22.3.06

Toulouse - parte 3

O frio me desencoraja a acordar cedo - o que eu pretendo mudar daqui pra frente.

Tomo café da manha com Helene, a pessoa que me hospeda, e conversamos sobre o cinema do mundo.

Vou a Cinemateca jah na hora do almoco.

A tarde, o filme é Derecho de Familia, de Daniel Burman, da Argentina.

Nao é de hoje que gosto muito dos filmes de Burman. Esperando o Messias era um pequeno enorme filme e O Abraço Partido, apesar de alguns pequenos pesares, era também muito bom.

Em Derecho, ele continua fazendo o que faz melhor - uma apuradissima observacao do cotidiano, dos pequenos atos, dos sentimentos essenciais com os quais lidamos diariamente, sempre com um olhar dos mais ternos e apto a captar toda a comicidade presente nas situacoes mais banais e verdadeiras.

Nesse novo filme, a figura do pai é novamente o centro, como ja o era em Abraço, soh que sob outra perspectiva. Daniel Hendler, ator habitual de Burman, mais uma vez apresenta uma performance irrepreensivel, como um filho que aprende q ser pai e, assim, reaprende a ser filho.

A dramaturgia estah tinindo, os sentimentos sao os mais honestos e a linguagem é precisa e economica - resolve-se cenas inteiras com apenas um plano muito bem feito.

Riso e choro, num cinema arejadamente classico. Enfim, excelente!


O jantar, suas garrafas abundantes de vinho e todas as 103 novas amizades feitas sentado ali mesmo na mesa me fizeram dar o cano na sessao de Incuraveis, do colega Gustavo Accioli.

Mas me levaram, nas horas posteriores, a aprofundar ainda mais a mistura de frances, espanhol, portugues e ingles que eu venho falando, tudo ao mesmo tempo, quiçah na mesma frase.

E houve muita risada, salsa dançada como se fosse forroh, opera cantada em italiano (sim, por mim), tombo de bicicleta na madrugada fria e molhada de Toulouse e convite para dezenas de pessoas virem a Sao Paulo - e ficarem na minha casa, claro!

Estas borracho, me dizia a italiana Francesca, depois de me apelidar de Dr Kekyl e Mr Hyde - de dia quietinho e timido, de noite se transforma em uma outra pessoa, e que fala muito alto.

Culpa do vinho, respondo.

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