13.3.06

miami - parte final

Larguei os Raisinets. Estava na base de quase duas caixas por dia.


Ontem assisti a um bom filme dinamarques, chamado "Accused" e revi "Cidade Baixa". Ficou melhor na segunda vez. Me fez pensar coisas, sentir outras. Um tanto perturbador, eu diria. E a cena final continua sendo fantastica.



Em Festivais internacionais, o que todo mundo quer saber, aparentemente, eh quando voce vai fazer seu filme "de verdade". So, are you planning on doing a feature soon?, perguntam. Cade o seu longa? Tem roteiro? Tem projeto?

Quase, minha gente, quase.

Nicolle Guillemet, a diretora do Festival, ontem me abordou assim. Quer saber do longa. Elogiou "Alice" de novo, o sentimento, os personagens, a maneira de retrata-los. Disse novamente que eh beautiful. Eu disse a ela que, assim que tiver um longa, deixo-a saber.



Lembra da historia de Eduardo Chapero-Jackson, aquela que eu nao contei? Entao...

Eduardo eh filho de pai espanhol e mae americana. Mora em Madrid (alo, Mariana Valente!). Formou-se em NY e passou alguns anos trabalhando numa grande produtora espanhola, a qual agora me foge o nome. Trabalhou com Julio Medem e Alejandro Amenabar. Produziu, entre outros, "Os Outros" e "Mar Adentro", ambos de Amenabar.

Eduardo dirigiu seu primeiro curta este ano, chamado "Contracuerpo". Conseguiu coloca-lo no Festival de Veneza. O filme eh realmente muito bom.

Ateh a ultima hora, Eduardo nao sabia se vinha ou nao ao Festival de Miami. Resolveu vir 3 dias antes, com o proposito de tambem visitar o avo, que vive na Florida. Foi o que me disse no dia em que nos conhecemos.

Ele nao via o avo havia 4 anos e, segundo me disse anteontem, provavelmente seria a ultima vez que o veria, jah que ele estava "mal".

Eduardo exibiria na comunidade do avo, na qual ele eh um homem influente, o filme "Mar Adentro", jah que o avo tinha muito orgulho do neto trabalhando no ramo cinematografico em filmes tao importantes.

Na tarde de anteontem, Eduardo, timido e simpatico, me disse que precisava ligar para o avo. Ligou, na minha frente. Disse que era uma hora complicada, pois era a hora do jantar e provavelmente nao haveria resposta. Nao houve. Deixou um recado na secretaria eletronica.

10 minutos depois, ao entrarmos na sala de projecao para a sessao de nossos curtas, Eduardo senta-se a meu lado completamente em choque. A mae acabara de lhe telefonar dizendo que o avo havia morrido.

Em "Mar Adentro", o personagem principal, que luta pela eutanasia apos ter ficado paralitico, diz que nunca deveriam te-lo tirado da agua, que era onde ele deveria ter morrido.

O avo de Eduardo morreu na agua, aos 84 anos.

Contando agora, a historia quase ficou banal. Mas tendo acompanhado o passo-a-passo, afirmo que foi bastante impressionante.

Eduardo vai, mesmo assim, a comunidade do avo exibir "Mar Adentro".

Nao o vi chorar. Mas se disse muito bravo porque o avo nao o deixou ve-lo pela ultima vez.



Em questao de horas, deixo o calor de downtown Miami (meu deus, eles estao reconstruindo o centro!! contei 14 guindastes soh de olhar em volta. Berlim, agora, eh aqui.) para o frio de Paris.

Quem quer ficar escrevendo em blogs estando em Paris??? Eu nao. Mas o farei, assim que possivel.


(Ao publico fiel, vale pedir desculpas uma vez mais pela falta de acentos.)

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