo dia acontece com que frequencia, afinal??!
16.3.06
desculpas
O Diario Aberto de R pede desculpas sinceras pela falta de acentos e por erros de digitacao.
Mas com teclados confusos e a internet sendo cobrada por minuto, a revisao se faz precaria.
(e, pra quem ainda nao entendeu, a letra "h" depois de uma vogal significa acento agudo, tah?)
Mas com teclados confusos e a internet sendo cobrada por minuto, a revisao se faz precaria.
(e, pra quem ainda nao entendeu, a letra "h" depois de uma vogal significa acento agudo, tah?)
Paris - parte 2
Soh para situar os 4 ou 5 leitores desse blog (em tempos de viagem os habituais 2 ou 3 leitores viram 4 ou 5...) que possam estar um pouco perdidos temporalmente: a visita ao Louvre se deu na quarta-feira, dia 15/03.
Vamos, entao, a quinta-feira, 16/03:
Paris amanhece cinza e, logo, mais fria.
Uma caminhada por St Germain de Pres, ao som de Fiona Apple, fica quase duas vezes mais interessante (alo, M.D! como diriam os americanos, I can't thank you enough!)
Jardim de Luxemburgo, Igrejas de St. Sulpice e de St. Germain - nao conhecia nenhum dos tres.
Museu Rodin, para rever. De fato extremamente agradavel, com aquele jardim de esculturas rodeando a bela casa. Mas o frio castiga.
Nao eh interessante pensar o que pode haver na Porta do Inferno?? Dante pensou e Rodin esculpiu.
(Dah pra acreditar que AGORA, no exato momento em que teclo essas palavras, o radio do cyber cafe comecou a tocar Voyage, Voyage??!! Alo, todo mundo! Meu deus, porque essa musica nao estah no meu ipod??)
Ligo para meu pai e, acredite!, fico preso dentro da cabine telefonica. Um frances simpatico me resgata, rindo, evidentemente.
*
Voce sabia que Paul CEZANNE e Camille PISSARRO tiveram uma convivencia artistica de quase 20 anos, que se reflete de forma surpreendente na obra de ambos? Nem eu. Mas o Museu D'Orsay presenteia o publico com a exposicao Cezanne et Pissarro, onde evidencia, colocando lado a lado, obras dessa fase dos artistas.
Eles pintaram temas muito semelhantes, quando nao exatamente iguais - cada um a sua maneira, eh claro. Da temporada que passaram juntos na cidade de Pontoise, dezenas de paisagens semelhantes, por exemplo.
Nao sabendo nada de teoria aristica, dah pra dizer que as pinceladas de Cezanne sao mais geomertricas, apesar da constante ausencia de contornos nos tracos. Ha maior liberdade cromatica, tons mais vibrantes. Pissarro usa cores mais suaves, suas formas aparecem mais difundidas, seu "impressionismo" eh mais evidente - ha uma meticulosidade nos pequenos tracos, dando a ilusao perfeita do "borrao".
Uma paisagem de Pissarro, por exemplo, aparece como fundo de um retrato que ele pintou de Cezanne. A mesma paisagem aparece tambem ao fundo de uma natureza morta pintada por Cezanne. E voce ve os tres quadros, lado a lado. C'est la France!
As obras estao sempre em duplas ou trios, um de cada artista. Depois da terceira sala, eh irresistivel nao ler as legendas e tentar adivinhar qual eh de quem. Dah pra acertar a maioria (mas, em alguns casos, se trocassem as legendas, quero ver quem ia contestar).
Ao fim e ao cabo, quer saber quem me impressiona mais?
Cezanne.
*
O D'Orsay eh um museu inigualavel. Seu vao central, alem de belo, eh convidativo e democratico. Voce ve aquele espaco e tem vontade de mergulhar na colecao exposta.
Eh MONET, RENOIR, DEGAS, VAN GOGH, CEZANNE para uma vida inteira, que dirah para uma tarde. Arrombam a retina de quem ve (talvez devessem ser vistos 1 por dia, para lembrar o quanto pode haver de desbunde no mundo).
"O Quarto do Artista", de Van Gogh, e as 4 telas que retratam a Catedral de Rouen em diferentes luzes ao longo do dia, de Monet, continuam embasbacantes.
Um vao na parede da sala dedicada a BONNARD me faz saber que estah havendo a exposicao Pierre Bonnard no Museu de Arte Moderna de Paris. Vou amanha.
D'Orsay e Louvre - um rio separa algumas das coisas mais espetaculares jah feitas por maos humanas.
*
As galerias sao cheias e os grupos parados em frente aos quadros, com guias falando sem parar e poluindo sonoramente o ambiente, incomoda. Dai voce ve alguns japoneses, meio juntos, meio separados. Alguns olham para um unico quadro, outros passeiam a esmo. Todos parecem estar prestando atencao em algo. Junto a eles, o que parece ser um guia dah o que parece ser uma explicacao. Mas tao baixinho, meu deus!! E entao voce percebe: o guia esta com um microfone de lapela e o grupo inteiro utiliza fones de ouvido para escuta-lo, sem barulho, sem tumulto. Ah, como sao civilizados esses orientais (alo, Tatiana Fujimori!!)
*
Rigoletto em ultima apresentacao na Opera Bastille. Ingressos esgotados.
*
A Pomme de Pain eh uma rede de fast-food-baguete. Eles tem uma especie de brownie que chamam de fondant au chocolat. Agradeco aos deuses da boa forma por nao existir desses no Brasil.
*
E, em Paris, o dia acaba com uma pergunta importante:
Como eh que se aquece um nariz??
Vamos, entao, a quinta-feira, 16/03:
Paris amanhece cinza e, logo, mais fria.
Uma caminhada por St Germain de Pres, ao som de Fiona Apple, fica quase duas vezes mais interessante (alo, M.D! como diriam os americanos, I can't thank you enough!)
Jardim de Luxemburgo, Igrejas de St. Sulpice e de St. Germain - nao conhecia nenhum dos tres.
Museu Rodin, para rever. De fato extremamente agradavel, com aquele jardim de esculturas rodeando a bela casa. Mas o frio castiga.
Nao eh interessante pensar o que pode haver na Porta do Inferno?? Dante pensou e Rodin esculpiu.
(Dah pra acreditar que AGORA, no exato momento em que teclo essas palavras, o radio do cyber cafe comecou a tocar Voyage, Voyage??!! Alo, todo mundo! Meu deus, porque essa musica nao estah no meu ipod??)
Ligo para meu pai e, acredite!, fico preso dentro da cabine telefonica. Um frances simpatico me resgata, rindo, evidentemente.
*
Voce sabia que Paul CEZANNE e Camille PISSARRO tiveram uma convivencia artistica de quase 20 anos, que se reflete de forma surpreendente na obra de ambos? Nem eu. Mas o Museu D'Orsay presenteia o publico com a exposicao Cezanne et Pissarro, onde evidencia, colocando lado a lado, obras dessa fase dos artistas.
Eles pintaram temas muito semelhantes, quando nao exatamente iguais - cada um a sua maneira, eh claro. Da temporada que passaram juntos na cidade de Pontoise, dezenas de paisagens semelhantes, por exemplo.
Nao sabendo nada de teoria aristica, dah pra dizer que as pinceladas de Cezanne sao mais geomertricas, apesar da constante ausencia de contornos nos tracos. Ha maior liberdade cromatica, tons mais vibrantes. Pissarro usa cores mais suaves, suas formas aparecem mais difundidas, seu "impressionismo" eh mais evidente - ha uma meticulosidade nos pequenos tracos, dando a ilusao perfeita do "borrao".
Uma paisagem de Pissarro, por exemplo, aparece como fundo de um retrato que ele pintou de Cezanne. A mesma paisagem aparece tambem ao fundo de uma natureza morta pintada por Cezanne. E voce ve os tres quadros, lado a lado. C'est la France!
As obras estao sempre em duplas ou trios, um de cada artista. Depois da terceira sala, eh irresistivel nao ler as legendas e tentar adivinhar qual eh de quem. Dah pra acertar a maioria (mas, em alguns casos, se trocassem as legendas, quero ver quem ia contestar).
Ao fim e ao cabo, quer saber quem me impressiona mais?
Cezanne.
*
O D'Orsay eh um museu inigualavel. Seu vao central, alem de belo, eh convidativo e democratico. Voce ve aquele espaco e tem vontade de mergulhar na colecao exposta.
Eh MONET, RENOIR, DEGAS, VAN GOGH, CEZANNE para uma vida inteira, que dirah para uma tarde. Arrombam a retina de quem ve (talvez devessem ser vistos 1 por dia, para lembrar o quanto pode haver de desbunde no mundo).
"O Quarto do Artista", de Van Gogh, e as 4 telas que retratam a Catedral de Rouen em diferentes luzes ao longo do dia, de Monet, continuam embasbacantes.
Um vao na parede da sala dedicada a BONNARD me faz saber que estah havendo a exposicao Pierre Bonnard no Museu de Arte Moderna de Paris. Vou amanha.
D'Orsay e Louvre - um rio separa algumas das coisas mais espetaculares jah feitas por maos humanas.
*
As galerias sao cheias e os grupos parados em frente aos quadros, com guias falando sem parar e poluindo sonoramente o ambiente, incomoda. Dai voce ve alguns japoneses, meio juntos, meio separados. Alguns olham para um unico quadro, outros passeiam a esmo. Todos parecem estar prestando atencao em algo. Junto a eles, o que parece ser um guia dah o que parece ser uma explicacao. Mas tao baixinho, meu deus!! E entao voce percebe: o guia esta com um microfone de lapela e o grupo inteiro utiliza fones de ouvido para escuta-lo, sem barulho, sem tumulto. Ah, como sao civilizados esses orientais (alo, Tatiana Fujimori!!)
*
Rigoletto em ultima apresentacao na Opera Bastille. Ingressos esgotados.
*
A Pomme de Pain eh uma rede de fast-food-baguete. Eles tem uma especie de brownie que chamam de fondant au chocolat. Agradeco aos deuses da boa forma por nao existir desses no Brasil.
*
E, em Paris, o dia acaba com uma pergunta importante:
Como eh que se aquece um nariz??
cheia
Luas cheias sao bonitas, certo?
E sobre o rio Sena?
E sobre o rio Sena e detras da Catedral de Notre Dame?
E ouvindo Chico cantar Ligia?
Ah, tah...
E sobre o rio Sena?
E sobre o rio Sena e detras da Catedral de Notre Dame?
E ouvindo Chico cantar Ligia?
Ah, tah...
pensamentos a procura de um ouvinte - parte 1
- Descubro que Cate Blanchett estah em cartaz na Broadway. Jah mencionei que meu voo de volta, no dia 27, faz escala em NY?? Sabe que dia termina a peca de Cate? 26!!
- Sabe o que eu sempre disse sobre nao precisar de um ipod? Mentira.
- Sabe o que eu sempre disse sobre nao precisar de um ipod? Mentira.
Louvre light - parte 2
* Grandes museus sao como Mostras de Cinema - talvez piores. Imagine se, na Mostra, em vez de 5 voce visse 10 filmes por dia?! E o que dizer de centenas de milhares de obras de arte abrigadas aqui? Eh evidente que, a partir de um dado momento, nao se estah mais sorvendo o que quer que seja - tudo vira "mais um".
Acredito que a unica maneira de aproveitar a plenitude do Louvre eh morar em Paris, claro, e vir por 1, 2 meses seguidos ao museu, fazendo visitas as colecoes especificas de nao mais de 3, 4 horas, se tanto. Assim ateh ver tudo. Eh o tipo de coisa que todo amante de arte bota na ideia que vai fazer um dia na vida.
E, quer saber? Nunca vai.
* Da colecao Esculturas Francesas, sec. 5-18, nem procure saber o que eh o que. A visao estonteante dos dois atriums, formando um jardim branco de esculturas, eh o melhor que se pode experimentar.
* O Louvre possui 45 salas da dita pintura nordica, aih incluidos majoritariamente holandeses e flamencos, mas tambem alemaes, russos, belgas, escandinavos e suissos.
No sec. 17, essa arte legou ao mundo pintores do tamanho de RUBENS, REMBRANDT e VAN DYCK. (Muitas cenas biblicas e mitologicas, sempre, parece, com o mesmo tom ocre. Rubens sempre puxa para o verde. Rembrandt para o marrom).
Mas pouca coisa supera VERMEER e suas duas telas que, juntas, nao somam 40 cm quadrados de pintura. Eh um farol de beleza, suavidade, expressividade, equlibrio e sutileza. Com poquinho, Vermeer levanta um universo de poesia visual.
* Georges de LA TOUR realiza brilhantes estudos com fontes de luz aparente. Sempre fogo, quase sempre velas. Tambem do sec. 17, "Sao Jose, o carpinteiro" eh de desestabilizar.
*Da sala Pinturas Francesas Grandes, "A Jangada da Medusa" (1819), de GERICAULT, eh certamente a mais impressionante.
* O melhor da fatidica tela "A Liberdade Guiando o Povo" (1831), de DELACROIX, eh que "a liberdade" tem os seis despudoradamente nus.
* De Guido RENI (1575-1642), "David e Golias", com o pequeno David quase blase diante da cabeca decepada de seu adversario, eh de um poder simbolico fulminante.
* No quesito quantidade, ninguem bate, em pintura, as 75 galerias de quadros franceses. A melhor maneira de ve-las eh passeando, como se faria num parque. No lugar de arvores, seculos de oleos sobre tela fazem a paisagem.
* Nas Antiguidades Gregas, Venus de Milo, claro, eh a vedete. Rainha dos flashes, eh como se colocassem, digamos, Giselle Bundchen lah parada - e as pessoas INSANDECIDAS por uma foto.
Agora, cah entre nos, o verdadeiro fascinio da Venus sao seus membros decepados (alo, Marco Dutra!). A falta dos bracos - que nao nos deixa saber como eram, se estavam apoiados em algo, abertos, fechados, dobrados - nos enlouquece e nos alimenta de misterio. Ela atrai um pouco pela beleza do que tem em si e muito pelo que provoca na cabeca de outrem, com sua incompletude (alo, alo, Beto Brant!). Anos considerando a Venus como modelo de mulher e de beleza (e como ela, juro, tem dezenas), quantos jah se deram conta que amam o que nao ha, para que possam preencher esse vazio imaginativo como bem entenderem?
* A Monalisa eh somente uma vitima, ou reflexo, da cultura de massa. A nossa arte-Big-Brother. A nossa Daniela Cicarelli. Sabe assim essas pessoas que ficam famosas sem ter feito nada, somente por sua super-exposicao (que ninguem sabe bem precisar como comeca, jah que eh progressiva e em cadeia)? Assim eh a Monalisa.
Causa histeria coletiva. Todos querem ve-la. (Foto, agora, est intedit, pardon. O que faz com que a gana auto destrutiva da evidencia, algo do tipo "estive lah, vi e fiz, eis a foto que comprova", direcione as avidas maquinas fotograficas a Venus de Milo e seus nao-bracos).
E ela fica lah, paradona, numa parede toda sua, sem graaaaca, olhando de esguelha sem saber bem porque toda aquela gente a deseja tanto. E distrai a atencao de VERONESEs e TINTORETOs a seu redor.
Mas voce jah parou pra pensar se a Monalisa realmente te diz alguma coisa? Ela te atrai por que, oh, espectador???
Reprodutibilidade tecnica, que nada! Bem vindo a era da obra de arte blockbuster!
(Do mesmo DA VINCI, 1452-1519, na sala anexa, "Sao Joao Batista", por exemplo, eh muito mais denso e estimulante em sua composicao pictorica, belo e instigante em sua luminosidade, seu misterio e seu cromatismo sutil, como uma figura que emerge em suave e fascinante dourado da escuridao profunda.)
QUIZ 1
Eh pior:
a) prostrar-se diante de uma esultura, obstruindo a passagem e a visao, para tirar uma foto com ela
b) sorrir para a foto
QUIZ 2
AS obras que mais me tocaram e que continuam me impressionano no Louvre, 9 anos depois da primeira visita, continuam sendo as mesmas porque:
a) a angustia da influencia faz com que aquilo que nos forma se solidifique de forma indelevel em nossa cabeca (e coracao)
b) sao mesmo as melhores obras
c) independente de serem boas obras, eu tenho grande resistencia a mudanca
d) entre tantas coisas, eu soh prestei mesmo atencao naquilo que jah conhecia
E assim se passam 6 gostosas horas num museu imenso...
Acredito que a unica maneira de aproveitar a plenitude do Louvre eh morar em Paris, claro, e vir por 1, 2 meses seguidos ao museu, fazendo visitas as colecoes especificas de nao mais de 3, 4 horas, se tanto. Assim ateh ver tudo. Eh o tipo de coisa que todo amante de arte bota na ideia que vai fazer um dia na vida.
E, quer saber? Nunca vai.
* Da colecao Esculturas Francesas, sec. 5-18, nem procure saber o que eh o que. A visao estonteante dos dois atriums, formando um jardim branco de esculturas, eh o melhor que se pode experimentar.
* O Louvre possui 45 salas da dita pintura nordica, aih incluidos majoritariamente holandeses e flamencos, mas tambem alemaes, russos, belgas, escandinavos e suissos.
No sec. 17, essa arte legou ao mundo pintores do tamanho de RUBENS, REMBRANDT e VAN DYCK. (Muitas cenas biblicas e mitologicas, sempre, parece, com o mesmo tom ocre. Rubens sempre puxa para o verde. Rembrandt para o marrom).
Mas pouca coisa supera VERMEER e suas duas telas que, juntas, nao somam 40 cm quadrados de pintura. Eh um farol de beleza, suavidade, expressividade, equlibrio e sutileza. Com poquinho, Vermeer levanta um universo de poesia visual.
* Georges de LA TOUR realiza brilhantes estudos com fontes de luz aparente. Sempre fogo, quase sempre velas. Tambem do sec. 17, "Sao Jose, o carpinteiro" eh de desestabilizar.
*Da sala Pinturas Francesas Grandes, "A Jangada da Medusa" (1819), de GERICAULT, eh certamente a mais impressionante.
* O melhor da fatidica tela "A Liberdade Guiando o Povo" (1831), de DELACROIX, eh que "a liberdade" tem os seis despudoradamente nus.
* De Guido RENI (1575-1642), "David e Golias", com o pequeno David quase blase diante da cabeca decepada de seu adversario, eh de um poder simbolico fulminante.
* No quesito quantidade, ninguem bate, em pintura, as 75 galerias de quadros franceses. A melhor maneira de ve-las eh passeando, como se faria num parque. No lugar de arvores, seculos de oleos sobre tela fazem a paisagem.
* Nas Antiguidades Gregas, Venus de Milo, claro, eh a vedete. Rainha dos flashes, eh como se colocassem, digamos, Giselle Bundchen lah parada - e as pessoas INSANDECIDAS por uma foto.
Agora, cah entre nos, o verdadeiro fascinio da Venus sao seus membros decepados (alo, Marco Dutra!). A falta dos bracos - que nao nos deixa saber como eram, se estavam apoiados em algo, abertos, fechados, dobrados - nos enlouquece e nos alimenta de misterio. Ela atrai um pouco pela beleza do que tem em si e muito pelo que provoca na cabeca de outrem, com sua incompletude (alo, alo, Beto Brant!). Anos considerando a Venus como modelo de mulher e de beleza (e como ela, juro, tem dezenas), quantos jah se deram conta que amam o que nao ha, para que possam preencher esse vazio imaginativo como bem entenderem?
* A Monalisa eh somente uma vitima, ou reflexo, da cultura de massa. A nossa arte-Big-Brother. A nossa Daniela Cicarelli. Sabe assim essas pessoas que ficam famosas sem ter feito nada, somente por sua super-exposicao (que ninguem sabe bem precisar como comeca, jah que eh progressiva e em cadeia)? Assim eh a Monalisa.
Causa histeria coletiva. Todos querem ve-la. (Foto, agora, est intedit, pardon. O que faz com que a gana auto destrutiva da evidencia, algo do tipo "estive lah, vi e fiz, eis a foto que comprova", direcione as avidas maquinas fotograficas a Venus de Milo e seus nao-bracos).
E ela fica lah, paradona, numa parede toda sua, sem graaaaca, olhando de esguelha sem saber bem porque toda aquela gente a deseja tanto. E distrai a atencao de VERONESEs e TINTORETOs a seu redor.
Mas voce jah parou pra pensar se a Monalisa realmente te diz alguma coisa? Ela te atrai por que, oh, espectador???
Reprodutibilidade tecnica, que nada! Bem vindo a era da obra de arte blockbuster!
(Do mesmo DA VINCI, 1452-1519, na sala anexa, "Sao Joao Batista", por exemplo, eh muito mais denso e estimulante em sua composicao pictorica, belo e instigante em sua luminosidade, seu misterio e seu cromatismo sutil, como uma figura que emerge em suave e fascinante dourado da escuridao profunda.)
QUIZ 1
Eh pior:
a) prostrar-se diante de uma esultura, obstruindo a passagem e a visao, para tirar uma foto com ela
b) sorrir para a foto
QUIZ 2
AS obras que mais me tocaram e que continuam me impressionano no Louvre, 9 anos depois da primeira visita, continuam sendo as mesmas porque:
a) a angustia da influencia faz com que aquilo que nos forma se solidifique de forma indelevel em nossa cabeca (e coracao)
b) sao mesmo as melhores obras
c) independente de serem boas obras, eu tenho grande resistencia a mudanca
d) entre tantas coisas, eu soh prestei mesmo atencao naquilo que jah conhecia
E assim se passam 6 gostosas horas num museu imenso...
15.3.06
Louvre light - parte 1
Jean Dominique INGRES eh pintor frances, vivido entre os anos de 1780 e 1867, a quem o Museu do Louvre oferece retrospectiva.
Como muitos antes e depois dele, Ingres adorava (no sentido literal de possuir adoracao) os classicos, especialmente Raphael, e pintou monumentais cenas biblicas, mitologicas e historicas.
Mas se voce perguntar pra mim onde os olhos saltam entre as quase 200 obras da exposicao, a resposa sao os retratos.
"Malditos retratos que me impedem de fazer coisas melhores e que eu nao consigo fazer mais rapido, jah que eh tao dificil faze-los", afirmou Ingres, sem mal saber que estava realizando suas obras-primas.
Os retratos de Ingres brilham. Quase sempre da aristocracia ou da nobreza, que podia paga-los, as figuras possuem um requinte pictorico e uma sensualidade de formas todos proprios. Ha uma luz de "carater" nas imagens. Nas roupas, nos acessorios e, principalmente, nos olhos e nas sutilissimas inflexoes expressivas, a personalidade estah dada.
Tristeza, soberba, solidao escondida entre joias e sedas - seja lah qual for o sentimento definidor da figura humana em qustao, Ingres o delineia com maestria.
(Eh como se a argucia humana de Woody Allen ou Altman encontrassem o refinamento plastico de Visconti.)
E isso pra nem falar da perfeicao assombrosa da composicao cromatica e do tracado, alcancando um naturalismo que, longe de reproduzir palidamente uma realidade, inventa-a.
Mesmo duas das mais importantes obras, as que ilustram o material promocional da exposicao, nao deixam de ser, a seu modo, retratos. "A Grande Odalisca e "A Grande Banhista", apesar de serem "cenas" ambientadas, ainda assim mostram figuras humanas sozinhas em um quadro. A "Banhista", em especial, de costas, irradia uma melancolica tranquilidade, como uma alma flutuante e inquieta - ainda que sua unica inquietacao, naquele momento, seja o momento de, enfim, banhar-se.
Nos 10 retratos que fez, em grafite, de sua mulher ao longo de 36 anos de casado, Ingres colocou sua companheira em diferentes roupas e situacoes. Mas o que eh mais notavel na serie de desenhos eh que o rosto da esposa eh a unica parte da obra pintada com firmeza e intensidade de tracos. Em todo o resto da composicao, a partir do rosto o grafite vai clareando, titubeando, tornando-se claramente um rascunho. Mas o rosto nao. Estah sempre firme e igual - sereno, bonito, olhando para a "camera" com um sorriso timido.
Eh como se, em 36 anos, Ingres sempre soubesse que o rosto da mulher era seu ponto de referencia.
Como muitos antes e depois dele, Ingres adorava (no sentido literal de possuir adoracao) os classicos, especialmente Raphael, e pintou monumentais cenas biblicas, mitologicas e historicas.
Mas se voce perguntar pra mim onde os olhos saltam entre as quase 200 obras da exposicao, a resposa sao os retratos.
"Malditos retratos que me impedem de fazer coisas melhores e que eu nao consigo fazer mais rapido, jah que eh tao dificil faze-los", afirmou Ingres, sem mal saber que estava realizando suas obras-primas.
Os retratos de Ingres brilham. Quase sempre da aristocracia ou da nobreza, que podia paga-los, as figuras possuem um requinte pictorico e uma sensualidade de formas todos proprios. Ha uma luz de "carater" nas imagens. Nas roupas, nos acessorios e, principalmente, nos olhos e nas sutilissimas inflexoes expressivas, a personalidade estah dada.
Tristeza, soberba, solidao escondida entre joias e sedas - seja lah qual for o sentimento definidor da figura humana em qustao, Ingres o delineia com maestria.
(Eh como se a argucia humana de Woody Allen ou Altman encontrassem o refinamento plastico de Visconti.)
E isso pra nem falar da perfeicao assombrosa da composicao cromatica e do tracado, alcancando um naturalismo que, longe de reproduzir palidamente uma realidade, inventa-a.
Mesmo duas das mais importantes obras, as que ilustram o material promocional da exposicao, nao deixam de ser, a seu modo, retratos. "A Grande Odalisca e "A Grande Banhista", apesar de serem "cenas" ambientadas, ainda assim mostram figuras humanas sozinhas em um quadro. A "Banhista", em especial, de costas, irradia uma melancolica tranquilidade, como uma alma flutuante e inquieta - ainda que sua unica inquietacao, naquele momento, seja o momento de, enfim, banhar-se.
Nos 10 retratos que fez, em grafite, de sua mulher ao longo de 36 anos de casado, Ingres colocou sua companheira em diferentes roupas e situacoes. Mas o que eh mais notavel na serie de desenhos eh que o rosto da esposa eh a unica parte da obra pintada com firmeza e intensidade de tracos. Em todo o resto da composicao, a partir do rosto o grafite vai clareando, titubeando, tornando-se claramente um rascunho. Mas o rosto nao. Estah sempre firme e igual - sereno, bonito, olhando para a "camera" com um sorriso timido.
Eh como se, em 36 anos, Ingres sempre soubesse que o rosto da mulher era seu ponto de referencia.
paris - parte 1
Saio de Miami as 6 da tarde. Chego en Paris as 3 da manha, sem dormir, claro. Mas em Paris sao 9 da manha! Logo, um dia inteiro sem dormir!
Em Paris, depois de semi me perder e me esfolar com a mala nas costas, rio. Muito e sozinho, por me dar conta de que estou aqui.
Devia ser proiido a pessoa morrer sem passar um tempo em Paris.
Quando a Goldie Hawn voa no fim de "Todos Dizem Eu Te Amo", nao tem nada a ver com amor. Eh Paris que estah fazendo aquilo com ela.
Somente ando e ando, olhando tudo, ateh a hora de dormir (cedo).
/
Eu mesmo me surpreendo com o quanto eu faco de mim mesmo uma crianca vulneravel quando estou num pais de que nao sei a lingua. Ou, na verdade, eu talvez tenha medo dos franceses - que ontem, alias, disseram "nao, obrigado" para 'Alice' no Festival de Cannes.
Eu tenho uma estranha atracao por multidoes. Fico querendo me embrenhar, participar, saber o que estah acontecendo. Ontem a noite, em St Germain, alguma coisa estava acontecendo. E, claro, resolvi me meter. Mas quando comecaram as sirenes, os gritos e as pessoas correndo na minha direcao, achei mais prudente o caminho de volta.
Em Paris, depois de semi me perder e me esfolar com a mala nas costas, rio. Muito e sozinho, por me dar conta de que estou aqui.
Devia ser proiido a pessoa morrer sem passar um tempo em Paris.
Quando a Goldie Hawn voa no fim de "Todos Dizem Eu Te Amo", nao tem nada a ver com amor. Eh Paris que estah fazendo aquilo com ela.
Somente ando e ando, olhando tudo, ateh a hora de dormir (cedo).
/
Eu mesmo me surpreendo com o quanto eu faco de mim mesmo uma crianca vulneravel quando estou num pais de que nao sei a lingua. Ou, na verdade, eu talvez tenha medo dos franceses - que ontem, alias, disseram "nao, obrigado" para 'Alice' no Festival de Cannes.
Eu tenho uma estranha atracao por multidoes. Fico querendo me embrenhar, participar, saber o que estah acontecendo. Ontem a noite, em St Germain, alguma coisa estava acontecendo. E, claro, resolvi me meter. Mas quando comecaram as sirenes, os gritos e as pessoas correndo na minha direcao, achei mais prudente o caminho de volta.
entreato - aviao
Jah disse e re-disse que "Alice" nasceu da figura de Simone Spoladore e dos sentimentos provocados pela peca honmonima, na qual ela atuava.
Mas qual eram, afinal, esses sentimentos?
(E, que fique claro, eu tambem nao sabia. Talvez saiba-os agora.)
Eu moro numa cidade imensa. Num mundo imenso, onde todas as coisas que acontecem no universo particular de cada pessoa perdem-se, sao esquecidas. E qual eh o meu lugar nesse mundo, nessa cidade? Qual eh o meu lugar na minha vida? (sem lugar, sou um estrangeiro em mim...)
Nos passamos a existir, afinal, a partir dos lacos que atamos, espacial e emocionalmente. Ou emocionalmente no espaco. Como Joaos e Marias jogando migalhas, a depositar partes de nos no todo. Essa esquina, essa rua, essa sala de cienma. Essa musica, esse filme, essa cor, esse amigo. Esse amor. Os "meus" no mundo. Eu preciso disso. Eu, voce e todos nos (alo, Miranda July!)
Mas a arquibancada do Jockey Clube de SP nao sabe de fato que, um dia, uma sessao do entao Telefonica Open Air me fez gostar dali, afeicoado ao que eu achava ser uma visao da cidade "de fora". Porque eh preciso asir da ilha para ve-la, nao eh mesmo? (alo, Saramago!)
Pessoas sabem. Mas pessoas esquecem. Morrem. Vao embora (me diz por onde voce me prende, por onde foge e o que pretende de mim.)
Enfim, somos mesmo fadados a ser viajantes solitarios, mochileiros da galaxia sentimental, perdendo e ganhando, indo e vindo. Tendo para onde voltar para, soh assim, poder ir (alo, alo, Wong Kar Wai!). Fazendo dos outros portos ou barcos solidos, alimentando a ilusao consciente da eterna permanencia (leve-me com voce, por direcao qualquer...)
Ha quem saiba que se "Tudo O Que Eh Solido Pode Derreter" e a Ioio Filmes nao tivessem acontecido na minha vida, eu teria ido passar uma temporada no Oriente, lah onde o mundo eh de cabeca pra baixo (alo, "Felizes Juntos"...). Mas serah?
5 dias longe de casa e os elasticos que me atam esticam, esticam, fazem pressao. E o mochileiro da galaxia fica querendo emails, orkuts, vozes. Fica querendo mesmo eh olhar pro seu planeta, pensando nele. Fica querendo reconhecer-se, querendo o que eh "seu" (alo, Henrique Esteves! Sabe do que eu to falando, nao?!) Porque rio que perde o chao eh catarata (alo, alo, Caetano Gotardo! Que letra cada dia mais linda...)
Por que Alice vai embora, entao?
Porque mesmo que ela nao escute, do lado de lah do vidro tem alguem dizendo "eu te amo".
(C: Joel, what if you stayed this time?
J: I cant'. I have no memories left.
C: Come back and make up a goodbye at least.)
Mas qual eram, afinal, esses sentimentos?
(E, que fique claro, eu tambem nao sabia. Talvez saiba-os agora.)
Eu moro numa cidade imensa. Num mundo imenso, onde todas as coisas que acontecem no universo particular de cada pessoa perdem-se, sao esquecidas. E qual eh o meu lugar nesse mundo, nessa cidade? Qual eh o meu lugar na minha vida? (sem lugar, sou um estrangeiro em mim...)
Nos passamos a existir, afinal, a partir dos lacos que atamos, espacial e emocionalmente. Ou emocionalmente no espaco. Como Joaos e Marias jogando migalhas, a depositar partes de nos no todo. Essa esquina, essa rua, essa sala de cienma. Essa musica, esse filme, essa cor, esse amigo. Esse amor. Os "meus" no mundo. Eu preciso disso. Eu, voce e todos nos (alo, Miranda July!)
Mas a arquibancada do Jockey Clube de SP nao sabe de fato que, um dia, uma sessao do entao Telefonica Open Air me fez gostar dali, afeicoado ao que eu achava ser uma visao da cidade "de fora". Porque eh preciso asir da ilha para ve-la, nao eh mesmo? (alo, Saramago!)
Pessoas sabem. Mas pessoas esquecem. Morrem. Vao embora (me diz por onde voce me prende, por onde foge e o que pretende de mim.)
Enfim, somos mesmo fadados a ser viajantes solitarios, mochileiros da galaxia sentimental, perdendo e ganhando, indo e vindo. Tendo para onde voltar para, soh assim, poder ir (alo, alo, Wong Kar Wai!). Fazendo dos outros portos ou barcos solidos, alimentando a ilusao consciente da eterna permanencia (leve-me com voce, por direcao qualquer...)
Ha quem saiba que se "Tudo O Que Eh Solido Pode Derreter" e a Ioio Filmes nao tivessem acontecido na minha vida, eu teria ido passar uma temporada no Oriente, lah onde o mundo eh de cabeca pra baixo (alo, "Felizes Juntos"...). Mas serah?
5 dias longe de casa e os elasticos que me atam esticam, esticam, fazem pressao. E o mochileiro da galaxia fica querendo emails, orkuts, vozes. Fica querendo mesmo eh olhar pro seu planeta, pensando nele. Fica querendo reconhecer-se, querendo o que eh "seu" (alo, Henrique Esteves! Sabe do que eu to falando, nao?!) Porque rio que perde o chao eh catarata (alo, alo, Caetano Gotardo! Que letra cada dia mais linda...)
Por que Alice vai embora, entao?
Porque mesmo que ela nao escute, do lado de lah do vidro tem alguem dizendo "eu te amo".
(C: Joel, what if you stayed this time?
J: I cant'. I have no memories left.
C: Come back and make up a goodbye at least.)
13.3.06
miami - parte final
Larguei os Raisinets. Estava na base de quase duas caixas por dia.
Ontem assisti a um bom filme dinamarques, chamado "Accused" e revi "Cidade Baixa". Ficou melhor na segunda vez. Me fez pensar coisas, sentir outras. Um tanto perturbador, eu diria. E a cena final continua sendo fantastica.
Em Festivais internacionais, o que todo mundo quer saber, aparentemente, eh quando voce vai fazer seu filme "de verdade". So, are you planning on doing a feature soon?, perguntam. Cade o seu longa? Tem roteiro? Tem projeto?
Quase, minha gente, quase.
Nicolle Guillemet, a diretora do Festival, ontem me abordou assim. Quer saber do longa. Elogiou "Alice" de novo, o sentimento, os personagens, a maneira de retrata-los. Disse novamente que eh beautiful. Eu disse a ela que, assim que tiver um longa, deixo-a saber.
Lembra da historia de Eduardo Chapero-Jackson, aquela que eu nao contei? Entao...
Eduardo eh filho de pai espanhol e mae americana. Mora em Madrid (alo, Mariana Valente!). Formou-se em NY e passou alguns anos trabalhando numa grande produtora espanhola, a qual agora me foge o nome. Trabalhou com Julio Medem e Alejandro Amenabar. Produziu, entre outros, "Os Outros" e "Mar Adentro", ambos de Amenabar.
Eduardo dirigiu seu primeiro curta este ano, chamado "Contracuerpo". Conseguiu coloca-lo no Festival de Veneza. O filme eh realmente muito bom.
Ateh a ultima hora, Eduardo nao sabia se vinha ou nao ao Festival de Miami. Resolveu vir 3 dias antes, com o proposito de tambem visitar o avo, que vive na Florida. Foi o que me disse no dia em que nos conhecemos.
Ele nao via o avo havia 4 anos e, segundo me disse anteontem, provavelmente seria a ultima vez que o veria, jah que ele estava "mal".
Eduardo exibiria na comunidade do avo, na qual ele eh um homem influente, o filme "Mar Adentro", jah que o avo tinha muito orgulho do neto trabalhando no ramo cinematografico em filmes tao importantes.
Na tarde de anteontem, Eduardo, timido e simpatico, me disse que precisava ligar para o avo. Ligou, na minha frente. Disse que era uma hora complicada, pois era a hora do jantar e provavelmente nao haveria resposta. Nao houve. Deixou um recado na secretaria eletronica.
10 minutos depois, ao entrarmos na sala de projecao para a sessao de nossos curtas, Eduardo senta-se a meu lado completamente em choque. A mae acabara de lhe telefonar dizendo que o avo havia morrido.
Em "Mar Adentro", o personagem principal, que luta pela eutanasia apos ter ficado paralitico, diz que nunca deveriam te-lo tirado da agua, que era onde ele deveria ter morrido.
O avo de Eduardo morreu na agua, aos 84 anos.
Contando agora, a historia quase ficou banal. Mas tendo acompanhado o passo-a-passo, afirmo que foi bastante impressionante.
Eduardo vai, mesmo assim, a comunidade do avo exibir "Mar Adentro".
Nao o vi chorar. Mas se disse muito bravo porque o avo nao o deixou ve-lo pela ultima vez.
Em questao de horas, deixo o calor de downtown Miami (meu deus, eles estao reconstruindo o centro!! contei 14 guindastes soh de olhar em volta. Berlim, agora, eh aqui.) para o frio de Paris.
Quem quer ficar escrevendo em blogs estando em Paris??? Eu nao. Mas o farei, assim que possivel.
(Ao publico fiel, vale pedir desculpas uma vez mais pela falta de acentos.)
Ontem assisti a um bom filme dinamarques, chamado "Accused" e revi "Cidade Baixa". Ficou melhor na segunda vez. Me fez pensar coisas, sentir outras. Um tanto perturbador, eu diria. E a cena final continua sendo fantastica.
Em Festivais internacionais, o que todo mundo quer saber, aparentemente, eh quando voce vai fazer seu filme "de verdade". So, are you planning on doing a feature soon?, perguntam. Cade o seu longa? Tem roteiro? Tem projeto?
Quase, minha gente, quase.
Nicolle Guillemet, a diretora do Festival, ontem me abordou assim. Quer saber do longa. Elogiou "Alice" de novo, o sentimento, os personagens, a maneira de retrata-los. Disse novamente que eh beautiful. Eu disse a ela que, assim que tiver um longa, deixo-a saber.
Lembra da historia de Eduardo Chapero-Jackson, aquela que eu nao contei? Entao...
Eduardo eh filho de pai espanhol e mae americana. Mora em Madrid (alo, Mariana Valente!). Formou-se em NY e passou alguns anos trabalhando numa grande produtora espanhola, a qual agora me foge o nome. Trabalhou com Julio Medem e Alejandro Amenabar. Produziu, entre outros, "Os Outros" e "Mar Adentro", ambos de Amenabar.
Eduardo dirigiu seu primeiro curta este ano, chamado "Contracuerpo". Conseguiu coloca-lo no Festival de Veneza. O filme eh realmente muito bom.
Ateh a ultima hora, Eduardo nao sabia se vinha ou nao ao Festival de Miami. Resolveu vir 3 dias antes, com o proposito de tambem visitar o avo, que vive na Florida. Foi o que me disse no dia em que nos conhecemos.
Ele nao via o avo havia 4 anos e, segundo me disse anteontem, provavelmente seria a ultima vez que o veria, jah que ele estava "mal".
Eduardo exibiria na comunidade do avo, na qual ele eh um homem influente, o filme "Mar Adentro", jah que o avo tinha muito orgulho do neto trabalhando no ramo cinematografico em filmes tao importantes.
Na tarde de anteontem, Eduardo, timido e simpatico, me disse que precisava ligar para o avo. Ligou, na minha frente. Disse que era uma hora complicada, pois era a hora do jantar e provavelmente nao haveria resposta. Nao houve. Deixou um recado na secretaria eletronica.
10 minutos depois, ao entrarmos na sala de projecao para a sessao de nossos curtas, Eduardo senta-se a meu lado completamente em choque. A mae acabara de lhe telefonar dizendo que o avo havia morrido.
Em "Mar Adentro", o personagem principal, que luta pela eutanasia apos ter ficado paralitico, diz que nunca deveriam te-lo tirado da agua, que era onde ele deveria ter morrido.
O avo de Eduardo morreu na agua, aos 84 anos.
Contando agora, a historia quase ficou banal. Mas tendo acompanhado o passo-a-passo, afirmo que foi bastante impressionante.
Eduardo vai, mesmo assim, a comunidade do avo exibir "Mar Adentro".
Nao o vi chorar. Mas se disse muito bravo porque o avo nao o deixou ve-lo pela ultima vez.
Em questao de horas, deixo o calor de downtown Miami (meu deus, eles estao reconstruindo o centro!! contei 14 guindastes soh de olhar em volta. Berlim, agora, eh aqui.) para o frio de Paris.
Quem quer ficar escrevendo em blogs estando em Paris??? Eu nao. Mas o farei, assim que possivel.
(Ao publico fiel, vale pedir desculpas uma vez mais pela falta de acentos.)
12.3.06
momento intimo - universo particular
Minha relacao com a arte nunca foi simples.
Eh parte tao grande da minha vida que estah na minha cabeca permanentemente. No corpo, ateh.
Orbita o universo ao meu redor e permeia meu infinito particular. Aparece em meus filmes, em todas as minhas (melhores) conversas, em minhas decisoes, pauta meu cotidiano.
E dentro do oceano artistico, algumas pessoas sao mais importantes do que outras, numa esfera afetiva propria. Sao nomes que, quando evocados, sentimos como se estivessem falando de nossa mae, nosso pai - alguem pessoal e intransferivel. Sao artistas que nos fundaram ou nos quais atamos fortes lacos emotivos, e que, assim, passam a ser "nossos". Falam deles, eh de nos que estao falando.
Marisa Monte desempenhou um papel crucial nos meus 17 anos, quando lancou "Memorias, Cronicas e Declaracoes de Amor". Onipresente na minha historia musical familiar (assim como Simone, vivia do radio de minha avoh) desde que, com menos idade do que eu tenho hoje, cantou "Bem Que Se Quis", MM se fez uma paixao autonoma somente na atual decada. Foi quando eu (re)descobri seus discos anteriores e sua historia pela minha propria otica e passei a amar enlouquecidamente sua voz e sua figura.
Em 6 anos de hiato, isso tudo arrefeceu.
Mas, assim como sempre aconteceu com, digamos, Chico Buarque (para soh ficar no exemplo musical), falou "Marisa Monte", falou comigo.
Amanha, enquanto eu estiver cruzando o Atlantico de Miami para Paris, Marisa Monte estarah colocando nas lojas dois novos discos. E, diferentemente do que ocorreu com "Memorias..." (cd e dvd), "Tribalistas" (cd e dvd) e com a reedicao de "MM", "Mais" e "Barulinho Bom" (em dvd), eu nao vou estar logo de manha nas lojas para ser o PRIMEIRO a compra-los.
E, sinceramente, devo admitir que o coracao doi apertadinho por causa disso.
Aos que eu sei que provavelmente adquirirao "Universo ao Meu Redor" e "Infinito Particular" ainda nas primeiras horas da manha (alo, Mariana Bastos, Thelma, Isabel, Marco Barreto!!!), fica minha pequena e sincera inveja.
Oucam como se fosse, naquele momento, o(s) disco(s) mais importante do mundo. E com o coracao acelerado.
Eh o que eu faria.
Eh parte tao grande da minha vida que estah na minha cabeca permanentemente. No corpo, ateh.
Orbita o universo ao meu redor e permeia meu infinito particular. Aparece em meus filmes, em todas as minhas (melhores) conversas, em minhas decisoes, pauta meu cotidiano.
E dentro do oceano artistico, algumas pessoas sao mais importantes do que outras, numa esfera afetiva propria. Sao nomes que, quando evocados, sentimos como se estivessem falando de nossa mae, nosso pai - alguem pessoal e intransferivel. Sao artistas que nos fundaram ou nos quais atamos fortes lacos emotivos, e que, assim, passam a ser "nossos". Falam deles, eh de nos que estao falando.
Marisa Monte desempenhou um papel crucial nos meus 17 anos, quando lancou "Memorias, Cronicas e Declaracoes de Amor". Onipresente na minha historia musical familiar (assim como Simone, vivia do radio de minha avoh) desde que, com menos idade do que eu tenho hoje, cantou "Bem Que Se Quis", MM se fez uma paixao autonoma somente na atual decada. Foi quando eu (re)descobri seus discos anteriores e sua historia pela minha propria otica e passei a amar enlouquecidamente sua voz e sua figura.
Em 6 anos de hiato, isso tudo arrefeceu.
Mas, assim como sempre aconteceu com, digamos, Chico Buarque (para soh ficar no exemplo musical), falou "Marisa Monte", falou comigo.
Amanha, enquanto eu estiver cruzando o Atlantico de Miami para Paris, Marisa Monte estarah colocando nas lojas dois novos discos. E, diferentemente do que ocorreu com "Memorias..." (cd e dvd), "Tribalistas" (cd e dvd) e com a reedicao de "MM", "Mais" e "Barulinho Bom" (em dvd), eu nao vou estar logo de manha nas lojas para ser o PRIMEIRO a compra-los.
E, sinceramente, devo admitir que o coracao doi apertadinho por causa disso.
Aos que eu sei que provavelmente adquirirao "Universo ao Meu Redor" e "Infinito Particular" ainda nas primeiras horas da manha (alo, Mariana Bastos, Thelma, Isabel, Marco Barreto!!!), fica minha pequena e sincera inveja.
Oucam como se fosse, naquele momento, o(s) disco(s) mais importante do mundo. E com o coracao acelerado.
Eh o que eu faria.
Miami - parte 4
Em Miami, venta um bocado.
E eu jah falei ingles melhor.
A segunda sessao de "Alice" foi muito boa. Bem melhor que a primeira. Em uma sala de multiplex, com som e projecao perfeitos, plateia com mais ou menos 80 pessoas. Nao eh muito, mas para a atencao geral que os curtas recebem aqui, ateh que eh bastante satisfatorio.
Enquanto rolavam os creditos, uma senhora atras de mim dizia: "it's a very pretty song!". (Alo, alo, Marco Dutra, Caetano Gotardo, Mariana Aydar!!!). Eu concordo.
No fim da projecao, uma mulher veio me comprimentar, dizendo que o filme era muito bonito. E um senhor brasileiro queria saber como andava o mercado cinematografico no Brasil. E foi isso.
Fomos, entao, para a festa de encerramento, que acontecia na Universidade que apoia o Festival. A festa era uma Carnival Party, comparavel a uma de nossas festas juninas. Sobravam barracas de jogos e brincadeiras e muita, muita comida atraente. Cachorro quente, pretzel, batatas fritas, espetinhos... E cerveja, claro. Tinha ateh algodao doce, minha gente! E eu sou capaz de vender a alma por um algodao doce. Mas quando eu finalmente provei, era horrivel, com gosto de tutti-frutti. Aff!
Conheci Sergio Machado, Fabiano Gullane e Rudi Lagemman, que venceu o premio da audiencia por seu filme "Anjos do Sol". Alice Braga, que estah aqui como protagonista de dois longas ("Cidade Baixa" e "Solo Dios Sabe") e apresentou a cerimonia de premiacao, acabou ganhando um premio especial, juntamente com Wagner Moura e Lazaro Ramos, pela atuacao em conjunto em "Cidade". Merecido, devo dizer.
No mais, Alice estava assediadissima, nos melhores moldes de uma rising star. Disse a ela que tiraria uma foto a seu lado antes que ela fosse estrela internacional e nao atendesse mais meus telefonemas. Ela me xingou, disse que precisamos trabalhar juntos e passou a noite se denominando minha manager e me puxando para fotos e apresentacoes.
A foto com ela eu tirei.
Antes de ir embora, finalmente conheci Nicolle Guillemet, a francesa que dirige o Festival. Ao dizerem pra ela que eu era o diretor de "Alice" ela juntou as maos, encolheu-se, soltou um "oh" ensaiadamente emocionado e disse a meu ouvido (jah que a musica era alta): "I love your short!". Eh, era verdade...
A musica estava a cargo de uma banda bastante animada. (Alo, alo, Adipe! Voce ouviu "Dancing Queen" na noite do seu aniversario?? Eu tambem!!!). Alice Braga, de novo ela, me disse: "Isso aqui eh uma festa de formatura do MAckenzie!". Sim, era como se fosse. Mas estava divertidissimo!
Hoje, ultimo dia em Miami, estou aqui escrevendo porque perdi a hora para uma sessao de fotos da qual a srta. Braga queria que eu fizesse parte e, agora, fiquei com preguica de ir procura-la na praia. Mas ainda ha filmes para ver e, dizem, uma Brazilian Party hoje a noite, logo apos a exibicao do documentario "Vinicius".
Talvez eu tenha esquecido algumas coisas, mas o essencial foi dito.
(Ah, meu colega curta-metragista espanhol, Eduardo Chapero-Jackson, figura singular, protagonizou, na vida real, no dia de ontem, uma historia inacreditavelmente cinematografica. Mas eh longa, e conto depois, nos proximos capitulos.)
Ateh jah.
E eu jah falei ingles melhor.
A segunda sessao de "Alice" foi muito boa. Bem melhor que a primeira. Em uma sala de multiplex, com som e projecao perfeitos, plateia com mais ou menos 80 pessoas. Nao eh muito, mas para a atencao geral que os curtas recebem aqui, ateh que eh bastante satisfatorio.
Enquanto rolavam os creditos, uma senhora atras de mim dizia: "it's a very pretty song!". (Alo, alo, Marco Dutra, Caetano Gotardo, Mariana Aydar!!!). Eu concordo.
No fim da projecao, uma mulher veio me comprimentar, dizendo que o filme era muito bonito. E um senhor brasileiro queria saber como andava o mercado cinematografico no Brasil. E foi isso.
Fomos, entao, para a festa de encerramento, que acontecia na Universidade que apoia o Festival. A festa era uma Carnival Party, comparavel a uma de nossas festas juninas. Sobravam barracas de jogos e brincadeiras e muita, muita comida atraente. Cachorro quente, pretzel, batatas fritas, espetinhos... E cerveja, claro. Tinha ateh algodao doce, minha gente! E eu sou capaz de vender a alma por um algodao doce. Mas quando eu finalmente provei, era horrivel, com gosto de tutti-frutti. Aff!
Conheci Sergio Machado, Fabiano Gullane e Rudi Lagemman, que venceu o premio da audiencia por seu filme "Anjos do Sol". Alice Braga, que estah aqui como protagonista de dois longas ("Cidade Baixa" e "Solo Dios Sabe") e apresentou a cerimonia de premiacao, acabou ganhando um premio especial, juntamente com Wagner Moura e Lazaro Ramos, pela atuacao em conjunto em "Cidade". Merecido, devo dizer.
No mais, Alice estava assediadissima, nos melhores moldes de uma rising star. Disse a ela que tiraria uma foto a seu lado antes que ela fosse estrela internacional e nao atendesse mais meus telefonemas. Ela me xingou, disse que precisamos trabalhar juntos e passou a noite se denominando minha manager e me puxando para fotos e apresentacoes.
A foto com ela eu tirei.
Antes de ir embora, finalmente conheci Nicolle Guillemet, a francesa que dirige o Festival. Ao dizerem pra ela que eu era o diretor de "Alice" ela juntou as maos, encolheu-se, soltou um "oh" ensaiadamente emocionado e disse a meu ouvido (jah que a musica era alta): "I love your short!". Eh, era verdade...
A musica estava a cargo de uma banda bastante animada. (Alo, alo, Adipe! Voce ouviu "Dancing Queen" na noite do seu aniversario?? Eu tambem!!!). Alice Braga, de novo ela, me disse: "Isso aqui eh uma festa de formatura do MAckenzie!". Sim, era como se fosse. Mas estava divertidissimo!
Hoje, ultimo dia em Miami, estou aqui escrevendo porque perdi a hora para uma sessao de fotos da qual a srta. Braga queria que eu fizesse parte e, agora, fiquei com preguica de ir procura-la na praia. Mas ainda ha filmes para ver e, dizem, uma Brazilian Party hoje a noite, logo apos a exibicao do documentario "Vinicius".
Talvez eu tenha esquecido algumas coisas, mas o essencial foi dito.
(Ah, meu colega curta-metragista espanhol, Eduardo Chapero-Jackson, figura singular, protagonizou, na vida real, no dia de ontem, uma historia inacreditavelmente cinematografica. Mas eh longa, e conto depois, nos proximos capitulos.)
Ateh jah.
11.3.06
Miami - parte 3
Coisas a se observar sobre (em) Miami Beach:
- O meu cracha de realizador tem, em letras garrafais, um FILMMAKER escrito. O de algumas pessoas na fila para as sessoes tem um FILM BUFF.
- Voce encontra uma pessoa no almoco, num dia. No dia seguinte, ela esta irreconhecivelmente vermelha, como se tivesse saido da guerra num deserto. O sol, aqui, eh forte.
- Conversa ouvida na rua (em ingles): "Ah, sim, o Festival eh muito bom. Exceto pela selecao dos filmes". Olhei pra tras e o cracha das duas pessoas conversando dizia: JURORS
- Na festa de anteontem a noite, aquela em homenagem a Bob Marley, a tantas um monte de homems passou carregando uma senhora em uma cadeira de rodas, fazendo barulho e tumulto. Parecia, naquele momento, que aquela senhora era alguem bastante importante. Era a mae de Bob Marley, carregada pelos irmaos do musico.
- Estou COMPLETAMENTE viciado em Raisinets.
- Todos os carros, em Miami Beach, sao conversiveis.
- Sabe todos os estereotipos que o cinema americano perpetua? Aqui, sao TODOS verdade. Voce anda em Miami Beach e soh ve pessoas para as quais ser rico, bonito, negro, musculoso, maquiado, bem vestido ou cafona nao eh o suficiente se isso nao for ostensivamente mostrado. Todas as mulheres parecem ter saido de "As Patricinhas de Beverly Hills", todos os carros tocam hip hop no ultimo, todos os homens tem muitos musculos ou muita "atitude". E sabe aquele filme "A Cor da Furia", com John Travolta, em que se pretende que ha uma dominacao racial invertida e que os brancos sao a minoria discriminada?? A noite, nas ruas de Miami Beach, eu, branco, me sinto nesse filme.
.
A sessao de "Alice", ontem, foi OK. Numa faculdade distante do centro do Festival, uma plateia minguada de 40 pessoas, ainda que bastante interessada.
O realizador espanhol Eduardo Jackson, do filme "Contracuerpo", selecionado para Veneza, eh uma otima pessoa. E o filme dele eh bom. O dele e outros dois eram claramente melhores que "Alice", que, alias, a meu ver, nao funciona com legendas.
Daqui a 40 min, outra sessao, desta vez num cinema melhor localizado. Acredito que serah mais proveitosa.
No mais, praia e almoco com Alice Braga, que hoje apresenta a cerimonia de premiacao, a qual se segue uma festa.
Por falar na praia... Bem, nao vamos falar sobre a praia. Basta dizer que Miami Beach eh a festa da aristocracia deslumbrada. Mas, indubitavelmente, tem sua graca.
- O meu cracha de realizador tem, em letras garrafais, um FILMMAKER escrito. O de algumas pessoas na fila para as sessoes tem um FILM BUFF.
- Voce encontra uma pessoa no almoco, num dia. No dia seguinte, ela esta irreconhecivelmente vermelha, como se tivesse saido da guerra num deserto. O sol, aqui, eh forte.
- Conversa ouvida na rua (em ingles): "Ah, sim, o Festival eh muito bom. Exceto pela selecao dos filmes". Olhei pra tras e o cracha das duas pessoas conversando dizia: JURORS
- Na festa de anteontem a noite, aquela em homenagem a Bob Marley, a tantas um monte de homems passou carregando uma senhora em uma cadeira de rodas, fazendo barulho e tumulto. Parecia, naquele momento, que aquela senhora era alguem bastante importante. Era a mae de Bob Marley, carregada pelos irmaos do musico.
- Estou COMPLETAMENTE viciado em Raisinets.
- Todos os carros, em Miami Beach, sao conversiveis.
- Sabe todos os estereotipos que o cinema americano perpetua? Aqui, sao TODOS verdade. Voce anda em Miami Beach e soh ve pessoas para as quais ser rico, bonito, negro, musculoso, maquiado, bem vestido ou cafona nao eh o suficiente se isso nao for ostensivamente mostrado. Todas as mulheres parecem ter saido de "As Patricinhas de Beverly Hills", todos os carros tocam hip hop no ultimo, todos os homens tem muitos musculos ou muita "atitude". E sabe aquele filme "A Cor da Furia", com John Travolta, em que se pretende que ha uma dominacao racial invertida e que os brancos sao a minoria discriminada?? A noite, nas ruas de Miami Beach, eu, branco, me sinto nesse filme.
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A sessao de "Alice", ontem, foi OK. Numa faculdade distante do centro do Festival, uma plateia minguada de 40 pessoas, ainda que bastante interessada.
O realizador espanhol Eduardo Jackson, do filme "Contracuerpo", selecionado para Veneza, eh uma otima pessoa. E o filme dele eh bom. O dele e outros dois eram claramente melhores que "Alice", que, alias, a meu ver, nao funciona com legendas.
Daqui a 40 min, outra sessao, desta vez num cinema melhor localizado. Acredito que serah mais proveitosa.
No mais, praia e almoco com Alice Braga, que hoje apresenta a cerimonia de premiacao, a qual se segue uma festa.
Por falar na praia... Bem, nao vamos falar sobre a praia. Basta dizer que Miami Beach eh a festa da aristocracia deslumbrada. Mas, indubitavelmente, tem sua graca.
(ainda sobre o guia - carta aberta a Rain Network)
Li, finalmente, tudo o que disseram na fatidica reportagem de capa do Guia da Folha de ontem. E Fabio Lima, da Rain, tadinho, fica la, se debatendo, tentando defender as merdas que faz.
Para ele, agora ha pouco, mandei a carta a seguir, que republico aqui:
Caro Fabio Lima,
Muito bonita suas respostas ao Guia da Folha, na materia causada pela carta que eu enviei para eles ha duas semanas atras.
Mas, meu caro, independente de quais sao as especificacoes tecnicas de seu equipamento, eh inutil voce tentar defender que a projecao digital, como apresentada nos cinemas paulistanos, eh 3 vezes melhor do que um DVD. Pergunte para alguem com cerebro. Ou sente voce mesmo em uma dessas projecoes. Eh a BOSTA do ano. Desconfigura, sim, a fotografia dos filmes, eh insuportavel, nao dah pra aguentar, nem aceitar. Torna muito melhor e mais proveitoso ficar em casa vendo DVD. E isso, como voce pode imaginar, acaba com a arte cinematografica.
Nada pessoal. Te desejo bastante sucesso empresarial e tudo o mais que voce quiser na vida. Mas nao defenda o indefensavel. E saiba que algumas pessoas ainda tem olhos e ainda sabem ver. Para essas, a projecao digital tem que melhorar MUITO para tornar-se remotamente aceitavel.
Sem mais,
Rafael Gomes
Para ele, agora ha pouco, mandei a carta a seguir, que republico aqui:
Caro Fabio Lima,
Muito bonita suas respostas ao Guia da Folha, na materia causada pela carta que eu enviei para eles ha duas semanas atras.
Mas, meu caro, independente de quais sao as especificacoes tecnicas de seu equipamento, eh inutil voce tentar defender que a projecao digital, como apresentada nos cinemas paulistanos, eh 3 vezes melhor do que um DVD. Pergunte para alguem com cerebro. Ou sente voce mesmo em uma dessas projecoes. Eh a BOSTA do ano. Desconfigura, sim, a fotografia dos filmes, eh insuportavel, nao dah pra aguentar, nem aceitar. Torna muito melhor e mais proveitoso ficar em casa vendo DVD. E isso, como voce pode imaginar, acaba com a arte cinematografica.
Nada pessoal. Te desejo bastante sucesso empresarial e tudo o mais que voce quiser na vida. Mas nao defenda o indefensavel. E saiba que algumas pessoas ainda tem olhos e ainda sabem ver. Para essas, a projecao digital tem que melhorar MUITO para tornar-se remotamente aceitavel.
Sem mais,
Rafael Gomes
10.3.06
(parenteses)
Muitos amigos (alo, Daniel!, alo, Ricardo!, alo, Bel, alo Thereza!!) fazem questao de avisar e agradecer pelo rebulico que eu aparentemente causei no Guia da Folha de hoje.
Adorei saber que isso aconteceu. MUITO!
Porque quem nao grita nao eh ouvido, nao eh mesmo, minha gente?
E quem nao se mexe dificilmente sai do lugar.
Quem nao leu, vai lah correndo. E vai sabendo, desde jah, que independente do que eles disseram (e eu nem sei bem o que foi, jah que nao consegui ler tudo com calma), a projecao digital eh, SIM, uma BOSTA! (pelo menos como apresentada nos cinemas paulistanos).
E aproveitem que o Guia agora vai apontar os cinemas com projecao digital para poder BOICOTA-LOS.
Adorei saber que isso aconteceu. MUITO!
Porque quem nao grita nao eh ouvido, nao eh mesmo, minha gente?
E quem nao se mexe dificilmente sai do lugar.
Quem nao leu, vai lah correndo. E vai sabendo, desde jah, que independente do que eles disseram (e eu nem sei bem o que foi, jah que nao consegui ler tudo com calma), a projecao digital eh, SIM, uma BOSTA! (pelo menos como apresentada nos cinemas paulistanos).
E aproveitem que o Guia agora vai apontar os cinemas com projecao digital para poder BOICOTA-LOS.
Miami - parte 2
Miami Beach estah na fina linha entre o cafona e o charmoso.
A Lincoln Av, via de pedestres cheia de lojas e restaurantes, ve-se muita gente bonita, muita diversidade etnica, muitos grupos de mulheres desacompanhadas, muitos gays, algumas pessoas bem vestidas, muitas sem roupa.
(Todos os restaurantes, sem excessao, dariam excelentes locacoes.)
Em questao de minutos, quase fui atropleado por duas cadeiras de roda que pareciam estar em uma maratona e quase me perdi em meio a uma banda de homens aparentemente jamaicanos, chamada "Refugees All Star" (que, mais tarde, estariam tocando na tal festa em homenagem a Bob Marley).
Isso tudo ainda ontem, quando fui ver dois filmes. A "Forsaken Landscape", camera d'or em Cannes, meu sono de uma noite nao dormida no aviao nao resistiu. Ao documentario brasileiro "O Outro Lado do Rio", sim. Gostei.
O cinema era iguarquenem o Kinoplex, em SP. Soh que tinha ventiladores de teto. (!!)
Dizem que os aposentados americanos vem morar na Florida. Vem mesmo, e vao ao cinema, ao que parece. Eram 70% da plateia, e todos pareciam se conhecer. Mais: debatem com contundencia o filme (com o diretor) ao final da sessao.
Nota: voce acha que a cadeira do Cine Bombril te empurra pra frente?? Eh porque voce nao provou essas daqui.
A festa da noite correu bem. As piscinas dos hoteis de Miami Beach devem concorrer pelo titulo de mais impressionante.
No dia de hoje, ate agora, encontrei a amiga Alice Braga (que se junta a Fabiano Gullane, Sergio Machado, Lucas Bambozzi e outros na caravana brasileira) e assisti a um delicado filme chamado "Sud Express".
No lugar da pizza de ontem, hj havia frango e legumes para o almoco.
Andando na rua, lembrei que a Banana Republic existia.
E "Alice" passa em uma hora. Vou pra lah.
Boa noite e boa sorte.
A Lincoln Av, via de pedestres cheia de lojas e restaurantes, ve-se muita gente bonita, muita diversidade etnica, muitos grupos de mulheres desacompanhadas, muitos gays, algumas pessoas bem vestidas, muitas sem roupa.
(Todos os restaurantes, sem excessao, dariam excelentes locacoes.)
Em questao de minutos, quase fui atropleado por duas cadeiras de roda que pareciam estar em uma maratona e quase me perdi em meio a uma banda de homens aparentemente jamaicanos, chamada "Refugees All Star" (que, mais tarde, estariam tocando na tal festa em homenagem a Bob Marley).
Isso tudo ainda ontem, quando fui ver dois filmes. A "Forsaken Landscape", camera d'or em Cannes, meu sono de uma noite nao dormida no aviao nao resistiu. Ao documentario brasileiro "O Outro Lado do Rio", sim. Gostei.
O cinema era iguarquenem o Kinoplex, em SP. Soh que tinha ventiladores de teto. (!!)
Dizem que os aposentados americanos vem morar na Florida. Vem mesmo, e vao ao cinema, ao que parece. Eram 70% da plateia, e todos pareciam se conhecer. Mais: debatem com contundencia o filme (com o diretor) ao final da sessao.
Nota: voce acha que a cadeira do Cine Bombril te empurra pra frente?? Eh porque voce nao provou essas daqui.
A festa da noite correu bem. As piscinas dos hoteis de Miami Beach devem concorrer pelo titulo de mais impressionante.
No dia de hoje, ate agora, encontrei a amiga Alice Braga (que se junta a Fabiano Gullane, Sergio Machado, Lucas Bambozzi e outros na caravana brasileira) e assisti a um delicado filme chamado "Sud Express".
No lugar da pizza de ontem, hj havia frango e legumes para o almoco.
Andando na rua, lembrei que a Banana Republic existia.
E "Alice" passa em uma hora. Vou pra lah.
Boa noite e boa sorte.
9.3.06
Florida!!
(escrevo de um teclado onde nao consigo por acentos. leitores, esforcem-se na compreensao)
Do aviao, a lua na altura dos olhos. Ouvindo Wilco no iPod. Nao eh admiravel o mundo novo?
Em Miami, o taxista, um negro robusto, escuta uma radio onde um locutor, em tom inflamado, como que discursando para uma larga audiencia, brada: "This is the moment for black people! I don't know why, but that's it. The question is: can we turn this moment into momentum, and momentum into a movement?"
No saguao do hotel, acumulavam-se cerca de 70 pessoas, com muitas e grandes malas, todas tagarelando em espanhol.
No primeiro passo que dei na rua, um sujeito comecou a falar (acredito que para mim, ja que nao havia absolutamente mais ninguem): "Abajo Fidel!! No mas!! Cuba no quer Fidel!! Abajo Fidel!!"
Eh, minha gente, "Crash" eh aqui. E viva o Oscar!
Chego, entao, a Miami Beach, onde esta o hotel sede do Festival. Eles parecem felizes em me ver, ha muitos brasileiros, inclusive no staff. Me despejam nas maos uma sacola com tudo que se possa imaginar, entre informativos, camisetas, bones, catalogos, chocolates, garrafas da agua...
Me levam ao deck, onde ha uma mesa com Pepsi e Pepsi Light a vontade, a qualquer hora, muito bem auxiliadas por baldes de gelo. Ha pizzas, constantemente renovadas (e sao 5 da tarde!!), e ha de-li-ci-o-sos cookies. Comi dois. (Com o gentil oferecimento de nossos patrocinadores.)
Ha tambem cafes de muitos tipos. Starbucks, claro.
Anexada a minha credencial, que eles chamam de "badget" (sim, distintivo!), ha a agenda da semana. Hoje, uma festa em homenagem a Bob Marley (!!). Amanha, uma festa de drinks. Sabado, almoco a bordo de um cruzeiro e festa de encerramento a noite. Para entrar?? So apresentar meu "badget".
Alguns festivais, pessoas, sao feitos de fato PARA os "filmmakers".
Ah, mencionei que diariamente servem um cafe da manha (para os realizadores)?
Ah, e esse deck, onde tem pizza e refrigerante e cookie e cafe e, pelo que dizem, cafe-da-manha, esta a beira de uma piscina de 50 metros. Nao, nao eh figura de expressao! A piscina tem 50 metros de extensao!! E no fim dela, espreguicadeiras e redes estendidas em palmeiras. Tudo isso de frente para o mar, logo aqui, em South Beach.
E, nao, eu nao estou hospedado nesse hotel. Estou em Downtown Miami, a meia hora de um onibus com ar-condicionado BEM gelado, pela bagatela de U$1,50. Os quais, me disse a loira e simpatica Jenny, se eu pedir recibo me reembolsam.
Enfim, acho que eh esse o dia, por hora. Sao quase 6 da tarde e ainda vou assistir a dois filmes e comparecer, evidentemente, a Filmmaker's Party (Bob Marley Reggae Party), que esta aqui, a uma walking distance do Hotel-sede.
E, pra ficar melhor, dizem que a diretora do Festival "ama" (nao sao palavras minhas, atencao) "Alice". Sera?
Boa noite e boa sorte.
Do aviao, a lua na altura dos olhos. Ouvindo Wilco no iPod. Nao eh admiravel o mundo novo?
Em Miami, o taxista, um negro robusto, escuta uma radio onde um locutor, em tom inflamado, como que discursando para uma larga audiencia, brada: "This is the moment for black people! I don't know why, but that's it. The question is: can we turn this moment into momentum, and momentum into a movement?"
No saguao do hotel, acumulavam-se cerca de 70 pessoas, com muitas e grandes malas, todas tagarelando em espanhol.
No primeiro passo que dei na rua, um sujeito comecou a falar (acredito que para mim, ja que nao havia absolutamente mais ninguem): "Abajo Fidel!! No mas!! Cuba no quer Fidel!! Abajo Fidel!!"
Eh, minha gente, "Crash" eh aqui. E viva o Oscar!
Chego, entao, a Miami Beach, onde esta o hotel sede do Festival. Eles parecem felizes em me ver, ha muitos brasileiros, inclusive no staff. Me despejam nas maos uma sacola com tudo que se possa imaginar, entre informativos, camisetas, bones, catalogos, chocolates, garrafas da agua...
Me levam ao deck, onde ha uma mesa com Pepsi e Pepsi Light a vontade, a qualquer hora, muito bem auxiliadas por baldes de gelo. Ha pizzas, constantemente renovadas (e sao 5 da tarde!!), e ha de-li-ci-o-sos cookies. Comi dois. (Com o gentil oferecimento de nossos patrocinadores.)
Ha tambem cafes de muitos tipos. Starbucks, claro.
Anexada a minha credencial, que eles chamam de "badget" (sim, distintivo!), ha a agenda da semana. Hoje, uma festa em homenagem a Bob Marley (!!). Amanha, uma festa de drinks. Sabado, almoco a bordo de um cruzeiro e festa de encerramento a noite. Para entrar?? So apresentar meu "badget".
Alguns festivais, pessoas, sao feitos de fato PARA os "filmmakers".
Ah, mencionei que diariamente servem um cafe da manha (para os realizadores)?
Ah, e esse deck, onde tem pizza e refrigerante e cookie e cafe e, pelo que dizem, cafe-da-manha, esta a beira de uma piscina de 50 metros. Nao, nao eh figura de expressao! A piscina tem 50 metros de extensao!! E no fim dela, espreguicadeiras e redes estendidas em palmeiras. Tudo isso de frente para o mar, logo aqui, em South Beach.
E, nao, eu nao estou hospedado nesse hotel. Estou em Downtown Miami, a meia hora de um onibus com ar-condicionado BEM gelado, pela bagatela de U$1,50. Os quais, me disse a loira e simpatica Jenny, se eu pedir recibo me reembolsam.
Enfim, acho que eh esse o dia, por hora. Sao quase 6 da tarde e ainda vou assistir a dois filmes e comparecer, evidentemente, a Filmmaker's Party (Bob Marley Reggae Party), que esta aqui, a uma walking distance do Hotel-sede.
E, pra ficar melhor, dizem que a diretora do Festival "ama" (nao sao palavras minhas, atencao) "Alice". Sera?
Boa noite e boa sorte.
7.3.06
idas, vindas, choques culturais
Esse blog faz saber que, a partir de amanhã, estará em turnê internacional, visitando Miami e, em seguidinha, Toulouse.
Ou seja, é choque cultural na certa.
E isso, naturalmente, significa que os textos entram em breve quarentena.
Havendo possibilidade, haverá um pequeno diário (aberto) da viagem de R. (e de A.)
Queridos dois ou três leitores (alô, Marco Dutra!, alô, Paula Manzo!, alô Caetano!), não desanimem. Em breve, cenas dos próximos capítulos.
Ou seja, é choque cultural na certa.
E isso, naturalmente, significa que os textos entram em breve quarentena.
Havendo possibilidade, haverá um pequeno diário (aberto) da viagem de R. (e de A.)
Queridos dois ou três leitores (alô, Marco Dutra!, alô, Paula Manzo!, alô Caetano!), não desanimem. Em breve, cenas dos próximos capítulos.
6.3.06
rápidas
Sobre um OSCAR repleto de obviedades, uma nota rápida:
"Crash" era o menos bom dos filmes em competição.
"Crash" era o menos bom dos filmes em competição.
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