16.3.06

Paris - parte 2

Soh para situar os 4 ou 5 leitores desse blog (em tempos de viagem os habituais 2 ou 3 leitores viram 4 ou 5...) que possam estar um pouco perdidos temporalmente: a visita ao Louvre se deu na quarta-feira, dia 15/03.

Vamos, entao, a quinta-feira, 16/03:


Paris amanhece cinza e, logo, mais fria.

Uma caminhada por St Germain de Pres, ao som de Fiona Apple, fica quase duas vezes mais interessante (alo, M.D! como diriam os americanos, I can't thank you enough!)

Jardim de Luxemburgo, Igrejas de St. Sulpice e de St. Germain - nao conhecia nenhum dos tres.

Museu Rodin, para rever. De fato extremamente agradavel, com aquele jardim de esculturas rodeando a bela casa. Mas o frio castiga.

Nao eh interessante pensar o que pode haver na Porta do Inferno?? Dante pensou e Rodin esculpiu.

(Dah pra acreditar que AGORA, no exato momento em que teclo essas palavras, o radio do cyber cafe comecou a tocar Voyage, Voyage??!! Alo, todo mundo! Meu deus, porque essa musica nao estah no meu ipod??)

Ligo para meu pai e, acredite!, fico preso dentro da cabine telefonica. Um frances simpatico me resgata, rindo, evidentemente.


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Voce sabia que Paul CEZANNE e Camille PISSARRO tiveram uma convivencia artistica de quase 20 anos, que se reflete de forma surpreendente na obra de ambos? Nem eu. Mas o Museu D'Orsay presenteia o publico com a exposicao Cezanne et Pissarro, onde evidencia, colocando lado a lado, obras dessa fase dos artistas.

Eles pintaram temas muito semelhantes, quando nao exatamente iguais - cada um a sua maneira, eh claro. Da temporada que passaram juntos na cidade de Pontoise, dezenas de paisagens semelhantes, por exemplo.

Nao sabendo nada de teoria aristica, dah pra dizer que as pinceladas de Cezanne sao mais geomertricas, apesar da constante ausencia de contornos nos tracos. Ha maior liberdade cromatica, tons mais vibrantes. Pissarro usa cores mais suaves, suas formas aparecem mais difundidas, seu "impressionismo" eh mais evidente - ha uma meticulosidade nos pequenos tracos, dando a ilusao perfeita do "borrao".

Uma paisagem de Pissarro, por exemplo, aparece como fundo de um retrato que ele pintou de Cezanne. A mesma paisagem aparece tambem ao fundo de uma natureza morta pintada por Cezanne. E voce ve os tres quadros, lado a lado. C'est la France!

As obras estao sempre em duplas ou trios, um de cada artista. Depois da terceira sala, eh irresistivel nao ler as legendas e tentar adivinhar qual eh de quem. Dah pra acertar a maioria (mas, em alguns casos, se trocassem as legendas, quero ver quem ia contestar).

Ao fim e ao cabo, quer saber quem me impressiona mais?

Cezanne.


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O D'Orsay eh um museu inigualavel. Seu vao central, alem de belo, eh convidativo e democratico. Voce ve aquele espaco e tem vontade de mergulhar na colecao exposta.

Eh MONET, RENOIR, DEGAS, VAN GOGH, CEZANNE para uma vida inteira, que dirah para uma tarde. Arrombam a retina de quem ve (talvez devessem ser vistos 1 por dia, para lembrar o quanto pode haver de desbunde no mundo).

"O Quarto do Artista", de Van Gogh, e as 4 telas que retratam a Catedral de Rouen em diferentes luzes ao longo do dia, de Monet, continuam embasbacantes.

Um vao na parede da sala dedicada a BONNARD me faz saber que estah havendo a exposicao Pierre Bonnard no Museu de Arte Moderna de Paris. Vou amanha.

D'Orsay e Louvre - um rio separa algumas das coisas mais espetaculares jah feitas por maos humanas.


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As galerias sao cheias e os grupos parados em frente aos quadros, com guias falando sem parar e poluindo sonoramente o ambiente, incomoda. Dai voce ve alguns japoneses, meio juntos, meio separados. Alguns olham para um unico quadro, outros passeiam a esmo. Todos parecem estar prestando atencao em algo. Junto a eles, o que parece ser um guia dah o que parece ser uma explicacao. Mas tao baixinho, meu deus!! E entao voce percebe: o guia esta com um microfone de lapela e o grupo inteiro utiliza fones de ouvido para escuta-lo, sem barulho, sem tumulto. Ah, como sao civilizados esses orientais (alo, Tatiana Fujimori!!)


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Rigoletto em ultima apresentacao na Opera Bastille. Ingressos esgotados.


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A Pomme de Pain eh uma rede de fast-food-baguete. Eles tem uma especie de brownie que chamam de fondant au chocolat. Agradeco aos deuses da boa forma por nao existir desses no Brasil.


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E, em Paris, o dia acaba com uma pergunta importante:

Como eh que se aquece um nariz??

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